Startup ajuda a otimizar correção de provas
Plataforma Pod corrige avaliações objetivas e facilita correção de testes discursivos, além de criar relatórios pedagógicos
por Vagner de Alencar 28 de março de 2013
Não basta planejar aulas ou fazer relatórios. É preciso – a cada fim de bimestre ou semestre – corrigir as dezenas de provas de seus alunos. Quantos professores já não sonharam, como em um passe de mágica, terem suas avaliações corrigidas? Essa é a solução que a startup Pod (Plataforma Otimizadora de Correção de Provas) entrega aos professores. Criada há um ano por jovens engenheiros da Poli/USP, ela já vem sendo usada como projeto piloto em quatro instituições – de ensino médio e superior – em São Paulo. A plataforma ajuda a otimizar o trabalho dos docentes ao corrigir automaticamente provas objetivas e facilitar a correção de avaliações discursivas, além de criar relatórios e gráficos que podem contribuir para estratégias pedagógicas das instituições. Ainda em fase embrionária, a ideia é que, em um futuro breve, a startup consiga realizar procedimentos de avaliação mais complexos, como corrigir uma prova de filosofia por meio de sistemas de inteligência artificial, que permitirá, além de ler o contexto de um texto digitalizado, ser capaz, inclusive, de avaliá-los virtualmente. Já imaginou?
“A maioria das provas não é feita para os alunos, mas para os professores, que criam testes de múltipla escolha por conta da falta de tempo para corrigi-los. Muitos deles adorariam fazer avaliações dissertativas, para identificar realmente o aprendizado do aluno”, afirma o engenheiro Miguel Chaves, cofundador da Pod, que é também uma das oito selecionadas dentre mais de 70 inscritos para fazer um pitch e apresentar seus negócios durante a sessão Debate entre Empreendedores, Investidores e Especialistas no Transformar 2013 (veja a lista das vencedoras). O evento, realizado pelo Inspirare e Porvir, em parceria com a Fundação Lemann, acontece no dia 4 de abril em São Paulo, e pretende oferecer novas referências e apoiar a sociedade brasileira a continuar avançando no esforço de trazer a educação do país para o século 21.
Na prática, assim que os professores aplicam suas provas, um representante da startup é avisado. Ao chegar na instituição, por meio de um escâner, ele digitaliza as provas – cerca de 30 a 40 folhas por minuto – , abrigando-as, em seguida, na plataforma. Lá, as avaliações objetivas são corrigidas automaticamente – em até 24 horas –, enquanto as discursivas ficam à disposição dos docentes, que podem corrigi-las a partir de qualquer dispositivo conectado à internet.
Além disso, quando as provas são multidisciplinares, os professores de cada disciplina ou de uma questão específica são comunicados, podendo corrigi-las simultaneamente. “Essa solução contribui principalmente para automatizar trabalhos repetitivos, ajudando os professores a reverter o tempo que é gasto corrigindo provas em outras atividades, como no acompanhamento mais próximo de seus alunos”, afirma. Atualmente, o serviço, que é pago, vem sendo realizado por meio de contratos semestrais com as instituições.
Outro diferencial da plataforma é a geração de relatórios, que podem, inclusive, ser enviados diretamente à escola ou aos pais dos alunos. A partir dos resultados das provas, por exemplo, é possível comparar a evolução de cada aluno ou das turmas nos diferentes bimestres do ano letivo. Em outro caso, as escolas podem também equiparar as notas dos estudantes com a média do Enem.
De acordo com Chaves, a ideia é que a startup se torne uma empresa especializada em qualquer tipo de teste, além de contribuir para a massificação dessas ferramentas de avaliação – como acontece em grandes vestibulares, como Enem e Fuvest. “A Pod pretende acompanhar a evolução dos processos. No futuro, nosso sonho é corrigir automaticamente provas subjetivas, como uma uma redação de filosofia, por exemplo”, diz ele, que desenvolve a startup ao lado dos amigos engenheiros Erik Miguel de Elias, Fábio Gusukuma e Diogo Dutra.
Inteligência artificial
Um dos grandes desafios do grupo é colocar em prática esse método de correção discursiva que analisa texto e contexto. Segundo Chaves, essas ferramentas são necessárias “para o futuro flexível e evolutivo da educação”. “Daqui a três anos será possível implementar a inteligência artificial, permitindo que as provas digitalizadas possam ser lidas e, inclusive, avaliadas pela próprio sistema virtual”, diz Chaves, que há seis anos organiza o International Development Design Summit , ONG internacional focada no desenvolvimento de tecnologias sociais inovadoras por meio de processos criativos, criada pelo MIT.
“É o mesmo que já vem acontecendo atualmente com robôs, que conseguem identificar nas redes sociais o que estão falando na internet a respeito da marca de uma determinada empresa”, explica Chaves. No entanto, pondera ele: “a ferramenta deve servir como apoio para a automatição do trabalho dos professores, já que apenas os educadores podem avaliar outros aspectos como engajamento, trabalho em equipe”.