Tendências para as universidades na AL
Novo relatório do NMC aponta 12 tecnologias emergentes a se tornarem comuns nos próximos 5 anos
por Patrícia Gomes 30 de outubro de 2013
Laboratórios remotos, internet das coisas e aprendizado mecânico. Se hoje esse tipo de ferramenta parece ainda algo muito distante das salas de aula, um grupo de especialistas garante: num prazo de quatro a cinco anos elas serão amplamente utilizadas nas universidades da América Latina. O mais novo relatório do NMC (New Media Consortium), dedicado a estudar o ensino superior latino-americano e publicado neste mês, prevê as 12 tecnologias emergentes que serão comuns no ensino superior em três prazos distintos – menos que um ano, de dois a três anos, e de quatro a cinco anos. Além disso, aponta também os 10 grandes tendência na educação e os desafios que esses movimentos ainda tendem a enfrentar (veja infográfico abaixo e a íntegra em inglês e em espanhol).
O NMC produz relatórios sobre tendências na educação específicas quase que mensalmente. Em cada estudo, o grupo reúne especialistas em um grande tema, que passam meses coletando pesquisas, artigos científicos, notícias, publicações em blogs e projetos para tentar antever mudanças nos processos educativos. No caso do relatório das universidades latino-americanas, 44 especialistas, dentre os quais três brasileiros, trabalharam na pesquisa entre os meses de maio e junho.
“Esse relatório destaca as principais tecnologias emergentes que educadores, gestores e tomadores de decisão precisam levar em consideração como um caminho para enriquecer o ensino e o aprendizado na educação superior da América Latina”, diz José María Antón, um dos principais pesquisadores do projeto, que foi feito em parceria com o Virtual Educa, instituição latino-americana voltada a estimular práticas inovadoras na educação, e o Csev (Centro Superior para la Enseñanza Virtual), uma organização que promove o ensino superior on-line em países ibéricos.
No que diz respeito às tecnologias, em um intervalo de no máximo um ano, os especialistas esperam ver abundantemente nas universidades os ambientes colaborativos, aprendizado on-line, conteúdo aberto e o uso de mídias sociais. Entre dois e três anos, a expectativa é para realidade aumentada, ferramentas analíticas, aprendizado móvel e o personalizado. Para quatro ou cinco anos, apontaram as impressoras 3D, os laboratórios virtuais e remotos e a inteligência das coisas.
Comparando-se com as perspectivas que o NMC já havia traçado para universidades no mundo e o estudo apresentado no ano passado que analisava os países ibéricos (que também incluiam os portugueses e espanhóis), há convergência na importância dada à aprendizagem móvel, que aparece forte e urgente nos três estudos. Os Moocs também marcam presença nos documentos e o site brasileiro Veduca é uma das experiências citadas como prova de que o movimento é crescente na região. “Agora mais do que antes, existe uma ênfase clara e crescente no ensino on-line e em um acesso mais pervasivo em oportunidades por toda a região”, afirmam os autores.
Novidade do relatório da América Latina, porém, é a aprendizagem mecânica, chamada de “learning machine” em inglês. O termo designa a capacidade que computadores têm de agir e reagir sem terem sido programados especificamente para tal. Na aprendizagem mecânica, os desenvolvedores conseguem fazer com que sistemas não apenas reconheçam, recuperem e interpretem informações, mas também aprendam com elas. “Pela primeira vez em um relatório do NMC aparece a aprendizagem mecânica. A habilidade que a tecnologia tem de possibilitar uma interação mais autêntica entre máquinas e indivíduos representa uma grande promessa para a educação”, também registra o relatório.
Todas essas tecnologias, afirmam os pesquisadores, são possibilitadas devido a grandes tendências que se observam no campo da educação e fora dele. Confira, a seguir, as 12 tecnologias e as 10 tendências previstas pelos especialistas.