Trabalhar demais pode afetar funcionamento cerebral
Pesquisa avaliou a correlação entre jornadas de trabalho excessivas e a capacidade cognitiva dos funcionários
por Vagner de Alencar 23 de abril de 2012
Um estudo finlandês, divulgado pela publicação científica American Journal of Epidemiology, mostra que trabalhar demais pode prejudicar o funcionamento cerebral, causar problemas de memória, comprometer o sono, além de trazer danos aos sistemas imunológico, cardiovascular e digestivo.
A pesquisa finlandesa avaliou a correlação entre jornadas de trabalho e as funções cognitivas em uma amostragem de 2.214 trabalhadores de meia idade. Os participantes foram divididos em dois grupos: o primeiro reunia os que trabalhavam 40 horas e o segundo, os que ficavam 55 horas na ativa.
Todos foram submetidos a diferentes testes de linguagem, raciocínio e memória. Os resultados mostram que aqueles que trabalhavam mais de 55 horas semanais apresentavam piores resultados, com baixo rendimento mental. Em contrapartida, aqueles que tinham uma carga horária inferior estavam propensos a trabalhar melhor e com maior capacidade cognitiva.
Na Europa, a maioria dos países têm jornadas oficiais de trabalho de 40 horas semanais. Na Bélgica a carga é de 36 a 38 horas. Na Inglaterra e em Portugal, entre 36 e 40 horas; já na França, o tempo cai para de 35 horas. No Brasil, a maioria da população trabalha, em média, entre 40 horas e 44 horas semanais, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Conforme o estudo, longas jornadas de trabalho são comuns em todo o mundo. Na União Européia, entre 12% e 17% dos trabalhadores normalmente fazem hora extra.
Habilidades linguísticas
Um segundo estudo recente realizado pelo pesquisador belga Nicolas Dumay, do Centro Basque sobre Cognição, Cérebro e Linguagem em São Sebastião, na Espanha, reforça a importância do sono levantada pelos finlandeses. Os espanhóis tentaram aprofundar seus conhecimentos relacionados às funções que o cérebro desenvolve enquanto dormimos.
A conclusão da pesquisa, publicada na revista científica Cognition, especializada no estudo do cérebro, é que durante as horas de sono o cérebro revisa as palavras aprendidas naquele dia, melhora as habilidades linguísticas e fixa o vocabulário.