‘Usar tecnologia prepara melhor novos professores’
No Diário de Inovações, docente fala sobre o uso de tecnologia na formação de educadores em cursos de pós-graduação
por Adriana Gandin 12 de novembro de 2014
A experiência que julgo significativa para relatar aqui no Diário de Inovações é referente a minha docência nos cursos de Pós-Graduação de Educação do Centro Universitário Ritter dos Reis, em Porto Alegre, nas disciplinas de “Planejamento e Avaliação Institucional e da Aprendizagem” e “Tecnologias da informação e da comunicação em educação”. Além de docente, trabalho na formação de professores para a inserção de tecnologias digitais na sala de aula em um programa, personalizado a cada instituição de ensino, desenvolvido e implementado pela empresa EADes envolvimento humano – Tecnologia de Professor para Professor.
Trazer a tecnologia para dentro da sala de aula não é uma tarefa simples. Administrar várias pessoas com computadores, tablets e smartphones em uma sala de aula requer um planejamento minucioso e combinado muito claros. Trata-se de romper com uma lógica de que o professor “sabe tudo” e “que fala o tempo todo” e, no lugar, construir outro modelo onde há busca conjunta entre professores e alunos, construção coletiva e compartilhamento.
Trabalho em disciplinas de pós-graduação com alunos que, em sua grande maioria, são professores que estão ali no papel de alunos e precisam ter uma experiência positiva para que possam se encorajar a coordenar projetos e a utilizar os recursos tecnológicos em seu dia a dia e na sua posterior prática docente.
Ao longo do tempo de trabalho como docente da educação superior e assessora pedagógica, comecei a perceber que vários professores não se sentem a vontade com o mundo tecnológico que se apresenta. Percebo que é difícil, para alguns professores, aprender os recursos e as novas possibilidades de interação. Na educação, e principalmente na educação superior, encontrava muitos professores que não utilizam ferramentas tecnológicas por falta de conhecimento ou por achar que seria difícil aprender. Sempre acredito que de uma maneira simples é possível preparar professores (e outros profissionais) para estar mais próximos de seus colegas de profissão e de seus alunos.
Sempre acreditei que não é somente com discursos, leituras e aulas expositivas que aprendemos. Portanto, resolvi construir o meu planejamento e as aulas do curso de pós-graduação, como oficinas e projetos, agregando muitas atividades práticas e vivências, utilizando diferentes ferramentas da web, sites e aplicativos para empoderar meus alunos e fazê-los conhecedores de recursos tecnológicos para seu próprio uso e para o trabalho docente que desempenham.
A experiência de utilização das ferramentas tecnológicas, com atividades vivenciais e práticas, capacita mais facilmente e efetivamente os professores em formação. Não trabalho somente com as ferramentas tecnológicas que serão usadas em sala de aula, mas também com apps e sites que todas as pessoas podem utilizar em seu computador, tablet ou smartphone, para comunicar, estudar, armazenar, compartilhar e agilizar o seu trabalho do dia a dia.
Percebi que os meus alunos, que em sua maioria são professores em formação, após a participação na disciplina que ministro, estão mais seguros e animados e sentem-se aptos a fazer suas próprias buscas de novas ferramentas tecnológicas que não param de aparecer e se aperfeiçoar. Estão mais encorajados para sustentar um projeto, utilizando os apps e sites experimentados em sala de aula.
Abaixo, dois depoimentos de alunos:
“A minha percepção em relação à disciplina, foi uma mudança de paradigma, pois me tornei uma aluna conectada. Acredito que a contribuição da tecnologia para educação tem sido um grande avanço, em termos culturais, pois propicia ao ensinante e ao aprendente, um novo pensar e agir na educação. A tecnologia trouxe para as escolas a democratização do aprendizado, sendo que todos tem acesso permanente a qualquer conhecimento. A tecnologia está propiciando aos educandos uma interação, troca de informações, gerando uma cooperação no momento em que se compartilha o conhecimento. Penso que dessa forma estamos oportunizando aos alunos também um conhecimento social.” – Tatiane
“Acredito que após as aulas da professora Adriana Gandin, o que fica para o grupo é uma inquietação em nosso olhar pedagógico, em, como ver nossas formas didáticas; pensando em novos recursos e metodologias ao ensinar os educandos. Aprendemos sobre uma educação para geração “y”, ou seja, uma educação onde valoriza e utiliza a inclusão da tecnologia dentro da sala de aula. Durante as aulas ministradas pela professora Gandin, aprendi novas maneiras de mediar o ensino, assim como fazer e refazer a aprendizagem, através de momentos de visualização e manuseio de diferentes aplicativos e recursos com vastas possibilidades.” – Caroline
A seguir algumas experiências vividas e discutidas em sala de aula: criação e leitura de livros digitais; construção e compartilhamento de textos individuais e coletivos; elaboração e construção de apresentação de slides; pesquisa qualificada na internet; leitura e pesquisa em aplicativos de jornais e de revistas; utilização de ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) como, por exemplo, o Moodle; criação de vídeos; análise, criação e postagem de conteúdo para blogs e redes sociais; compartilhamento de ideias e comunicação com alunos e profissionais de outras instituições educacionais (por exemplo, Hangouts e Skype); armazenamento de arquivos em nuvem (Dropbox, Box, Google Drive, OneDrive e iCloud.); utilização e criação de mapa mental, quiz e flashcards no site http://examtime.com; análise e utilização de sites e aplicativos diversos; trabalho com grupos do Facebook.
Adriana Gandin
É docente nos cursos de pós-graduação de educação do Centro Universitário Ritter dos Reis e trabalha na formação de professores para promover o uso de tecnologia na sala de aula. É autora de livros e diversos artigos com temas ligados à educação e à tecnologia educacional.