Uso de jargões pode levar famílias a questionar a educação socioemocional - PORVIR
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Inovações em Educação

Uso de jargões pode levar famílias a questionar a educação socioemocional

Nos últimos dois anos, o termo teve um aumento de popularidade. Mas é preciso contextualizá-lo para não cair em ideias abstratas

por Javeria Salman, do Hechinger Report ilustração relógio 9 de março de 2022

Por vezes, educadores costumam ter a tendência de usar uma terminologia confusa ao falar sobre seu campo de atuação. Mas o jargão pode, agora, estar desempenhando um papel na politização do aprendizado social e emocional.

A educação socioemocional não é um conceito novo. De acordo com a SEL4US (Social Emotional Learning Alliance for the United States, Aliança pelo Aprendizado Socioemocional nos Estados Unidos, em tradução livre), trata-se de uma prática que ajuda crianças e adultos a aprender e aplicar as habilidades necessárias para desenvolver identidades saudáveis, gerenciar emoções, definir e alcançar objetivos, sentir e demonstrar empatia, estabelecer fortes habilidades de relacionamento e tomar decisões responsáveis. A partir de 2020, o conceito teve um aumento de popularidade como forma de ajudar os alunos a lidar com os desafios de saúde mental exacerbados pela pandemia.

Mas as escolas viram uma reação contra a educação socioemocional nos últimos meses. Alguns especialistas dizem que o uso de jargão e a falta de uma explicação específica do conteúdo e propósito da aprendizagem socioemocional é uma das razões para a raiva e mal-entendidos nos Estados Unidos.

“O aprendizado socioemocional acontece nas escolas desde antes de existir o termo ‘SEL’ (da sigla em inglês Social and Emotional Learning)”, afirma Jim Vetter, especialista no assunto no Centro de Desenvolvimento Educacional que atua na equipe de liderança do SEL4US. “Isso não é uma coisa nova. É realmente uma parte central da educação”, diz. Recentemente, Jim atuou como palestrante durante um webinário sobre como as escolas podem responder à crescente resistência.

A colega do painel Erica Buchanan-Rivera, diretora de equidade e inclusão do Distrito Escolar Metropolitano de Washington Township, em Indiana (EUA), ecoou o sentimento.

“Um dos muitos propósitos do trabalho de aprendizagem socioemocional é melhorar a capacidade dos alunos de manter e desenvolver relacionamentos saudáveis”, reforça Erica. Muito antes de o termo aprendizagem socioemocional ser moda em educação, os profissionais da área já estavam “acostumados a ajudar os jovens a tomar decisões responsáveis, bem como desenvolver consciência social”.

Um estudo de agosto de 2021 do Fordham Institute, sobre as percepções das famílias, descobriu que, embora os pais de diferentes posições políticas (no caso dos EUA, democratas e republicanos) desejem que seus filhos aprendam habilidades relacionadas à educação socioemocional, como definição de metas e compreensão das diferenças, o termo em si é divisivo.

Os pais pesquisados ​​para o estudo também não responderam bem a termos abstratos como “desenvolvimento integral da criança” e “habilidades sociais”.

Os autores do relatório argumentam que, se os formuladores de políticas e educadores usarem uma linguagem simples e descreverem as habilidades específicas que compõem a habilidade socioemocional, em vez de se concentrarem em ideias abstratas, a maioria dos pais o apoiará.

Por exemplo: quando a pesquisa perguntou a eles, por partido político, questões específicas sobre quais habilidades as escolas deveriam abordar, os democratas quase unanimemente apoiaram todas aquelas relacionadas à aprendizagem socioemocional. Já os republicanos expressaram forte apoio à instrução em assuntos como empatia (cerca de 70%) e sensibilidade a diferentes culturas (68%).

Essas descobertas soam verdadeiras para Erica. Durante seu tempo como professora, os pais com quem conversou queriam saber mais do que apenas o progresso acadêmico de seus filhos.

“Eles queriam saber se o filho era gentil no ambiente escolar, se eram capazes de falar e ser assertivos ao proteger as necessidades dos outros. Eles queriam garantir que seus filhos fossem ouvintes ativos”, conta. “Havia essa regra [não dita] de que a educação em muitos aspectos era mais do que apenas construir a capacidade intelectual da juventude. Tratava-se do trabalho de garantir que nossos jovens se tornassem humanos melhores.”

A aparência da aprendizagem social e emocional em uma sala de aula pode ser diferente. O estudo do Fordham Institute recomenda pensar em métodos indiretos para desenvolver essas habilidades. Por exemplo, desenvolver a ideia de resiliência atribuindo leituras sobre “personagens que lutam para superar um desafio”. Esse desenvolvimento também pode ser feito aproveitando a influência de outros adultos, como treinadores ou líderes juvenis, dizem os pesquisadores.

A principal lição quando se fala sobre a prática, de acordo com os pesquisadores do Fordham Institute, é: “Discutam-na concretamente, honrem o papel das famílias em seu desenvolvimento e – faça o que fizer – não chame isso de aprendizado social e emocional”.

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Este conteúdo foi produzido por The Hechinger Report, um veículo independente e sem fins lucrativos focado em desigualdade e inovação em educação. Reproduzido no Porvir mediante autorização.

This story was produced by The Hechinger Report, a nonprofit, independent news organization focused on inequality and innovation in education.


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engajamento familiar, pesquisas, socioemocionais

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