Videoaulas apresentam conceitos de programação acessíveis para educadores e estudantes
por Redação 27 de outubro de 2023
O projeto Aprendizes Digital, que você conheceu aqui no Porvir em sua vertente presencial por levar o ensino de robótica a escolas públicas, lança uma nova temporada de videoaulas para levar conhecimentos de programação para educadores, estudantes e demais interessados.
As quatro videoaulas estarão disponíveis no site do Aprendizes – Digital e no canal da Muda Cultural no YouTube. Apresentadas pelo matemático e educador Thiago Pinheiro, cada videoaula é dedicada a um tema: construção de um autômato, desenvolvimento de jogos com Scratch, programação com Arduino e modelagem 3D.
No podcast abaixo, você pode conferir uma entrevista com Maria Carolina Ito, produtora da Muda Cultural, e o professor Thiago Pinheiro para entender como a programação também abre portas para a criatividade e é acessível para qualquer pessoa,independente da área de formação.
A nova temporada de videoaulas do Aprendizes – Digital foi viabilizada pela Lei de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Braskem e apoio de The LYCRA Company e Lockton. A realização é da Muda Cultural e do Ministério da Cultura do Governo Federal – União e Reconstrução.
Ouça o episódio
<< Vinícius de Oliveira >>
Como dar os primeiros passos em robótica e programação mesmo sem ter conhecimentos prévios na área? Eu sou Vinícius de Oliveira e este é o podcast do Porvir. Vou te mostrar hoje os caminhos para começar sua trajetória na tecnologia educacional.
Recebo dois convidados do projeto aprendizes digital que vão nos falar como professores podem proporcionar novas experiências de aprendizagem a seus estudantes a partir da tecnologia.
<<Vinícius de Oliveira >>
Maria eu gostaria primeiro que você se apresentasse e apresentasse o projeto aprendizes digital.
<< Maria Carolina Ito >>
Meu nome é Maria Carolina Ito, eu sou produtora do projeto Aprendizes Digital, que é feito pela Muda Cultural. O Aprendiz é um projeto que busca levar aulas de robótica, tecnologia, programação e cultura digital para escolas públicas com aulas regulares para as crianças de fundamental 1 a médio e para o corpo docente dessas instituições também.
<< Vinícius de Oliveira >>
Obrigado, Maria. E Thiago, poderia falar um pouco sobre você também e sua ligação com o projeto?
<< Thiago Pinheiro >>
Meu nome é Thiago Pinheiro, eu sou educador. Já trabalhei em escola, em espaços culturais, em ONGs, movimento social. Já dei aulas de matemática, de robótica, de programação, então diversas áreas aí dentro dessa cultura digital.
E para esse projeto do aprendizes, eu fui convidado a gravar quatro vídeo aulas que fossem aulas introdutórias da pessoas que tivessem curiosidade, vontade de entrar nesse mundo digital, mas e não soubessem exatamente caminhos então essas aulas. A ideia era apresentar possibilidades de ferramentas, de onde procurar eh caminhos para adentrar esse mundo.
<< Vinícius de Oliveira >>
Eu vou começar a nossa conversa aqui um pouco com a Maria para entender a parte vamos dizer presencial do projeto Aprendiz digital que chega até as escolas. Eu queria entender um pouco assim o cenário que que vocês vêm para robótica, né? Eu sei que também ele não se dispõe somente a ficar em cima da tecnologia, mas traz também atividades de artes e se conecta, faz a ponte entre a tecnologia e atividades culturais, por exemplo.
<< Maria Carolina Ito >>
O projeto, ele surgiu desse olhar de que a tecnologia e a robótica estão em alta, né? Então a gente faz esse trabalho no aprendizes de levar para essas crianças e professores o que é a tecnologia como ela se encontra na nossa nosso dia a dia.
E a ideia é formar um pouco esse pensamento tecnológico computacional a partir das atividades que a gente faz eh e a gente aqui da muda tem sempre esse olhar de intersecção com a cultura e eu acho que desde sempre a arte usa muito dos avanços tecnológicos, tanto como meio, como ferramenta. Mas também como forma de divulgação. Enfim, então a gente busca nas aulas além da parte estritamente ligada à tecnologia, a montagem de protótipos, a programação, a gente busca trazer quais são as intersecções com as artes, né? Então artistas que usam a tecnologia para a criação das Artes, formas de arte interativas então que o público que tá ali é ele que um pouco, faz a obra acontecer e o caminho que a obra vai seguir tem a ver com essa com essa intervenção do público. E também uma um lugar um pouco mais eh, original, talvez dessa intersecção que é entender como a tecnologia na verdade se baseia no movimento, né e como a arte também se espelha em aspectos matemáticos de geometria enfim.
<< Vinícius de Oliveira >>
E eu gostaria de saber o que atrai os professores para esse projeto? são as possibilidades novas de engajamento? Eu sei que desde o ensino fundamental e isso começa a a preocupar porque às vezes a gente tem uma parte dos alunos que vão bem e esses irão bem e outros, dada a circunstâncias de metodologia das escolas que seguem ainda muito tradicionais, né de na maior parte das vezes da maior parte do tempo os professores dominando a aula, e como que que vocês veem? Essa essa chegada desse projeto nas escolas a gente fez a matéria aqui no Porvir e assim a questão do do acesso a esse tipo de material é por si só transformador, né?
<< Maria Carolina Ito >>
Eu acho que nos últimos anos eh as escolas acho que falando muito especificamente de escolas públicas, né que tem uma grande diferença cronológica de quando chegam quando chegam a tecnologia para elas, né? Então acho que nos últimos anos a gente teve um movimento assim eh do governo de dar verbas para as escolas públicas, eu falo de São Paulo porque é onde eu tô mais eh perto, mas eu acho que é um movimento não se basta a São Paulo, mas de dar verba para essas escolas criarem sua salas Maker.
Então as escolas têm verba para comprar eh 3D, laser, notebooks é enfim, Arduino, os microbit etc.
Mas as escolas não tem verba para trazer professores e profissionais da área para ensinar a mexer naquilo, então a gente se deparou com alguns colégios que tem materiais, tem verba, mas não tem como implementar isso no dia a dia. Então eu acho que tem uma das motivações dos professores é essa, né? É entender um pouco como essas coisas funcionam porque isso em algum momento vai entrar no dia a dia delas assim, mas eu acho que tem um lugar também de, é óbvio que a gente tem várias faixas etárias de professores, mas a gente tem vários professores que são mais velhos e que já estão ali na escola há muitos anos e que foram vendo os alunos se transformarem também, né? Então os alunos usam cada vez mais tecnologia, estão cada vez mais ligados. Acho que na escola pública de uma forma diferente na escola particular por conta de classe social, né? E então a gente tem essa diferença também são temos muitos alunos que não tem acesso a tecnologia, mas a gente tem esse é isso esse mundo esse universo que tá cada vez caminhando mais para isso então acho que os professores eles se atraem muito por é pela possibilidade de entender melhor a tecnologia de estar perto dela de poder se conectar mais com os alunos.
<< Vinícius de Oliveira >>
Quando vocês levam o projeto Aprendiz Digital para as escolas, Maria, é os professores relatam assim impactos que vão Além da questão acadêmica, sabe? Ah foi foi bem na prova ou não foi bem aprendeu isso matemática ou não Aprendeu? Como que são esses relatos sabe? Eh, que que às vezes só surgem porque você tá usando ali uma uma abordagem de ensino mais integradora que somente ficar em cima de livros e tal…
<< Maria Carolina Ito >>
Os professores relatam muito o impacto na relação entre os alunos então de ter uma uma melhoria muito grande na relação deles com os trabalhos em grupo então deles conseguirem fazer muito melhor atividades que são conjuntas. Então se ajudarem, terem paciência um com os outros assim eh e acho que isso é uma coisa que que o projeto o formato que o projeto traz busca muito isso, né? Que é em cada aula, você tem uma função dentro do seu grupo, então você não é sempre programador você não é sempre consultor você não é sempre o líder da equipe para que as crianças transitem entre esses espaços e E desenvolvam essas essa habilidades ali. Tem uma questão de desenvolvimento geral assim e tem um ponto que é da curiosidade assim da curiosidade de entender o porquê das coisas de onde vem como faz então muitos professores relatam que as crianças ficam mais questionadoras nas aulas em geral. Então elas aceitam menos eh a resposta pronta e querem saber mais o porquê a origem… então, acho que tem um lugar de que é muito interessante de quando você aprende a fazer uma coisa do zero, né? Que acaba indo para esse lado de de questionamento mesmo de pensamento crítico, né de entender o porquê das coisas e não só aceitar assim.
<< Vinícius de Oliveira >>
O projeto se dedica a a formar professores que não são apenas de tecnologia, né? Como que que você vê essa essa importância de trazer um professor de humanas o professor de língua portuguesa que de repente acha que a tecnologia se resume a buscar uma informação na internet, mas ali a gente tá falando de usar a tecnologia para outras habilidades, para criar, para enfim resolver problemas.
<< Maria Carolina Ito >>
A gente tem desde o princípio é a ideia de não atender só a professora que sejam da área, né? Então realmente quando a gente oferece para as escolas a gente oferece para o corpo docente como um todo, incluindo a direção inclusive né para participar dessas aulas. Eh, porque é isso assim, a gente a gente enxerga muito que a tecnologia ela pode estar dentro das aulas regulares. Um exemplo básico assim, mas o uma das videoaulas que a gente tá fazendo é com um aplicativo Scratch que ele fala que ele é um aplicativo de criação de jogos é assim criação de jogos, você pode fazer jogos de qualquer coisa, né? Você pode fazer um jogo relacionado a geografia, por exemplo, né um jogo que fale sobre tipos de solo é um pouco infinito a possibilidade que a tecnologia dá de ferramenta. Então acho que nosso olhar quando a gente ministra essas aulas para os educadores das escolas é isso assim é mostrar as possibilidades dela, né? Para se organizarem é mesma coisa da pesquisa assim é uma coisa que é básica, mas tem muita gente que não sabe pesquisar no Google, né da forma é melhor, né da melhor forma para conseguir os resultados o que quer então acho que é isso assim. Acho que a tecnologia ela tá permeando tudo e ela pode ser completamente interdisciplinar e uma ferramenta não só para os professores usarem nos seus planejamentos e na hora de ministrar aula, mas também para pedir para os alunos trabalhos e tarefas que envolvam essa criação tecnológica assim.
<< Vinícius de Oliveira >>
E você deu a deixa falou em vídeo aulas, né? Que são a que são a parte do projeto aprendiz digital que o Tiago está mais envolvido. Tiago poderia me escrever um pouco, como são essas vídeo aulas?
<< Thiago Pinheiro >>
Esse projeto tá estruturado em quatro vídeo-aulas cada uma sobre um tema não é uma sequência. A ideia é que cada um seja uma introdução sobre algum aspecto de algo que a gente considera o relevante hoje no ensino de tecnologia e começa com tudo sobre aquele universo a gente mostra alguma coisa que a pessoa consiga produzir de forma acessível. E no fim das aulas a gente sempre mostra alguns caminhos em que a pessoa pode seguir a partir dali.
A gente se preocupou também ter uma certa diversidade ali de de tópicos. Então a gente tem uma aula que é bastante física, então a ideia da aula é a construção de um autômato com materiais simples de casa, materiais recicláveis, materiais diversos. Na verdade a pessoa pode é não precisa seguir os materiais que foram feitos ali eh e a gente já começa a falar um pouco sobre programação nessa aula que a gente fala sobre os mecanismos de construção desse autômato que fazem ele se movimentar e a gente fala sobre como dependendo da construção desse mecanismo como a gente consegue criar uma leitura diferente daquele objeto, como que mudando o movimento a gente queria uma uma leitura diferente daquela obra. A gente chega até falar sobre
Aquelas caixinhas de música tipo como a gente programa de forma física elas para produzir músicas sons diferentes.
A gente tem uma aula e a Maria já comentou sobre desenvolvimento de jogos em que a gente usa o Scratch pra falar de programação e isso é interessante também que ela trouxe que outros jogos quando Scratch como você pode usar para fazer animações também são ferramentas que a gente pode usar para falar sobre qualquer assunto então realmente faz sentido essa interação com outras áreas do conhecimento.
<< Vinícius de Oliveira >>
Eu ia te perguntar, qual que é o perfil de professor que vocês querem atingir com essas com essas aulas, também é uma pergunta parecida com que a com a que eu fiz para Maria, mas que professor que é, que atitudes ele precisa ter eh para para conseguir cumpri-las?
<< Thiago Pinheiro >>
Enfim é um pouco disso aqui uma coisa importante é que essas videoaulas não são necessariamente para professores. Então é bem possível um aluno ainda a criança adolescente um pai é qualquer interessado assistir uma dessas videoaulas e entender os caminhos que são abertos ali então eu me preocupei na a linguagem do vídeo e não ser um curso para professores, né? E a gente que é Professor sabe que esse tipo de curso tem um tipo de linguagem bem específico da gente, mas voltado para professor.
A gente já se comunica de um jeito já pensando olha aqui para usar em sala de aula, esse é um caminho interessante. Então não foi essa escolha, mas acho que tem algumas coisas importantes para falar sobre professores entrando nesse mundo, né. Primeiro que todo mundo que trabalha em escola, sabe que a escola é um espaço e te domina de muitas formas diferentes, então te consome. Não é só o momento em que você está dando aula, que você tá trabalhando na verdade, quando você tá em casa no fim de semana sua cabeça tá em parte como vão ser suas aulas da semana que vem e aí é importante que para um professor parar e ter toda uma preocupação em conhecer uma nova ferramenta talvez transformar todo jeito que ele trabalha em sala de aula, é um esforço grande, é um esforço complexo e é muito difícil, que isso seja feito só a partir da iniciativa do professor. Acho que uma coisa importante é ali, por exemplo, nas aulas presenciais do Aprendiz essa ser um movimento da escola como um todo acho que não só exigir que isso venha só do professor e ele no horário livre dele vai fazer toda essa pesquisa pode resultar em algo que vai aplicar na sala de aula dele ou talvez não só perceber que não é não é exatamente o caminho que funciona para ele exigir muito pensando numa transformação que a gente quer que seja geral e Nacional.
Então acho que na primeira coisa é entender que fim da escola de um processo formativo, que seja dentro do horário de trabalho, esse primeiro contato é importante. Acho que é importante a curiosidade a vontade de entender possibilidades novas que são fatores individuais, mas acho que é importante entender de uma forma coletiva, interdisciplinar também. Muitas vezes esse tipo de projeto pode ser mais interessante quando existem espaços para mais de um professor tá trabalhando dentro desse mesmo projeto chegou a comentar sobre a tecnologia para um professor de humanas é um professor de exatas… E o desenvolvimento tecnológico ele tá em um lugar confuso ali entre a a ciência da natureza e a ciência humana, né? Tecnologia não é algo simplesmente natural que a gente encontra na natureza e estuda como ela tá ali, mas ela também depende muito da física, ela depende muito de coisas que são das ciências da natureza, mas ela é um produto humano, ela é um produto que depende da política, depende da sociedade, então sem entender também as Ciências Sociais a história a gente também não entende o desenvolvimento tecnológico, então ele já tá num espaço interdisciplinar por natureza.
<< Vinícius de Oliveira >>
Seja pro professor ou mesmo pra escola o projeto pelos roteiros que eu vi pelas videoaulas que eu já assisti, ele traz um componente importante que é apresentar as tecnologias, né? Seja o Scratch, seja o Arduino é porque esse trabalho de seleção também é algo que consome muito né? Então eu vejo o valor também tá nesse sentido, né..
<< Thiago Pinheiro >>
E continuando um pouco as sobre as aulas. Eh, a gente teve esse cuidado de selecionar ferramentas e fazer ferramentas acessíveis que fossem ferramentas na maior a maior parte das vezes OpenSource, então acho que um dos processos difíceis também para um professor que está entrando nisso é qual ferramenta eu uso? existem diversas possibilidades então uma das coisas importantes das videoaulas era: Ó tem essa ferramenta aqui ela funciona desse jeito você consegue usar para fazer essas coisas a partir dela, se você quiser algo mais complexo existem essas outras ferramentas aqui. Então, por exemplo, tem uma outra aula sobre modelagem 3D onde a gente fala um pouco que modelagem em 3D hoje é usado por pessoas muito diversas.
A gente usa modelagem 3D para fazer um jogo fazer uma animação, mas também usa um designer para pensar num produto, marceneiro também usa para visualizar suas peças, então existem muitas as possibilidades para quem vai usar o modelo 3D e aí a gente apresenta desde ferramentas mais simples até mais complexas.
<< Vinícius de Oliveira >>
E Maria, como como que os educadores que são a maior parte do nosso do nosso Público aqui no Porvir podem acessar os conteúdos do Aprendiz digital online?
<< Maria Carolina Ito >>
Os conteúdos abertos e disponíveis são as videoaulas, elas vão estar no YouTube da muda cultural e no site do Aprendiz digital. No site também, a gente coloca relatórios mensais das atividades que a gente faz nas escolas. Então os educadores conseguem também ter um panorama do que que a gente está ensinando, do que que os alunos estão vendo nesses meses as intersecções com as artes, então esses materiais estão disponíveis no site de aprendizagem digital.com.br e no YouTube da muda cultural.
<< Vinícius de Oliveira >>
É isso é eu, agradeço muito a conversa com vocês.
Enfim, até a próxima…
A nova temporada de vídeo aulas do Aprendiz digital foi viabilizada pela lei de incentivo à cultura. Com patrocínio da Braskem e apoio da Lycra Company e Locton. A realização é da muda cultural e do ministério da cultura do governo federal união e reconstrução.
<< fim do episódio >>