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Projeto mundial ajuda profissional a se voluntariar

Benevola conecta pessoas com aptidões específicas e 'vontade de fazer algo' a 200 ONGs e empresas internacionais

por Vagner de Alencar ilustração relógio 12 de junho de 2013

Procuram-se interessados em ensinar ioga a crianças em Cape Town, na África do Sul, ou então fotografia a adolescentes em Soroti, em Uganda. No Brasil, busca-se websigner para repaginar o site de uma creche no Rio de Janeiro. Ao todo, são quase 200 anúncios como esses, todos trabalhos voluntários, da África à América Latina, da Europa à Ásia. Criado em 2011 e no ar desde o ano passado, o projeto Benevola tem como função colocar ONGs e pequenas e médias empresas em contato com voluntários graduados dispostos a atuar em sua área de formação. “A ideia não é encontrar pessoas que contribuam com ajuda financeira, mas interessados que possuam mão de obra qualificada e que tenham o voluntariado como estilo de vida”, afirma a brasileira Julie Marques, responsável por contatar instituições latino-americanas.

Sem sede fixa, o projeto é formado por seis profissionais, cada um em um continente. De suas regiões, essas pessoas tecem as conexões com as entidades, identificando projetos existentes que possam entrar na plataforma do Benevola ou ajudando a criar novas iniciativas ligadas à educação, sustentabilidade, empreendedorismo etc.

Maksim Shebeko

Depois que Benevola e instituições identificam ou formulam o projeto para o qual serão recrutados os voluntários, a empresa ou ONG cria um perfil na plataforma e fica disponível para que os interessados possam contatá-la diretamente. O voluntário pode se candidatar a dois tipos de voluntariado: o local e o remoto. No caso do primeiro, o objetivo é a troca de experiências na vida real – seja localmente ou até mesmo no exterior –, enquanto o segundo funciona como um trabalho à distância – como é o caso da creche carioca que está em busca de um webdesigner.

“É um benefício mútuo, tanto da parte da instituição, que precisa de um bom profissional, quanto desse profissional que quer realizar uma atividade ou ação que extrapole os muros da empresa onde trabalha, muitas vezes em algo muito mecânico e pouco humano”

A entidade tem autonomia para escolher o candidato que melhor atender às suas necessidades. Ao escolhê-lo, como contrapartida, a ONG ou a empresa que não puder oferecer hospedagem e alimentação, pode ajudar seu funcionário informal a encontrar estadia no local.

“É um benefício mútuo, tanto da parte da instituição, que precisa de um bom profissional, quanto desse profissional que quer realizar uma atividade ou ação que extrapole os muros da empresa onde trabalha, muitas vezes em algo muito mecânico e pouco humano”, afirma Julie.

Os interessados podem se inscrever em três perfis de voluntários distintos: recém-formados, profissionais experientes e aposentados. Os graduados recentemente, por exemplo, podem aproveitar o ingresso à vida profissional, aprimorando suas habilidades em alguma atividade voluntária tanto em seu país quanto em outra localidade.

crédito reprodução

Já o segundo perfil é destinado àqueles que estão no mercado há mais tempo, em geral, pessoas que querem tirar um período sabático e se dedicar a atividades diferentes do seu trabalho cotidiano. Foi o caso do fundador da Benevola, Ben Aymé, que trabalhou em grandes bancos na área de finanças e decidiu fazer uma pausa para investir e dedicar sua experiência a comunidades sustentáveis ao redor do mundo, atuando sobretudo como consultor de instituições com e sem fins lucrativos. Já o último tipo de voluntário é o aposentado, que não está mais no mercado, mas tem interesse em continuar produzindo.

De acordo com Julie, os europeus e os americanos são os que mais se voluntariam, enquanto os brasileiros ainda são mais resistentes ao voluntariado.  No entanto, de acordo com levantamento realizado pelo Ibope (2011), no Brasil, 35 milhões dos 193 milhões de brasileiros destinam seu tempo para ações não remuneradas em alguma causa ou para apoiar alguém necessitado. A maior parte dos voluntários é formada por mulheres acima dos 30 anos, pertencentes à classe C, empregadas e com filhos.

Em âmbito mundial, segundo último relatório realizado pela empresa britânica Mintel (2008), cerca de meio milhão de pessoas viajam do Reino Unido para realizar alguma atividade voluntária e mais de dois milhões de toda a Europa. Já dos EUA saem anualmente mais de quatro milhões de voluntários.

Para alcançar mais voluntários ao redor do mundo, o Benevola divulga um projeto diferente por semana, nas redes sociais, em páginas como o LinkedIn e o Facebook. A lista de todas as iniciativas podem ser encontradas no site do projeto. Para se sustentar financeiramente, o Benevola cobra dos candidatos uma taxa anual de 30 libras (cerca de R$ 100). Ao conseguir a vaga, 10% desse valor é destinado à instituição na qual o voluntário irá atuar.

Atualizado às 16h01 de 13 de junho 


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