Alunos criam tabela periódica com Arduino para incluir amigos com deficiência
Professora conta como sua turma do ensino médio fez o protótipo e a programação de recurso tátil e sonoro para auxiliar a aprendizagem de química, física e biologia
por Raquel Gomes da Costa Silva 7 de março de 2018
Partindo do princípio de que nenhum estudante deve ser separado dos outros por apresentar algum tipo de deficiência, a educação inclusiva se destaca por receber crianças e adolescentes com necessidades especiais em classes regulares de ensino. No entanto, a educação inclusiva ainda apresenta grandes desafios.
Há necessidades que interferem de maneira significativa no processo de aprendizagem, como por exemplo, a utilização de recursos e apoio especializados, pois são poucos materiais pedagógicos direcionados ao ensino inclusivo, especialmente na área de ciências da natureza. No caso de alunos com deficiência visual, os recursos pedagógicos devem ser significativos, incluindo uma percepção tátil, materiais com diferentes texturas ou formatos que não provoquem rejeição ao uso, em especial irritações da pele. Além disso, precisam apresentar certa resistência para não estragarem em razão do uso contínuo.
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O objetivo desse projeto foi confeccionar uma Tabela Periódica Tecnológica adaptada (TPTa), utilizando impressão 3D e o hardware de código fonte aberto “Arduino”, promovendo a inclusão de alunos com deficiência visual nas diversas redes de ensino. Ele foi desenvolvido por alunos do segundo anos do ensino médio do Centro Educacional CE-403, em Campinas (SP), ao longo de quatro etapas: pesquisa, desenvolvimento, confecção de vídeos explicativos e finalmente, testes.
Para confecção da tabela periódica adaptada foi utilizada a impressão 3D, que permitem a impressão de praticamente qualquer coisa. Elas têm se destacado em diversas áreas, seja na criação de artefatos simples como por exemplo brinquedos, até na criação de protótipos utilizados para substituir membros como os braços de uma pessoa. A impressão da tabela foi feita em laboratório de fabricação digital, FabLab da escola Sesi-SP.
Após a impressão da tabela, foi desenvolvida a parte tecnológica utilizando a plataforma Arduino. Nesta etapa, foi inserido um botão na tabela impressa, a fim de que o aluno com necessidades especiais, ao tocar o botão, possa ouvir sons emitidos por uma placa de som. Desse modo, surgiram informações úteis sobre a tabela, como histórico, número atômico e massa atômica de diferentes elementos, orientações a respeito da importância de determinados elemento ao organismo humano, entre outros.
A lógica da programação da tabela tecnológica é a seguinte: enquanto o botão estiver pressionado, é enviada ao Arduino a informação de que ele deve executar a leitura de um cartão SD; após efetuada a leitura, o hardware (Arduino), recebe os dados que são enviados a um alto-falante. A tabela impressa foi apoiada em uma placa de acrílico, para fixação da parte tecnológica.
O protótipo foi testado por diversos alunos com deficiência, que conseguiram identificar e reconhecer os diferentes elementos químicos presentes na tabela periódica. Além disso, alunos foram convidados a participar do Simpósio Científico na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), com o objetivo de integrá-los no mundo da universidade e da pesquisa científica.
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Raquel Gomes da Costa Silva
Professora da rede Sesi-SP e professora efetiva da rede estadual de São Paulo. Licenciada em Química pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Doutora e Mestre em Química Analítica pela Universidade Estadual de Campinas. Pedagoga.