Lançamento da plataforma Escola Digital
por Redação 10 de dezembro de 2013
O Inspirare e o Instituto Natura lançaram nesta terça-feira (10), a plataforma Escola Digital, um buscador aberto e gratuito de recursos digitais pedagógicos. No portal, já é possível encontrar mais de 1,5 mil recursos virtuais, como vídeos, áudios, games, livros digitais, aplicativos, infográficos e outras ferramentas que podem ser utilizadas, a favor do aprendizado, por educadores e estudantes de todo o país.
Durante o evento oficial de lançamento, realizado em São Paulo, mais de 70 convidados puderam conferir, em primeira mão, todas as funcionalidades da plataforma que já conta com mais de 1600 objetos digitais. A construção do portal contou com a parceria do Instituto EducaDigital, do TIC Educa e da SEE-SP (Secretaria de Estado de Educação de São Paulo), que ajudaram no mapeamento das ferramentas já existentes na rede.
“A plataforma representa uma enorme possibilidade de aproximar o mundo da escola do mundo digital onde se encontram os nossos filhos. Hoje, os ODAs [Objetos Digitais de Aprendizagem] estão espalhados na internet. Com a Escola Digital, buscamos agrupá-los no mesmo ambiente para incentivarmos ainda mais o seu uso pelo aluno e pelo professor”, afirma a diretora do Inspirare Anna Penido. Segundo ela, um dos principais objetivos da plataforma é facilitar o uso dos objetos como estratégias complementares ao ensino.
“Com o mapeamento, fica mais fácil para os professores articularem os recursos digitais com os currículos escolares. Ele acaba se tornando um designer do currículo”, diz Anna. O trabalho de curadoria feito na construção da plataforma também é destacado por Françoise Trapenard, presidente da Fundação Telefônica. “Organizar a oferta é o primeiro passo para qualificar a demanda”, diz Françoise, mencionando o trabalho de seleção e disponibilização dos conteúdos.
Mapeamento
Para colaborar com o mapeamento dos recursos presentes na plataforma, foram convidados professores da rede pública. Cerca de 50 docentes vinculados à secretaria estadual de São Paulo garimparam grande parte das ferramentas. Eles também participaram da fase inicial de testes da plataforma, realizados há três meses. “Conhecemos a ideia do Escola digital em julho e em setembro começamos a concretizar a parceria. Nos aliamos ao projeto porque ele faz todo o sentido ao próprio caminho que a secretaria está construindo”, afirma Olavo Nogueira Filho, coordenador do programa Novas Tecnologias, Novas Possibilidades, que será lançado em janeiro pela SEE-SP.
Com o anúncio oficial do programa da secretaria estadual, que prevê a criação de uma plataforma nos moldes da Escola Digital, Nogueira espera utilizar todo o material já curado pelos professores da rede para ser disponibilizado no novo portal da SEE. “A ideia é customizarmos a Escola Digital de forma a contemplar 100% do currículo de São Paulo, criado desde 2007”, explica Nogueira.
A adaptação do conteúdo do Escola Digital será possível não apenas para a SEE-SP, como para qualquer secretaria ou até mesmo para o usuário, inclusive os pais de alunos interessados no acompanhamento das atividades escolares dos filhos. “Nosso desafio agora é com a próxima atualização, a ser feita no segundo semestre de 2014, criar mecanismos para a customização dos ODAs. Tudo isso para que alunos, pais e professores escolham seus objetos preferidos”, diz Anna, do Inspirare.
Enquanto a segunda versão ainda está sendo desenvolvida, o grande desafio da plataforma é chegar até os usuários. Uma das estratégias utilizadas é a aproximação das redes de ensino públicas brasileiras. “Nosso plano é oferecer a plataforma para as secretarias estaduais, por meio do Consed [Conselho Nacional de Secretários de Educação]. Em março, faremos uma reunião [com a entidade] e apresentaremos a plataforma. Mas de antemão, o secretário do Pará [Cláudio Ribeiro] já demonstrou interesse no uso da Escola Digital”, afirma Pedro Villares, presidente do Instituto Natura.
Professores
Convidada para o evento, a professora coordenadora do núcleo pedagógico de Geografia da SEE, Dulcinéia Ramos, explicou como se deveria utilizar os ODAs no cotidiano escolar. “Eles podem ser um diferencial quando utilizados para atingir os objetivos traçados pelo plano de aula. É importante, no entanto, que os professores acessem antes o recurso que ele pretende utilizar na turma e explique aos alunos o motivo pelo qual eles optaram por determinado objeto”, fala Dulcinéia.
Já outra palestrante do encontro, a professora de informática da rede municipal de São Paulo, Gislanie Batista, sugere que a aproximação com os objetos virtuais seja feita de forma gradual. “Os professores ainda não conseguem planejar a aula pensando no recurso. Eles têm dificuldade para contextualizá-lo em sua disciplina. Por isso, é preciso que os professores comecem aos poucos. Mas ainda assim, é preciso pesquisar e planejar antes da aula”, afirma.
Gislanie não deixa de destacar a “importância” dos professores se aproximarem mais do “mundo dos jovens”, imersos nas redes sociais e mais próximos da tecnologia. Essa ideia dos alunos já terem “nascido com a tecnologia”, também é defendida pela coordenadora de tecnologia educacional do Colégio Bandeirantes Cristiana Mattos. Durante o evento, ela destacou algumas das principais tendências em inovações educacionais. O uso de simuladores, de laboratórios virtuais, de realidade aumentada e o aprendizado com a utilização mais intensa das redes sociais foram algumas das ideias defendidas por ela.
“Nas redes colaborativas, os próprios alunos já criam seus grupos de estudos. Ela é apenas um exemplo que mostra que os estudantes de hoje querem criar seus próprios caminhos. E isso, a tecnologia já permite. Com a ideia da customização da plataforma e a possibilidade de ter acesso a ferramentas que permitem a criação de outros recursos digitais, os alunos se tornam mais protagonistas”, afirma Cristiana, uma das participantes na elaboração do relatório de tendências tecnológicas na educação Horizon Report, em sua versão brasileira.
Buscas
Funcionando como um buscador de recursos digitais já existentes criados por produtores de conteúdo, o grande diferencial da plataforma é oferecer, de forma mais intuitiva, a busca pelos recursos que podem ser utilizados como ferramenta pedagógica. Assim, o professor interessado em um objeto digital específico, para ser utilizado em sua aula ou para propor como tarefa de casa aos seus alunos, pode encontrar no portal a ferramenta mais adequada. Todos os objetos presentes no Escola Digital foram categorizados por disciplina, série, temas curriculares e também pelo tipo de mídia.
Já na busca mais refinada, é possível selecionar os recursos por outras categorizações. Assim, o usuário consegue filtrar os objetos por sua licença de uso – do copyright às diferentes combinações de liberdade para uso, compartilhamento e alteração –, e também por idiomas, ou seja, além de materiais em português, ele pode encontrar objetos em outras línguas, como inglês e espanhol. E mais: caso prefira, ainda poderá buscar conteúdos pela sua disponibilidade (on-line ou offline) ou se ele é gratuito ou pago.
A plataforma permite também, além do acesso organizado aos recursos, que empreendedores e investidores possam olhar para oportunidades de desenvolvimento a partir da utilização da plataforma, por meio da opção de visualização geral. Nela, por meio de gráficos, é possível verificar onde estão os gaps de conteúdos, quais anos e disciplinas ainda não apresentam muitas opções.