Escola: Como organizar uma escola que faça sentido para os adolescentes
por Grupo de Trabalho Anos Finais 20 de outubro de 2017
Nova configuração de escola: Rever os modelos de escola para os Anos Finais (tempos, espaços, ambiente, relações, dinâmicas, processos, práticas etc.) e desenvolver novas configurações que respondam melhor ao perfil dos adolescentes e às demandas da sociedade no século 21; transformar a escola em um espaço acolhedor, vivo, instigante, que faça sentido para os estudantes e os prepare para enfrentar os desafios da vida contemporânea.
Tempos e Espaços:
Ampliação de jornada: Ampliar o tempo de permanência do aluno na escola.
Infraestrutura: Garantir infraestrutura acolhedora e adequada nas escolas, para que os adolescentes possam se engajar, aprender e se desenvolver; promover reflexões permanentes com a comunidade escolar sobre a infraestrutura da escola, para definir prioridades e construir estratégias conjuntas, a fim de assegurar as condições necessárias para a promoção de uma educação de qualidade; escutar os estudantes sobre prioridades para reformas e adaptações e engajá-los no esforço de preservação do patrimônio escolar; organizar mutirões de reforma com a comunidade escolar.
Transformação do espaço físico: Promover reflexões com a comunidade escolar sobre como o espaço da escola está sendo utilizado e como ele poderia ser melhor aproveitado; criar novas formas de organizar, ambientar e utilizar os espaços físicos da escola, contando com a participação efetiva da comunidade escolar e de convidados externos; propor novas configurações para a sala de aula.
Diversificação de ambientes: Trabalhar com salas-ambientes ou laboratórios de experimentação, que permitam a realização de práticas pedagógicas mais ativas e interativas e a movimentação dos alunos pelo espaço; criar salas temáticas com cores e desenhos sugeridos pelos adolescentes; montar espaços para leitura, salas com recursos para a aprendizagem especial, cantinhos para atividades e convivência e ambientes multiuso para criações e apresentações artísticas, entre outros.
Infraestrutura tecnológica: Garantir sinal de internet veloz e estável, wi-fi e equipamentos móveis, que permitam o uso diversificado de tecnologias em vários ambientes da escola.
Território: Utilizar o território como complemento e expansão da estrutura escolar, para proporcionar novas experiências aos alunos; sensibilizar gestores escolares para que estimulem e apoiem a equipe docente a usar outros espaços.
FNDE: Realizar incidência junto ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação para que incorpore inovações no modelo atual de escola.
Clima Escolar:
Harmonia: Criar as regras e os combinados da escola de maneira coletiva; organizar comitês de alunos e professores para ajudar a construir e manter um clima escolar positivo, entendendo que este é resultado de um conjunto de ações realizadas no dia a dia; fortalecer o trabalho da escola com a dimensão socioemocional; desenvolver mecanismos para mediação de conflitos.
Relações: Investir na melhoria das relações, humanizando os processos de interação entre todos os atores da comunidade escolar; acolher e valorizar a diversidade na escola; promover a construção de laços de afeto e confiança entre educadores e estudantes, criando combinados, estimulando o diálogo e desenvolvendo ações cotidianas para melhorar o relacionamento entre eles; repensar os horários da escola para que as pessoas tenham mais tempo de convivência.
Foco no aluno: Identificar, considerar e respeitar as individualidades de cada estudantes, criando mecanismos para que os educadores conheçam suas especificidades, o contexto em que vivem, a realidade de suas famílias, seus projetos de vida; registrar o histórico de cada aluno ao longo de toda a sua trajetória escolar; demonstrar que todos os estudantes têm valor e acolher os conhecimentos que trazem para a escola; desenvolver a autoestima dos adolescentes, criando práticas de valorização das diferenças e assegurando que nenhum deles seja deixado para trás.
Profissionais da educação: Reconhecer, valorizar e preparar toda a equipe da escola (gestores, professores, porteiro, merendeira, profissionais da limpeza) para que reconheça a importância e desempenhe bem o seu papel no acolhimento e na educação dos estudantes; oferecer orientação profissional e apoio emocional aos professores, para que saibam lidar com situações de instabilidade e conflito; apoiar a atuação do professor como facilitador, tutor, mediador da aprendizagem; estimular o professor a ter um bom relacionamento com suas turmas, pensando a rotatividade com cuidado para permitir a construção de vínculos; rever formatos e aprimorar processos de contratação de professores para os Anos Finais, a fim de garantir que tenham perfil para trabalhar com adolescentes.
Famílias: Criar ações de acolhimento e relacionamento com as famílias dos estudantes, destacando profissionais da escola para ficarem responsáveis por essa função; criar projetos e atividades que trabalhem a educação emocional das famílias e as ajudem a compreender e se relacionar melhor com os adolescentes; organizar rodas de conversa e eventos com os familiares para falar sobre o desenvolvimento e o desempenho escolar dos estudantes de forma leve, engajadora e positiva; envolver as famílias nas instâncias de participação e na solução dos desafios da escola.
Comunidade: Criar estratégias para estreitar laços entre escola e território e para promover a interação entre a equipe da escola e a comunidade; construir canais de comunicação para que a comunidade saiba o que acontece na escola; integrar a ação da escola com a de outras organizações e agentes que trabalham com os adolescentes do território em diferentes programas sociais; abrir a escola para eventos e atividades de interesse da comunidade.
Gestão:
Gestão democrática: Promover mudanças na atitude dos gestores e nos modelos de gestão das escolas, para que incorporem a cultura democrática e estimulem a participação ativa da comunidade no cotidiano escolar; estimular o engajamento, o alinhamento e a formação da equipe da escola em gestão democrática, para fortalecer conceitos e processos nessa área; trabalhar intensamente o conceito de “comunidade escolar” com estudantes, educadores, funcionários, familiares e parceiros locais, para criar sentimento de pertencimento e corresponsabilização em relação à escola.
PPP em prática: Revisitar o projeto político pedagógico da escola com a participação de toda a comunidade escolar e garantir que ele seja colocado em prática.
Metas: Definir e pactuar metas para o trabalho nas escolas, em conjunto com equipe, alunos, familiares e comunidade; criar e/ou fortalecer a cultura de coleta e análise de dados para a construção de planejamentos mais personalizados e assertivos; promover devolutivas das avaliações realizadas pela escola, pela secretaria de educação e pelo governo federal, adotando a transparência como um valor para a instituição escolar.
Trabalho coletivo: Fortalecer a ação coletiva na escola e a tomada de decisões a partir de olhares diversos e complementares; garantir tempo para o trabalho integrado da equipe escolar, com discussões qualitativas a respeito dos estudantes e suas necessidades e planejamento coletivo das ações pedagógicas e de gestão.
Interfaces com secretarias de educação: Criar um programa efetivo de diagnóstico pedagógico e de gestão de todas as escolas da rede; criar espaços de escuta dos estudantes pelas secretarias de educação; levar os técnicos das secretarias de educação para dentro das escolas; ampliar os canais de comunicação entre rede de ensino e escola.
Intercâmbio entre escolas:
Escolas unidas: Criar estratégias para que escolas próximas e/ou com desafios parecidos possam trabalhar em rede, incentivando e promovendo momentos de intercâmbio, trabalho conjunto e interação social, científica e pedagógica; criar redes sociais, bancos de práticas, entre outros mecanismos, para facilitar a troca de experiências entre escolas; promover encontros entre estudantes de diferentes escolas, com foco em projetos, currículo, discussões sobre educação etc.