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Inovações em Educação

Startup nascida em Stanford refina modelo de Mooc

Plataforma NovoEd, lançada nesta semana nos EUA, usa ferramentas para estimular o aprendizado entre pares e a criatividade

por Patrícia Gomes ilustração relógio 18 de abril de 2013

Ainda sob o frenesi causado, no ano passado, pela popularização dos Moocs, os cursos on-line, gratuitos, voltados a grandes públicos e ministrados por universidades de ponta, agora é a vez de empreendedores se preocuparem não mais com a abrangência, mas com a profundidade dessas iniciativas. Por isso, o professor Amin Saberi e sua aluna Farnaz Ronaghi desenvolveram uma plataforma para oferta de cursos baseados no aprendizado entre pares, com avaliações que extrapolam a lógica dos exercícios de resposta imediata – tudo isso a partir da capacitação dos próprios alunos para corrigirem as tarefas dos colegas. A startup NovoEd foi oficialmente lançada nesta semana nos EUA, mas já tem um portfólio com cursos que vão de criatividade a finanças dados por professores de renome. Uma nova leva de opções começa a ser oferecida na semana que vem.

“Criamos uma plataforma que abriga cursos motivadores, em que os alunos montam suas equipes, os times mudam com frequência e trabalham em projetos abertos”, afirma a iraniana Farnaz, que chegou a Stanford para fazer seu mestrado e agora se dedica às pesquisas de seu pós-doutorado. Ela conta que a ideia de criar a plataforma surgiu do encontro de três interesses: o seu, de ter um tema estimulante para sua tese; de seu orientador, já instigado com plataformas de aprendizado; e de um professor da universidade, que queria oferecer seu curso de empreendedorismo em um ambiente que fosse capaz de avaliar os alunos não só com questões de múltipla escolha.

NovoEd traz Moocs voltados para trabalho em grupocrédito philipbouchard / Flickr

Farnaz e seu orientador, então, tentaram entender como era esse curso quando ele acontecia presencialmente e desenvolveram uma plataforma que transpusesse essa experiência para o universo virtual. “Nós perguntamos como ele dava esse curso presencialmente. Ele nos disse que costumava propor trabalhos em grupos, que as equipes fazem apresentações, realizam tarefas ao longo do curso e entregam um plano de negócios para lançar uma startup”, contou. A dupla, então, desenvolveu uma plataforma ainda muito simples, à época chamada de Venture Lab, que incluia essas funcionalidades.

Mas isso foi no ano passado. De lá para cá, outros professores se interessaram pela plataforma, o algoritmo foi sendo refinado para responder a outras demandas e a Venture Lab se emancipou e virou a NovoEd. Hoje eles trabalham com uma lógica de avaliação que favorece a proposta de cursos não voltados à àrea de exatas. “Em aulas para muita gente, quando se propõe uma tarefa aberta, nós precisamos de dois elementos: notas, para avaliar como os alunos estão indo nas aulas, e feedback”, afirma Farnaz.

Para que isso seja possível, a NovoEd usa um sistema chamado Calibrated Peer Feedback, que em português significa algo como feedbacks calibrados e feitos por colegas. A empreendedora explica que o termo “calibrado” se refere às informações que ela insere na inteligência da plataforma cada vez que uma tarefa aberta vai ser proposta. “Quando o professor está elaborando uma tarefa, nós perguntamos: ‘se você fosse dar nota para esse trabalho específico, quais são os fatores que você levaria em conta?’”, conta Farnaz. A partir da resposta do professor, são criados critérios para a nota e as rubricas com o que precisa ser avaliado. “Esse material orienta os próprios alunos a como eles devem pensar quando estiverem avaliando uns aos outros”, afirma. Antes que os alunos comecem a corrigir as tarefas uns dos outros, o professor ainda corrige alguns trabalhos para servirem de exemplo. “Isso lhes dá a chance de entender melhor os critérios e as rubricas”, afirma.

Apesar de ainda estar no seu início, os cursos do NovoEd já chegaram a mais de 150 países. O segundo país com o maior número de alunos inscritos é o Brasil

Além dos cursos gratuitos e abertos, a NovoEd já tem oferecido algumas disciplinas exclusivas para Stanford, nas quais os professores mesclam atividades presenciais e on-line. No primeiro caso, os cursos não recebem crédito oficial – “os alunos recebem um certificado de conclusão e podem usá-lo, por exemplo, quando se candidatam a um emprego”. No segundo caso, os cursos valem créditos normalmente. Para tornar a plataforma um negócio financeiramente viável, os empreendedores apostam na parceria com instituições de ensino que ofereçam cursos pela plataforma.

Apesar de ainda estar no seu início, os cursos do NovoEd já chegaram a mais de 150 países. O segundo país com o maior número de alunos inscritos é o Brasil, o que faz com que Farnaz considere a possibilidade de oferecer cursos em português no futuro. Enquanto isso não acontece, existem diversas disciplinas em inglês que começam suas aulas nas próximas semanas.

Confira, a seguir, as opções.

A Crash Course on Creativity
Dado por Tina Seelig
Início em 22 de abril

Finance
Dado por Kay Giescke
Início em 22 de abril

Technology Entrepreneurship I
Dado por Chuck Eesley
Início em 29 de abril

Mobile Health without Borders
Dado por Eric LeRoux e Homero Rivas
Início em 29 de abril

Sustainable Design and Product Management
Dado por Dariush Rafinejad
Início em 15 de maio

Hippocrates Challenge
Dado por Jill Helmes
Início em 15 de maio


TAGS

ensino superior, mooc, tecnologia, videoaulas

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