Colégio Pernambucano renasce das cinzas e vira referência
Ginásio Experimental Pernambucano tem disciplinas eletivas para os alunos estudarem o que gostam
por Vagner de Alencar 5 de outubro de 2012
Ele foi fundado em 1825, inaugurado por dom Pedro 1o décadas depois e teve entre seus alunos ilustres nomes como Ariano Suassuna e Clarice Lispector. O Colégio Pernambucano foi da glória à ruína durante o século passado, até ser fechado na década de 90 devido a suas péssimas condições de infraestrutura. Reaberto em 2004 com o nome de Ginásio Experimental Pernambucano, a escola, voltada apenas para ensino médio, passou a adotar um modelo de educação integral com uma grade curricular mais flexível e orientação para o projeto de vida de cada aluno, que fez a instituição voltar a colecionar bons resultados.
A ideia de preparar o jovem para a vida está no cerne do projeto e é trabalhada individualmente, a partir do desenho que os estudantes fazem daquilo que eles pretendem ser. Os professores do Colégio Pernambucano, então, se incumbem de criar disciplinas eletivas de acordo com as áreas de interesse demonstradas nessas análises. Os alunos com afinidades comuns passam a se encontrar, mesmo não sendo da mesma turma ou idade. A oficina de cinema é um exemplo. Nela, o aluno reúne conhecimentos por meio da integração das disciplinas, aprendendo física com as lentes de uma câmara, estudando artes a partir de técnicas de estética visual ou até mesmo, por meio de linguagens, aprendendo outro idioma.
“É preciso seguir um processo estruturado para este projeto de vida, que acompanhe o aluno àquilo que ele realmente quer ser. Esse método não é para definir uma carreira, mas para apoiá-los”, afirma Thereza Paes Barreto, consultora do ICE (Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação), instituto que implementou o modelo de ginásios experimentais, já usado em outros estados do país.
A necessidade de dar oportunidade de o jovem experimentar várias áreas também é reforçada por Marcos Magalhães, presidente do ICE e ex-aluno do Colégio Pernambucano. “O ensino médio é a porta de saída do jovem para o mundo. Não importa se ele pretende fazer faculdade ou não, se tornar engenheiro, militar ou até mesmo montar um empreendimento. É justamente neste momento que ele precisa traçar o seu projeto de vida”, afirma.
O trabalho interdisciplinar e de estrutura curricular flexível é facilitado pelo modelo da escola. Sua carga horária é das 7h30 às 17h, seus professores trabalham em dedicação exclusiva e recebem bonificação por resultados. Entre as disciplinas eletivas oferecidas como astrofísica, cinema, música ou artes, além de atividades práticas em laboratórios de informática, feiras de ciências e olimpíadas do conhecimento.
Resultados
Para Neuza Mendonça, gestora do Ginásio Pernambucano, o sucesso do modelo vem sendo avaliado por meio de indicadores externos. “O número de aprovações no vestibulares, em geral, chega a 70%, enquanto nas universidades públicas o índice de nossos alunos é de quase 50%”, afirma. Dos 187 estudantes inscritos no vestibular no ano passado, 135 foram aprovados, sendo 90 em universidades públicas.
Os resultados também são refletidos no número de medalhas em olimpíadas, premiações regionais, nacionais e intercâmbios. Em 2010, um estudante foi premiado com medalha de bronze e outros dois com menções honrosas na Obmep (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas). Vinte estudantes foram selecionados para o programa Leadership da Embaixada Americana. Já em 2011, três estudantes foram premiados na OJE (Olimpíadas de Jogos Digitais de Educação) e um recebeu medalha de bronze na Olimpíada de Matemática. Neste ano, dez estudantes foram selecionados para Intercâmbio nos Estados Unidos e Canadá pelo Programa Ganhe o Mundo.
Parcerias
Em 2010, o Colégio Pernambucano, em parceria com o Centro Cultural Brasil-Alemanha e Instituto Goeth, passou a integrar o ensino língua alemã à grade curricular, cujas aulas são dadas por voluntários alemães. De acordo com Thereza, a iniciativa ganhou corpo e oito estudantes recifenses já ganharam bolsas de intercâmbio no país europeu.
Outra parceria, com a ONG americana Junior Achievement, leva práticas de empreendedorismo para dentro da escola. Por meio do programa Miniempresa, os alunos vivenciam o dia a dia de uma empresa e aprendem diferentes técnicas de como fazer pagamentos, abrir contas, gerir a liquidação da empresa.