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Inovações em Educação

Escola de música usa rock para ensinar valores

Franquia internacional chega a SP com a proposta de fazer alunos aprenderem a improvisar e lidar com a pressão de forma divertida

por Vinícius Bopprê ilustração relógio 13 de setembro de 2013

O Rock in Rio 2013 começa neste fim de semana e, ao longo de sete dias de programação, centenas de milhares de pessoas vão acompanhar, a gritos e lágrimas, os shows de bandas como Metallica, Muse, Bon Jovi e Skank. É essa energia que a música proporciona que a School of Rock (Escola de Rock), que acaba de chegar em São Paulo, quer aproveitar para ensinar valores como trabalho em grupo, ética e improviso para crianças, jovens e adultos.

Localizada no bairro de Moema, em São Paulo, a unidade, que faz parte de uma franquia que deu origem ao famoso filme homônimo (2003) estrelado por Jack Black, aposta no ensino performático para atrair as crianças e ajudá-las, por meio da música, a desenvolver outras habilidades. “É com a música que a gente aprende certos valores, como aproveitar o talento e as limitações dos outros dentro de um grupo, aprende a lidar com pressão, a falar em público e, principalmente, saber impor nossas ideias e vontades”, afirma Nando Ramos, músico e diretor da escola.

Escola do Rockcrédito: Jürgen Fälchle/Fotolia.com

Não faltam prova de que o ensino musical ajuda os alunos a se desenvolver em outras áreas e a se engajar nos estudos. Pesquisa divulgada neste ano pela University at Buffalo Graduate School of Education analisou o comportamento de 165 crianças de educação infantil que participavam de atividades musicais durante o período letivo. Os resultados mostraram que o ensino de música aumentou significativamente vocabulário oral e a compreensão de gramática nas crianças, sendo especialmente eficaz para aquelas que tinham habilidades relacionadas ao letramento mais baixas no início do projeto.

“Quando você diz para uma criança de 4 anos, por exemplo, que ela precisa cuidar bem do instrumento musical dela, precisa se esforçar para conseguir produzir um som com ele, automaticamente ela vai desenvolver responsabilidade, dedicação e, acima de tudo, vai perceber que dá pra aprender muito se divertindo”, afirma Denise Rezende, coordenadora da School of Rock e do Little Wings, programa da franquia que dá aulas de musicalização para crianças de 4 a 6 anos em escolas, clubes e outras instituições parceiras.

Diferente de uma escola de música tradicional, que começa pelas teorias da música e de leitura de partitura para depois aprender a tocar, a School of Rock, que ensina guitarra, teclado, bateria e baixo, é focada na performance. Ao longo de 6 meses, os alunos precisam formar sua banda, escolher o repertório e ensaiar para, ao final de tudo, realizar um show no palco da própria escola. “Aqui a gente busca o estímulo do modo inverso. Primeiro damos o gostinho de tocar a música, depois parte do próprio aluno o interesse por estudar a teoria da música”, diz Ramos.

Com a ideia de ensinar música dos “4 aos 120 anos”, os grupos da escola são divididos da seguinte maneira: Rock 101, para crianças de 7 a 11 anos; Performance Program, de 12 a 17 e o Adult Program, para pessoas com mais de 18 anos. Apesar de não misturar pessoas de idades diferentes, Nando afirma que um dos métodos da escola é envolver alunos com diferentes níveis de habilidade na mesma banda para que a troca de informações e aprendizado seja cada vez mais rica.

Escola do Rockcrédito: Divulgação

“É importante que o aluno esteja pronto para qualquer situação, inclusive para o erro. Entretanto, o erro aqui não é sinal de que algo não vai bem. Ao contrário, é um estímulo para que ele crie coragem de improvisar, de se virar sem precisar desistir, já que o show não pode parar”, explica o diretor, que acredita que essas habilidades desenvolvidas a partir do erro podem ajudar os alunos em outras etapas da vida, como nas entrevistas de trabalho, durante a prova do vestibular e até mesmo nas apresentações de conclusão de curso da universidade.

Ao se matricular na escola, o aluno precisará frequentar as aulas duas vezes por semana. Ou melhor, uma vez por semana, já que essa segunda vez será dentro dos estúdios, para ensaiar o repertório. Decorados com cartazes de bandas de rock e de outros ícones, como Elvis Presley (que também dá o nome ao palco que acontecem os shows), os estúdios possuem instrumentos musicais, amplificadores e equipamentos de gravação, para que os alunos possam levar a música e escutar em casa para continuar o treinamento.

Ramos afirma que a escolha dos professores é mais baseada no seu conhecimento musical em termos de gêneros, estilos e referências do que “nas notas que ele é capaz de executar em um minuto”. Segundo ele, mais do que ser um profissional da música, o educador precisa, antes de mais nada, saber usar Led Zeppelin, The Beatles e AC/DC para inspirar os alunos a serem pessoas melhores em suas vidas.


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