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Inovações em Educação

Escola municipal é modelo de ensino “verde”

Escola Municipal do Rio Grande do Sul une educação ambiental ao currículo tradicional e inspira outras instituições

por Vagner de Alencar ilustração relógio 13 de junho de 2012

Eles militam em defesa dos dourados, peixes ameaçados de extinção, aprendem sobre as plantas aquáticas que vivem na bacia do Rio dos Sinos, sabem reciclar pneus e cacos de vidro, e ainda fazem tudo isso enquanto aprendem português, ciências e matemática. Eles são os alunos da Escola Municipal 25 de Julho, da cidade de Campo Bom, no Rio Grande do Sul, instituição de ensino que está atrelando ao currículo tradicional práticas de educação ambiental.

Por lá, as cadeiras, que antes eram velhas e inutilizadas, foram encapadas com banners, os pneus se transformaram em pufes, cacos de vidro e cerâmica viraram mosaicos e outros materiais recicláveis se converteram em sacolas ecológicas utilizadas pelos alunos para transportar os livros sobre consciência ambiental que ganharam na escola.

No pátio da escola, que atende 600 alunos de ensino fundamental, foi instalada uma miniatura do Rio dos Sinos, onde os estudantes aprendem, na prática, sobre a preservação da principal bacia hidrográfica da região. Fora dos muros da instituição, os alunos vão à campo para cultivar hortas, recolher materiais não degradáveis para reciclagem, conhecer os rios, a fauna e a flora locais.

Monitores ambientais

Para dar vazão à quantidade de projetos sustentáveis, a escola mantém monitores ecológicos que ficam por conta dessas iniciativas. Esses monitores são professores selecionados na própria escola que passam por um treinamento específico sobre meio ambiente e aprendem a mesclar conteúdos sustentáveis com aulas de português, matemática e ciências.

Segundo Margarida Telles, coordenadora dos projetos ambientais da escola, o modelo de currículo sustentável quer ir além da sala de aula. “Tudo que é feito na escola não é descartável. O que é produzido na horta, é doado para a comunidade. As técnicas de reciclagem que os meninos aprendem são replicáveis em casa também. Estamos sempre pensando na vida útil das propostas, para que as crianças realmente possam aproveitá-las e passá-las adiante paras outras pessoas”, afirma.

A fama sustentável da escola tem inspirado outras instituições do RS. As escolas municipais de Campo Bom têm, inclusive, visitado a 25 de Julho, para aprender com o seu modelo de educação ambiental e replicar as ideias para seus alunos. O modelo também rendeu prêmios. O último deles, em maio deste ano, o Boas Práticas do Brincar e do Aprender Pela Experiência, prêmio concedido pela Unilever. Em 2011, a escola também recebeu o prêmio Instituto Claro – Novas Formas de Aprender e Empreender. Além disso o projeto Conhecendo os Banhados, rendeu dois outros prêmios, um pela Ford, em 2008 e outro pela Fundação Educador DPaschoal, em 2006.

Os Banhados

Uma das iniciativas realizadas na 25 de Julho é o Projeto Dourado que leva conscientização ambiental para a população, enfatizando o impacto humano causado no ciclo da vida do dourado, peixe comum na região. O projeto acontece desde 2002, em parceria entre Comitesinos – comitê de gerenciamento da bacia hidrográfica do Rio dos Sinos –  e com as prefeituras dos municípios vizinhos.

crédito divulgação Escola Municipal 25 de Julho

 

Dentro do projeto, foi criado também, em 2006, o premiado Conhecendo os Banhados que alerta para a preservação dos banhados (ecossistemas alagados comuns no Rio Grande do Sul). A proposta nasceu originalmente dentro da 25 de Julho e hoje é replicada por diferentes escolas dos municípios próximos.

As atividades práticas incluem visitas às margens do Rio dos Sinos onde os alunos observam o acúmulo de lixo, as erosões geradas por dragas e a falta de mata ciliar. Aprendem também ciências ao observar como caramujos, mexilhões e lambaris se desenvolvem em seu habitat. Além disso, em sala de aula, as visitas se tornam conteúdos de português: as crianças escrevem redações sobre as experiências.

Outro exercício inclui o estudo as plantas aquáticas. Os estudantes veem como os peixes se alimentam dessas plantas, fazem anotações e fotografam aguapés, alface-d’água, estrela-branca, elodea e lentilha d’água.  E depois tudo é registrado no blog da escola.


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escolas inovadoras, sustentabilidade

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