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Inovações em Educação

Música melhora aprendizado de crianças na Austrália

Projeto da ONG The Song Room, que já trabalhou com mais de 250 mil estudantes no país, é finalista do prêmio Wise 2014

por Fernanda Nogueira ilustração relógio 3 de setembro de 2014

Criada há cerca de 15 anos na Austrália, a organização não-governamental The Song Room leva música de qualidade e aulas de arte a estudantes de baixa renda do país. Nesse período, o projeto já atingiu mais de 250 mil crianças, que passaram a se desenvolver melhor na escola. “Nossa visão é que todas as crianças da Austrália têm a oportunidade de ter contato com música e arte para melhorar sua formação, seu desenvolvimento pessoal e seu envolvimento com a comunidade”, afirmam os porta-vozes do projeto.

Essa ambição e os resultados comprovados colocaram o projeto entre os 15 finalistas do Wise Awards 2014. Lançado em 2009, o prêmio identifica e promove soluções diferenciadas e inovadoras para os desafios educacionais do mundo real. Os nomes dos seis vencedores deste ano serão anunciados em meados de setembro e a premiação ocorrerá na sexta edição do World Innovation Summit for Education, que acontece entre 4 e 6 de novembro em Doha, no Catar. Cada um deles receberá US$ 20 mil. Essa é a primeira vez que a ONG concorre ao prêmio. Caso ganhe, a organização pretende usar o dinheiro para chegar a mais escolas da Austrália.

Atualmente, os workshops da The Song Room atingem cerca de 15 mil crianças toda semana. Os programas são adaptados às necessidades delas e das escolas onde são ministrados. Tudo é feito em parceria com a comunidade e com a ajuda da internet, em busca de resultados sustentáveis para estudantes, professores e para a comunidade escolar.

“Defendemos o ensino de música e arte por seus valores intrínsecos e extrínsecos. Em outras palavras, nossos programas existem para o benefício da educação dentro das disciplinas artísticas e também pelos muitos outros benefícios que o acesso às artes têm para o aperfeiçoamento da performance acadêmica, do engajamento escolar e do bem-estar social e emocional. Nossos programas são projetados para preencher este espaço educacional e para fornecer aos estudantes australianos a oportunidade de realizarem o seu melhor”.

Neste ano, o projeto celebra uma data especial, os dez anos de workshops feitos dentro das escolas. A organização começou em um pequeno escritório em Melbourne e cresceu. Hoje, leva suas aulas a todos os estados e territórios da Austrália. Estudantes de 5 a 12 anos são a maior parte do público, mas, em comunidades muito pobres, crianças da pré-escola, de zero a 5 anos, também são atendidas.

Divulgação

 

O projeto emprega artistas profissionais com experiência em ensino para trabalharem nas escolas. Primeiro, a ONG se reúne com a comunidade escolar para identificar seus objetivos e adaptar o programa àquelas necessidades específicas. Depois, o professor de arte começa os workshops semanais com os alunos, que duram entre seis e 18 meses. Além disso, os profissionais de música e arte ajudam professores generalistas a desenvolverem as habilidades necessárias para dar continuidade às aulas ao final do programa. Dependendo da especialidade do professor, os workshops podem ser construídos em torno de canto, percussão, instrumentos de cordas, artes visuais, dança ou teatro.

Segundo a ONG, música e arte são maneiras efetivas de ajudar as crianças a desenvolverem suas habilidades em todos os aspectos da vida escolar. Pesquisas mostraram que as crianças que participaram dos workshops por seis meses melhoraram seus resultados em leitura, matemática e ciências.

Um estudo independente feito pela organização destacou três importantes resultados: a melhoria da leitura e da habilidade de trabalhar com números em mais de um ano; o corte quase pela metade da proporção de crianças nos mais baixos níveis de bem-estar social e emocional e a redução das faltas em mais de 65%.

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A pesquisa mostrou ainda que os estudantes ficaram mais confiantes, menos solitários e começaram a se engajar mais nos estudos e com os colegas. “Ensinando música e arte às crianças, nós as ajudamos a entender como expressar suas emoções e opiniões de uma forma positiva. Com isso, conseguimos encorajar estudantes que antes eram desinteressados a se tornarem membros positivos de sua comunidade”, dizem os organizadores.

De acordo com a ONG, o ensino de artes ajuda ainda a diminuir a desigualdade na performance educacional entre estudantes de diferentes níveis sociais e econômicos. Um exemplo é que jovens de origem indígena, que em geral chegam aos 15 anos com dois anos de atraso nos conhecimentos de leitura em relação a outros estudantes, ficam quase no mesmo patamar dos colegas depois de participarem do programa.

“The Song Room possibilita às crianças experimentarem um ambiente de aprendizado divertido, interativo, de coleguismo e não ameaçador. Eles ajudam os estudantes a explorar suas próprias habilidades e talentos para se destacarem”, afirma a ONG.

Recentemente, a organização lançou um programa de aulas on-line, chamado ARTS:LIVE, que oferece recursos pedagógicos para a educação criativa de aulas de artes a todas as escolas do país. Essas aulas equipam professores generalistas para ensinarem arte e música. Depois de um ano de lançamento, o programa já foi acessado por mais de duas mil escolas e está disponível ainda para o treinamento de educadores na universidade.


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