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Como Inovar

Um laboratório, quatro espaços de aprendizagem

Conheça diferentes ambientes inovadores aplicados ao ensino de engenharia na Escola Politécnica da USP

por Eduardo de Senzi Zancul e Maria Alice Gonzales ilustração relógio 26 de agosto de 2014

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Este conteúdo faz parte da
Série Engenharia

A discussão e as ações acerca do aprimoramento do ensino de engenharia estão bastante avançadas, envolvendo temas como a adoção de abordagens ativas de ensino, a busca por formação multidisciplinar, a adoção de ferramentas online complementares ao ensino presencial, o incremento do uso de laboratórios didáticos, entre outros temas que estão sendo discutidos no escopo desta série especial “O futuro do ensino da engenharia”, realizada em parceria entre docentes da Escola Politécnica da USP e o Porvir.

Nesse cenário de evolução do ensino de engenharia, deve-se observar que mudanças na abordagem de ensino poderão implicar em adequações na arquitetura das instituições de ensino e das salas de aula. A preocupação com a necessidade de se estabelecer novos espaços de aprendizagem é crescente. Por exemplo, em um texto publicado recentemente, o reitor do MIT (Massachusetts Institute of Technology), dos Estados Unidos, questiona que diferentes espaços de aprendizagem os câmpus universitários deverão ter no futuro.

Atualmente, observa-se em universidades conceituadas mundialmente o incentivo à criação e à disseminação de espaços para ensino de engenharia com grande foco em prototipagem. São oficinas de trabalho multidisciplinar, com infraestrutura tecnológica diversificada, envolvendo várias disciplinas, como mecânica, eletrônica, desenvolvimento de softwares e construção civil. Os equipamentos variam em sofisticação, desde máquinas manuais simples até modernos e complexos equipamentos. Uma característica comum desses espaços de prototipagem é a abertura para utilização dos equipamentos diretamente pelos estudantes em horários amplos de funcionamento, incentivando a curiosidade, a autonomia, a responsabilidade pela segurança e a permanência dos estudantes na universidade para o desenvolvimento de seus trabalhos.

Na Escola Politécnica da USP, o InovaLab@POLI tem atuado para oferecer espaços de aprendizagem diferenciados para os estudantes de engenharia. Lançado em 2013, é um laboratório de ensino de graduação que visa a oferecer infraestrutura para que os alunos possam desenvolver os seus projetos de diversos tipos – para disciplinas dos cursos de engenharia, de formatura, trabalhos de iniciação científica, para competições de engenharia em diversas áreas, bem como projetos de inovação que podem resultar até mesmo no surgimento de novos negócios.

O InovaLab@POLI conta com quatro espaços físicos distintos: uma Sala de Aula adaptável para aulas baseadas em problemas e projetos, uma Sala de Projetos, uma Oficina de Prototipagem Mecânica e uma Oficina de Prototipagem Eletrônica. Na Sala de Aula, os móveis podem ser rearranjados para aulas em equipes de quatro a oito alunos trabalhando em conjunto para resolver um problema proposto pelo professor ou desenvolver um projeto. A projeção de imagens utilizada pelos professores ocorre simultaneamente em duas paredes opostas da sala, de modo que todos os alunos presentes possam visualizar adequadamente o material. O professor fica geralmente posicionado no centro da sala, tendo maior proximidade com os alunos. A Sala de Aula é utilizada em horários regulares da grade curricular para atividades em equipe e também para iniciar atividades de projeto que podem ter continuidade posteriormente de forma mais autônoma pelos alunos nos demais espaços de aprendizagem do InovaLab@POLI.

A Sala de Projetos oferece infraestrutura para desenvolvimento de projetos dos alunos. Estão disponíveis espaços de reunião equipados com mesas, lousas, monitores de projeção de grande porte e câmera de videoconferência. Adicionalmente, estão disponíveis diversos computadores que permitem acesso a um amplo conjunto de softwares avançados de projeto de engenharia. O espaço também conta com quatro impressoras 3D para a fabricação de componentes específicos, bem como ferramentas manuais simples para montagens finais e ajustes de protótipos. Catálogos e manuais de componentes podem ser consultados durante as atividades de projeto.

Por fim, a Oficina de Prototipagem Mecânica e a Oficina de Prototipagem Eletrônica oferecem ferramentas e equipamentos para a fabricação de protótipos pelos próprios alunos, permitindo a materialização dos projetos de engenharia em protótipos a serem testados com os usuários potenciais das novas soluções.

Os resultados preliminares levantados após a implantação dos espaços de aprendizagem do InovaLab@POLI indicam impacto positivo na motivação e no engajamento dos estudantes que utilizaram o espaço em algumas de suas atividades. Por se tratar de uma experiência ainda recente, mais pesquisas estão sendo estruturadas para avaliar os impactos efetivos no aprendizado dos alunos e indicar os aperfeiçoamentos necessários.

Sobre os autores:
Eduardo de Senzi Zancul é professor do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica (POLI) da Universidade de São Paulo (USP). É vice-coordenador do InovaLab@POLI. Atua na POLI na área de desenvolvimento de novos produtos, com ênfase em projetos de inovação e de empreendedorismo.

Maria Alice Gonzales é arquiteta (FAUUSP) e mestranda do Programa Construinova da Engenharia Civil da Escola Politécnica (POLI) da Universidade de São Paulo (USP).


TAGS

educação mão na massa, engenharia, ensino superior, série engenharia

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