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Diário de Inovações

Professora desenvolve projeto que estuda cultura afro na matemática

Em Joinville (SC), programa de Etnomatemática leva jogos, gráficos, capoeira e búzios para a sala de aula

por Andreia Cristina Maia Viliczinski ilustração relógio 11 de abril de 2018

Todos os povos têm os seus saberes, seu acúmulo específico de experiências, aprendizados e invenções. O raciocínio, a razão, o pensamento lógico e abstrato, as capacidades de observar, comparar, medir e selecionar, estão presentes em todas as sociedades. Em maio de 2016, foi dado início a atividade do programa Etnomatemática com 17 alunos do segundo ano da Escola de Ensino Médio Governador Celso Ramos, em Joinville (SC).

A Afroetnomatemática é a vertente deste programa, que visa o estudo dos aportes africanos e afrodescendentes à matemática. Sendo assim, são abordados temas como o osso de Ishango, o jogo Mancala, fractais, gráficos na areia (também conhecidos como gráfico de Sona), capoeira e o jogo de búzios. Eles propiciaram aos alunos a construção de situações problemas através da história para o estudo da probabilidade. Este conteúdo faz parte da matriz curricular do segunda série do ensino médio.

Conforme a Proposta Política e Pedagógica da escola, de forma democrática e comprometida com a promoção do ser humano na sua integralidade, o projeto estimula a formação de valores, hábitos e comportamentos que respeitam as diferenças e as características próprias de grupos e minorias. Desse modo, foi entendido neste projeto que discutir relações étnicos raciais que permearam a construção desse país deve ser uma obrigação de todos os cidadãos.

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Através das pesquisas realizadas em sala de aula, foram abordados vários conteúdos matemáticos através da história da África como, por exemplo, frações na música, análise combinatória nos gráficos de Sona, formas geométricas nos fractais, raciocínio lógico no jogo Mancala, números primos no osso de Ishango, ângulos na capoeira e por fim, probabilidade no jogo de búzios.

Cientes de que o racismo permanece vivo e atualizado pelo desenvolvimento das relações de produção capitalistas contemporâneas, através desse projeto repensamos a história dos africanos e de seus descendentes, articulando os conflitos da humanidade como um todo.

Demos início ao projeto ‘África o Berço da Matemática’ com a exibição do filme Besouro. Este conta um pouco da memória dos afrodescendentes no Brasil, relatando a história da capoeira e da religião desse povo. Em seguida, a classe foi dividida em quatro equipes de cinco alunos. Cada grupo recebeu um tema conforme suas propensões que foram observada ao longo do ano letivo na sala de aula, na convivência com os alunos nos intervalos e nas atividades extraclasse como, por exemplo, o show de Talentos.

Os temas abordados foram: O osso de Ishango e o jogo Mancala; os fractais e os gráficos de Sona; a música africana; a capoeira e jogo de búzios. Com os temas definidos, foi dado início as pesquisas para elucidar o significado e a ligação de cada um com a matemática. Em seguida, cada equipe apresentou em sala de aula a pesquisa em forma de vídeo ou Power Point.

Para finalizar, foi realizada com as turmas do magistério uma oficina sobre o jogo Mancala utilizando apenas caixas de ovos e sementes de milho. O intuito era incentivar as alunas a trabalharem com jogo na educação infantil, a qual a maioria já está inserida no mercado de trabalho ou aplicando seus estágios.

 

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Andreia Cristina Maia Viliczinski

Professora de matemática na rede Pública de Ensino de Santa Catarina. Formada em 2007 em licenciatura plena em matemática pela Univille e pós-graduada em ciências e tecnologia em 2017 pela Universidade Federal de Santa Catarina. Finalista do Educador nota 10 de 2017. Ganhadora do Diploma de Mérito Educacional do Conselho Estadual de Educação em 2017.

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