192 mil alunos do Ceará fazem testes adaptativos
De olho no Enem, alunos da rede estadual cearense respondem a simulado inteligente, que entende pontos fracos e fortes de cada um
por Patrícia Gomes 20 de junho de 2013
Fazer prova, quem é estudante vai concordar, pode ser uma experiência muito traumática. O aluno recebe o teste corrigido, olha quanto tirou, compara com os colegas e pronto, só lhe resta comemorar ou esquecer, até que venha o próximo. Mas 192 mil alunos de 2o e 3o anos de ensino médio e de EJA (Educação de Jovens e Adultos) da rede estadual do Ceará começam a experimentar um simulado inteligente para a preparação para o Enem que usa a tecnologia para ajudar o aluno a entender o que sabe e não sabe e traçar planos, segundo suas metas individuais. A iniciativa faz parte das atividades do Laboratório de Excelência em Aprendizagem Adaptativa, lançado numa parceria entre a Secretaria de Educação do Ceará e a Geekie, empresa que desenvolve a tecnologia.
A aplicação das avaliações, feitas on-line, começou nesta semana e segue até julho. Depois de respondidas as questões, cada aluno recebe, em tempo real, um relatório individual que identifica até cinco pontos fortes e cinco fracos para cada área do conhecimento usada no Enem – linguagens, ciências humanas, ciências da natureza e matemática. O diagnóstico mostra ainda a posição atual do aluno em cada eixo e quanto seria necessário tirar para alcançar as notas de corte do ano passado para a carreira e o curso desejado. “O simulado vai muito além de uma simples avaliação. Ele é uma ajuda para o aluno saber o que precisa priorizar para alcançar o que quer”, afirma Claudio Sassaki, cofundador da Geekie.
Além do simulado de agora, outros dois serão aplicados no segundo semestre, de forma que o aluno vai poder acompanhar a progressão de seu aprendizado. “Os simulados são muito oportunos porque permitem que o aluno volte das férias sabendo o que precisa estudar”, afirma Mauricio Holanda, secretário adjunto de Educação do Ceará. Tal acompanhamento só é possível porque, como o Enem, as provas aplicadas foram elaboradas a partir da TRI (Teoria de Resposta ao Item), sistema que consegue “entender” o padrão de resposta dos alunos e comparar provas distintas.
De acordo com Holanda, inscreveram-se no simulado 91 mil dos 116 mil alunos do 2o ano do ensino médio, 91 mil dos 99 mil 3o ano e ainda 10 mil de EJA (Educação de Jovens e Adultos). Essa adesão em massa à prova, diz o secretário, faz parte de uma estratégia maior da secretaria de estimular que seus alunos façam o exame, uma vez que as três instituições federais de ensino superior do estado usam o Enem como vestibular. Como os resultados dos alunos ficam digitalmente registrados, ressalta Sassaki, a rede pode se beneficiar também porque professores, diretores e gestores públicos terão acesso a dados detalhados em tempo real do desempenho de alunos, turmas, cidades. “Esse mapeamento do estado permite saber rapidamente pontos que ainda precisam ser trabalhados”, diz o empreendedor.
De acordo com Sassaki, o uso dos simulados é apenas o primeiro passo para personalizar o ensino das escolas públicas da rede e fazer com que esses alunos possam se beneficiar do blended learning, ou ensino híbrido, que tem se mostrado como uma forte tendência internacional. O conceito é usado para descrever o aprendizado possibilitado pelo uso mesclado de momentos em que os alunos aprendem sozinhos, com o auxílio da tecnologia, com outros, em que a aula é facilitada pelo professor. “A universidade era um sonho muito distante [para muitos alunos]. Agora, eles a percebem como algo factível e um meio de ter um futuro melhor”, completa Holanda.