30 maneiras de acalmar uma sala barulhenta no ensino médio - PORVIR
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Inovações em Educação

30 maneiras de acalmar uma sala barulhenta no ensino médio

Do silêncio estratégico ao sussurro dramático, professores compartilham táticas simples e eficazes para recuperar a atenção dos estudantes em segundos

por Anne Noyes Saini, do Edutopia ilustração relógio 28 de agosto de 2025

Como conquistar rapidamente a atenção de adolescentes dispersos e barulhentos sem recorrer a rotinas que os façam se sentir de volta aos anos iniciais do ensino fundamental?

As táticas que funcionam para silenciar turmas mais novas, como bater palmas, tocar um sino ou cantar músicas, não têm o mesmo efeito no ensino médio. Isso porque os adolescentes desejam autonomia e valorizam ser tratados com o respeito de jovens adultos.

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O que costuma funcionar, segundo professores ouvidos pelo site Edutopia, é ter um repertório flexível de práticas simples, rápidas e já testadas. O ideal é poder escolher a mais adequada para cada situação e clima da sala. Na verdade, quanto mais simples, melhor, comenta uma professora de ensino médio: “Costumo usar uma de três estratégias, dependendo do nível de caos na sala.”

Para ter maior impacto, é importante apresentar as rotinas já nas primeiras semanas de aula e retomá-las sempre que necessário ao longo do ano. “A primeira coisa que ensino aos meus alunos é como voltar ao silêncio”, conta Laure Olivieri, professora de inglês na França. “Eu levanto a mão e peço que todos façam o mesmo e parem de falar ao mesmo tempo. Depois, ensaiamos algumas vezes.”

Independentemente da técnica escolhida, os professores concordam que as estratégias não precisam ser elaboradas, mas precisam ser claras e consistentes. “É só sobre usar uma linguagem simples e manter uma rotina constante”, reforça a professora Kathrine Kyriacou. “Deixe as danças interpretativas criativas de lado.”

A seguir, reunimos as estratégias favoritas de professores do ensino médio. Quais as suas dicas? Participe nos comentários!

Grupo de quatro jovens sentados em escada ao ar livre, rindo e conversando.
motortion/DepositPhotos

Usar estratégias rápidas para recuperar o foco

Ficar em silêncio: “Eu simplesmente fico em silêncio e apenas permaneço ali parada”, conta a professora Vanita Harris Vance. Outros acrescentam o “olhar de professor” ou param de falar no meio da frase. “Eu paro abruptamente e apenas encaro o aluno que fala”, diz Glenn S. “Os alunos se calam na hora porque é incomum.”

Esperar a pausa: “Observe o padrão do barulho”, sugere Marianne Kearney-Brown. “No próximo momento de silêncio, fale em voz baixa: ‘Preciso da sua atenção’ ou ‘O tempo de trabalho em grupo acabou’. Funciona incrivelmente bem.”

Contar de forma inesperada: Faça uma contagem, mas acrescente algo fora do padrão. Exemplo: “5… 4… 3… polvo… 1”, indica o professor de inglês Marcus Luther. O professor de matemática Joaquin Colon faz parecido: “Vamos trazer o foco em 5… 4… 731,8…”. O resultado é silêncio imediato e um “Como é que é?” dos estudantes.

Transformar em jogo: “Quando apelamos à infância deles, eles adoram”, diz Lindsay, professora de inglês no Canadá. O jogo preferido dela é “Se você me ouve, toque o nariz”. Outra professora, Veronica Foster, coloca o dedo no nariz em silêncio, e quem percebe imita o gesto. “O último a fazer precisa me ajudar com alguma tarefa da sala”, explica.

Lançar uma pergunta surpresa: Uma forma rápida de interromper a conversa é lançar uma questão direta. “Olho para eles e digo: ‘Ok, quem vai apresentar primeiro?’”, conta a professora Erin Nickel.

Dar um aviso prévio: Adolescentes valorizam clareza e respeito às expectativas. A professora Anna Parker Clinkman costuma dizer: “Esta explicação vai durar cerca de 10 minutos, e eu preciso de silêncio para que todos possam ouvir. Vai demorar mais se houver interrupções.”

Reforçar positivamente: Chame atenção para quem já está focado. “Com uma turma bem barulhenta, usei a técnica da educação infantil: ‘João está pronto. Maria está pronta’”, relata Denise Yellen Ganot. “Eles se apressaram para ouvir seus nomes. Não acreditei que funcionou.”

Propor respiração profunda: “Se você me ouve, respire fundo. Agora mais uma vez!”, orienta uma professora de inglês. Ela explica que além de acalmar os alunos, a técnica ajuda a acalmar a si mesma.

Oferecer recompensas coletivas: Alguns professores tornam o processo mais lúdico. “Transforme em algo divertido em vez de punitivo”, sugere Elle Be Cee Zee. Renee Broussard usa um pote de bolinhas: adiciona quando estão focados, retira quando ficam barulhentos. Ao encher o pote, ganham uma semana sem tarefas de casa.

Pedir com respeito: Quando nada mais funciona, o professor John A. aposta no básico: “Eu simplesmente digo ‘Com licença’. Nunca falha, porque adolescentes, como qualquer pessoa, querem ser respeitados.”

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Conquistar a atenção pelo olhar

Levantar a mão: Para muitos, esse é o sinal de silêncio. “Ensino já no primeiro dia que este é meu gesto para que todos fiquem em silêncio e prestem atenção no que estou falando”, conta Angela Cecchini Larkin.

Escrever no quadro: A professora Marlena P. escreve no início da aula: “O primeiro grupo que ficar em silêncio sai primeiro.” Já Patricia R. cria suspense: começa uma frase no quadro e só revela o final quando a turma se acalma.

Digitar na tela: Quando não ouvem, Jeremy Stefan Brooks abre um Google Doc projetado e começa a digitar uma tarefa. “Assim que escrevo a data de entrega, está definido. Funciona toda vez. Nunca precisei aplicar o trabalho.”

Definir um lugar fixo: Alguns professores estabelecem um ponto específico na sala que serve como sinal para silêncio. “A primeira regra é que, sempre que alguém está nesse ponto central, todos devem parar e prestar atenção”, explica a professora de teatro Colleen Mahoney.

Aumentar a luz: Em vez de piscar a luz, que pode incomodar, a professora Holly Joy liga as lâmpadas mais fortes. A sala logo se acalma.

Usar placas divertidas: A professora Sally B. utiliza cartazes com mensagens bem-humoradas, como “OPA!” e “PARE e sinta o perfume das flores!”. Ela conta que os alunos se acalmam de forma mais leve e positiva do que se fossem repreendidos.


Apostar no som do silêncio

Recorrer a efeitos sonoros: Alguns usam pandeiros, sinos de porta ou efeitos do YouTube. A professora Julia Calderon tem toques diferentes: “silêncio imediato”, “hora de arrumar” e “hora de guardar”.

Sussurrar dramaticamente: “Às vezes, apenas um sussurro chama atenção”, diz Samia Aibef. Outra tática é cochichar: “Você soube o que aconteceu hoje cedo?” O burburinho na sala cessa na hora, relata Cody James.

Recitar poesia: A educadora Christina M. Bentley lê trechos de poemas. “Meus alunos adoram e se ficam em silêncio para ouvir.”

Imitar cantos de pássaros: O ex-professor Tyler Rablin, apaixonado por aves, ensinava um canto novo toda semana e usava-o como sinal para a sala se acalmar. “O fator diversão e a escolha dos alunos ajudavam muito.”


Menino em uma sala de aula olha preocupado para um adulto enquanto usa um laptop.
Allison Shelley/The Verbatim Agency for EDUimages

Surpreender com o inesperado

Entrar na conversa: Quando um grupo fala demais, a professora Dani Vp-k puxa uma cadeira: “Sobre o que estamos conversando?” O resto da sala se cala para ouvir, e o grupo percebe os olhares sobre si.

Simular um celular perdido: “Levanto meu celular e digo: ‘De quem é este celular?’”, conta Suz Marie. A sala se acalma e se cala imediatamente.

Usar uma varinha mágica: A professora Jess Herr recorre a uma varinha para sinalizar que espera silêncio. Primeiro, avisa os alunos: “Quando eu a balançar, vocês ficarão em silêncio.” Caso o barulho continue, ela balança a varinha de forma mais enfática, o que chama a atenção da turma e ainda arranca risadas.

Contar uma piada pronta: O professor Cal C. sempre deixa uma “piada de pai” preparada em um slide. Ao projetá-la, conquista imediatamente a atenção dos alunos, que ficam em silêncio esperando pelo desfecho.

Apontar um controle remoto imaginário: Alguns fingem apontar um controle para a turma e dizem “Mudo”. “Funciona toda vez”, garante Sharon Herbert Serano.

Chamar o último a falar: A professora Natalia E. anuncia “último falando!” para sinalizar o fim da conversa. O estudante que ainda estiver falando é convidado a responder uma pergunta sobre o conteúdo já trabalhado. Dessa forma, a atenção da turma se volta rapidamente para a aula.

Propor um movimento rápido: Elizabeth K. Morton sugere comandos curtos: “Levantem a mão esquerda. Agora abaixem. Fiquem de pé. Sentem. Olhem para um colega. Agora olhem para mim.”

Ganhar altura: Subir na mesa ou cadeira também é infalível, dizem as professoras Cheyenne Graden e Celeste Emelia.

Soprar bolhas de sabão: Em uma turma considerada mais difícil, a professora Samia Aibef levou um pote de bolhas para a sala. Assim que começou a soprá-las, a reação foi imediata: silêncio total e olhares curiosos dos alunos, surpresos com o recurso inusitado.

Entregar um troféu do silêncio: O professor Colin Terry reaproveitou um troféu antigo e o transformou em prêmio para os mais atentos. Sempre que a sala precisa se acalmar, ele pergunta: “Quem é o melhor ouvinte?” e entrega o troféu ao primeiro aluno que fica em silêncio.

Deixar os alunos escolherem: Alguns professores envolvem os próprios estudantes na escolha do sinal para trazer a turma de volta ao silêncio. Em uma classe particularmente falante, por exemplo, os alunos decidiram usar o chamado “Cachoeira”, um recurso comum no ensino fundamental em que o professor grita “Cachoeira!” e os alunos respondem em coro com um prolongado “Shhhhhhh…”, imitando o som da água caindo. Surpreendentemente, a estratégia funcionou todas as vezes.


* Publicado originalmente em Edutopia e traduzido mediante autorização
© Edutopia.org; George Lucas Educational Foundation


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dicas, ensino médio, socioemocionais

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Moacyr Castro

Não existe estratégia, existe falta de educação, educação comportamental.
O professor, ao entrar em sala, o mínimo que deveria ter seria a atenção dos alunos.
Pedir pra que não façam barulho? Isso deveria ser impensável.
Parem de incutir atribuições além daquelas que o professor deve ter. A preocupação é com o que e o como se vai ensinar determinado conteúdo, somente.

ELISANGELA ELIANE MARTINS

Ultimamente, está muito difícil ter a atenção dos alunos. Não querem saber de nada. A gente pode fazer o que for, de nada adiantará, pois o que falta é respeito.

YNGRID FRATA LOPES DE LOURDES

Até parece que estamos nos anos 60…
Fala sério que isso funciona… Nem castigo se pode mais dar. Foi_se o boi com a corda. Já era.

Santos da Silva

Nós anos 60 a realidade era outra os filhos respeitava seu professor seus coleguinhas , a polícia , os mais velhos, etc . hoje não existem respeito é zero , eu acredito que devemos aplicar na sala de aula antes do início das aulas rezar o pai nosso, em pé diante das cadeiras , segundo identificar as meia dúzias que faz bagunça e trazer para ajudar nas tarefas, colocando para escrever o que o professor ditar para depois escrever , português fazer bastante redações todos os dias dar para eles um título para eles criarem uma redação, e falando que é para acrescentar nas notas no dia de provas , a professora tem que buscar alternativas dentro das matérias, e facilitar a estimular o interesse de cada um

Santos da Silva

Trazer as meia dúzia de bagunceiro para te ajudar nas tarefas , isso da a eles o estímulo a autoestima , sente que pode chegar mais longe onde eles quiserem chegar, todos os bagunceiros tem a auto estima baixa e precisa de ajuda , eu sou assistente social e nunca pensei em ser professora, mas como gosto de desafio acredito que eu mudaria uma escola bagunceira como diretora , só queria uma oportunidade, porque eu acredito na transformação do outro, no bem estar de uma família , numa escola de verdade, no respeito ao outro, no amor ao ser humano, basta tratar com carinho e atenção, não existem bravo que não amansa né.

Moacyr Castro

Que sua crença não se desvaneça ao ter a oportunidade de tentar lecionar para 5, 6 turmas, com quarenta alunos, dos quais 5 talvez te dêem atenção.
A realidade é bem distinta da suposta teoria, principalmente vindas dos inexperientes em educação pública em escolas de periferia de grandes cidades.

Moacyr Castro

Um começo, na minha opinião como docente há mais de dez anos em escola pública do Rio de Janeiro, é responsabilizar pai, mãe, avó, ou qualquer outro ente familiar para que cobre suas crianças bons desempenhos.

Moacyr Castro

“Ganhar altura: Subir na mesa ou cadeira também é infalível, dizem as professoras Cheyenne Graden e Celeste Emelia.”
Isso é sério?

Lina Saievicz

Quanta baboseira. Tudo certo em chamar atenção de formas diferenciadas. Ok.
Mas em dois minutos a algazarra volta. Salas silenciosas só quando o professor deixa vários alunos dormindo. Finge que não vê que vários estão no celular…
Sem contar que tem professores que entram 5 vezes na mesma turma, durante a semana. Vai funcionar uma vez ou outra.
O que faria a diferença é deixar nas escolas só quem quer estudar.
Tendo apoio da sociedade valorizando a educação e o conhecimento.

MARCIA DA SILVA GARCEZ

Adorei as sugestões! Vou colocar em prática!!!!

Marilza Rodrigues

Com certeza, isso não é no Brasil.

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