5 dos 13 presidenciáveis trazem ao menos uma proposta para inovar na educação
Porvir verificou se planos prevêem ações para promover o uso de tecnologia, gestão democrática, participação, desenvolvimento integral e educação mão na massa
por Marina Lopes 18 de setembro de 2018
Se depender de mais da metade dos presidenciáveis nas eleições 2018, redes, instituições de ensino e educadores terão pouco apoio do governo federal para inovar na educação nos próximos quatro anos. Após checar os programas registrados no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o Porvir identificou que apenas cinco dos 13 planos trazem pelo menos uma proposta para tornar a escola mais conectada com os interesses dos estudantes e com as demandas do século 21.
Para verificar se os programas de governo dos candidatos à presidência levam em conta as principais tendências educacionais mapeadas pelo Porvir, a reportagem procurou propostas que potencializem a implementação de quatro abordagens inovadoras: o uso de tecnologia, considerando questões de infraestrutura, conectividade, uso pedagógico de ferramentas digitais e curadoria de conteúdo; a gestão democrática e participação dos estudantes, que inclui formas democráticas, transparentes e participativas de gerir instituições de ensino e estratégias para envolver crianças, jovens e adolescentes na transformação das suas escolas e na construção de políticas públicas; a educação integral, que considera o desenvolvimento do estudante em todas as suas dimensões (intelectual, emocional, cultural, física e social); e educação mão na massa, que coloca o aluno no centro de seu processo de aprendizado para construir conhecimentos a partir de projetos e experiências práticas.
Dentre todos os programas de governo analisados, apenas os dos candidatos Ciro Gomes (PDT), Eymael (DC), Fernando Haddad (PT), Guilherme Boulos (PSOL) e Marina Silva (Rede) mencionam alguma proposta que tenha o objetivo de concretizar o uso de tecnologia da educação, a gestão democrática, a participação dos estudantes e o desenvolvimento integral. Nenhum presidenciável apresenta ideias que explicitam de forma clara a intenção de promover uma educação mais mão na massa, incluindo atividades práticas e projetos interdisciplinares.
Oito dos 13 candidatos também fazem menção à educação integral, com a ressalva de que cinco deles se referem apenas ao aumento da carga horária, enquanto apenas três – Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT) e Marina Silva (Rede) – citam o desenvolvimento dos estudantes em sua integralidade.
Apenas três candidatos, Eymael (DC), Fernando Haddad (PT) e Marina Silva (Rede), citam diretamente em seus planos a preocupação em promover o uso de tecnologia nas escolas. No entanto, os programas de governo mencionam garantia de acesso e inclusão de novas tecnologias, sem especificar como isso deve ser colocado em prática.
Para gestão democrática e participação dos estudantes, são encontradas propostas nos planos dos presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), que cita a participação da juventude na gestão pública, Fernando Haddad (PT), que propõe a retomada do diálogo com a sociedade para acompanhar a gestão das escolas e a participação da juventude na elaboração de políticas públicas, e Guilherme Boulos (PSOL), que sugere a reformulação do Conselho Nacional de Educação para garantir maior representatividade.
Temas em destaque
Políticas públicas que que estão em pauta na área, como a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e o PNE (Plano Nacional de Educação), também são pouco citadas pelos presidenciáveis. Ambas foram mencionadas por apenas 5 candidatos (não são os mesmos nomes que citam cada documento).
Ao verificar os programas de governo, o Porvir ainda identificou que temas como a expansão de vagas na educação infantil, no ensino técnico e superior, e o financiamento da educação estão entre os mais citados. Valorização e formação de professores também são bastante mencionados pelos presidenciáveis, que apresentam diferentes propostas de reformulação dos cursos de licenciatura e criação de provas nacionais para seleção de professores.
Confira mais detalhes:
(veja o plano de governo aqui)
Propostas para inovar:
– Não apresenta.
O que pode apoiar a inovação, mas não fica claro no plano:
– Incluir 100% dos alunos no ensino integral até 2022.
Comentário: O candidato não deixa claro se está se referindo apenas a uma ampliação de carga horária ou se considera o desenvolvimento dos estudantes em todas as suas dimensões (intelectual, emocional, cultural, física e social).
(veja o plano de governo aqui)
Propostas para inovar:
– Não apresenta.
O que pode apoiar a inovação, mas não fica claro no plano:
– Implementar a educação básica em tempo integral nas escolas de todo o país.
Comentário: O candidato não deixa claro se está se referindo apenas a uma ampliação de carga horária ou se considera o desenvolvimento dos estudantes em todas as suas dimensões (intelectual, emocional, cultural, física e social).
– Criar programas de parcerias com os governos estaduais e municipais para a melhoria das estruturas físicas das escolas, aumento do número de bibliotecas, salas de leitura, laboratórios de informática e de ciências, compra de materiais didáticos e ampliação da disponibilidade do transporte público escolar.
Comentário: A garantia de infraestrutura pode apoiar o trabalho com novas metodologias, mas os laboratórios, bibliotecas e salas de leitura por si não garantem uma educação mais conectada com o interesse dos estudantes. Isso depende do uso que será feito desses espaços.
(veja o plano de governo aqui)
Proposta para inovar:
– Expandir a educação integral dos anos finais do ensino fundamental até o ensino médio, considerando que a escola deve ser um local de aprendizado, desenvolvimento esportivo, artístico e social, diversão e lazer.
– Implementar espaços e mecanismos que ampliem a participação da juventude na gestão pública e na elaboração de legislações por meio do fortalecimento dos Conselhos de Juventude.
O que pode apoiar a inovação, mas não fica claro no plano:
– Abrir o diálogo com universidades para repensar cursos de licenciatura, criar um programa de iniciação docente (estágio, residência e mentoria) e elaborar uma prova nacional para estados e municípios selecionarem professores.
Comentário: Repensar a formação de professores e criar programas de iniciação docente são ações fundamentais para uma educação conectada com as demandas do século 21. No entanto, a proposta não diz o que deve ser mudado nos cursos de licenciatura para avaliar se isso dialoga com as principais tendências educacionais.
– Estimular a associação entre universidades, institutos de pesquisa e empresas públicas e privadas para projetos de desenvolvimento e aplicação de tecnologias.
Comentário: A integração entre diferentes atores do ecossistema educacional pode impulsionar inovações, mas isso depende de como o projeto será conduzido e que objetivos ele terá.
– Reabrir a discussão sobre a melhoria e implementação da BNCC (Base Nacional Comum Curricular;
Comentário: A melhoria e implementação da BNCC pode impulsionar inovações na educação, mas o item não cita o que será considerado nessa discussão. Se houver uma preocupação com o desenvolvimento das competências gerais e com processos interdisciplinares, pode gerar transformações na escola.
(veja o plano de governo aqui)
Proposta para inovar:
– Promover o acesso em todo o país, no plano escolar, ao uso de equipamentos de informática, internet e banda larga.
O que pode apoiar a inovação, mas não fica claro no plano:
– Assegurar que o ensino fundamental tenha as funções de capacitar os alunos para Aprender a Conhecer, Aprender a Fazer, Aprender a Ser e Aprender a Conviver, como definido nos Pilares da ONU para a Educação.
Comentário: A adoção desses pilares pode fortalecer uma concepção de educação integral e por projetos, mas é necessário aprofundar como isso será feito para garantir que haverá inovação.
– Promover o ensino integral no ensino fundamental.
Comentário: O candidato não deixa claro se está se referindo apenas a uma ampliação de carga horária ou se considera o desenvolvimento dos estudantes em todas as suas dimensões (intelectual, emocional, cultural, física e social).
(veja o plano de governo aqui)
Proposta para inovar:
– Estimular a participação da juventude na elaboração, monitoramento e execução de políticas políticas públicas e promover uma reforma do ensino médio de forma a dialogar com as reinvindicações, sonhos e necessidades da juventude.
– Fortalecer a gestão democrática, reforçando a retomada do diálogo com a sociedade no acompanhamento de políticas e na gestão de escolas de todos os níveis.
– Transformar as escolas em espaços de investigação, criação cultural e polos de conhecimento, esporte e lazer para garantir a educação integral.
– Promover a inclusão digital e tecnológica das crianças brasileiras, introduzindo, desde o primeiro ano do ensino fundamental, com a infraestrutura necessária, o trabalho com as linguagens digitais.
O que pode apoiar a inovação, mas não fica claro no plano:
– Atuar na formação dos educadores e na gestão pedagógica da educação básica e criar Prova Nacional para Ingresso na Carreira Docente para a realização de concursos públicos.
Comentário: Repensar a formação de professores e criar uma prova nacional para ingresso na carreira são ações que podem tornar a educação mais conectada com as demandas do século 21. No entanto, a proposta não diz o que deve ser mudado nos cursos para avaliar se isso dialoga com as principais tendências educacionais.
– Reformular o ensino médio.
Comentário: A reformulação do ensino médio pode impulsionar inovações na educação, além de conectar essa etapa com os interesses da juventude, mas isso depende de como o processo será conduzido e qual será o objetivo da mudança na etapa de ensino.
– Ajustar a Base Nacional Comum Curricular em diálogo com a sociedade.
Comentário: A melhoria e implementação da BNCC pode impulsionar inovações na educação, mas o item não cita o que será considerado nessa discussão. Se houver uma preocupação com o desenvolvimento das competências gerais e com processos interdisciplinares, pode gerar transformações na escola.
– Criar o programa Escola com Ciência e Cultura.
Comentário: Estimular o interesse dos estudantes pela ciência pode apoiar na construção de uma cultura de inovação, além de estimular que eles aprendam por meio de projetos. No entanto, o plano não traz mais detalhes sobre a proposta.
(veja o plano de governo aqui)
Proposta para inovar:
– Não apresenta.
O que pode apoiar a inovação, mas não fica claro no plano:
– Investir na formação, qualificação e valorização de professores.
Comentário: Repensar a formação de professores é fundamental para uma educação conectada com as demandas do século 21. No entanto, a proposta não diz o que deve ser mudado nos cursos de licenciatura para avaliar se isso dialoga com as principais tendências educacionais.
– Estimular parcerias entre universidades, empresas e empreendedores para transformar a pesquisa, a ciência a tecnologia e o conhecimento aplicado.
Comentário: A integração entre diferentes atores do ecossistema educacional pode impulsionar inovações, mas isso depende de como o projeto será conduzido e qual será o objetivo.
(veja o plano de governo aqui)
Proposta para inovar:
– Reformular o Conselho Nacional de Educação para que ele seja um a órgão de Estado deliberativo e representativo, contando com a participação da sociedade civil, incluindo sindicatos, entidades acadêmicas, os entes da federação, estudantes, trabalhadores em educação e da comunidade escolar.
O que pode apoiar a inovação, mas não fica claro no plano:
– Revogar e reabrir o debate sobre a Reforma do Ensino Médio e a Base Nacional Comum Curricular.
Comentário: A BNCC e a reforma do ensino médio podem impulsionar inovações, mas isso depende de como o processo será conduzido e o que será considerado nessa mudança.
– Investir na formação de professores.
Comentário: Repensar a formação de professores é fundamental para uma educação conectada com as demandas do século 21. No entanto, a proposta não diz o que deve ser mudado nos cursos para avaliar se isso dialoga com as principais tendências educacionais.
– Estender o atendimento em tempo integral em toda educação básica.
Comentário: O candidato não deixa claro se está se referindo apenas a uma ampliação de carga horária ou se considera o desenvolvimento dos estudantes em todas as suas dimensões (intelectual, emocional, cultural, física e social).
– Executar um programa nacional de fomento à inovação e a pesquisa.
Comentário: Estimular o interesse dos estudantes pela ciência pode apoiar na construção de uma cultura de inovação, além de estimular que eles aprendam por meio de projetos. Porém, não há detalhes sobre como seria esse programa de fomento.
(veja o plano de governo aqui)
Proposta para inovar:
– Não apresenta.
O que pode apoiar a inovação, mas não fica claro no plano:
– Não apresenta.
(veja o plano de governo aqui)
Proposta para inovar:
– Não apresenta.
O que pode apoiar a inovação, mas não fica claro no plano:
– Fomentar o empreendedorismo nas universidades;
Comentário: Incentivar o empreendedorismo nas universidades e construir uma cultura empreendedora entre os alunos pode impulsionar inovação, mas isso depende da forma como a proposta será colocada em prática e qual é o seu objetivo.
(veja o plano de governo aqui)
Proposta para inovar:
– Não apresenta.
O que pode apoiar a inovação, mas não fica claro no plano:
– Base curricular da formação dos professores direcionada à metodologia e à prática do ensino, não a fundamentos teóricos.
Comentário: Promover a conexão entre teoria e prática na formação de professores é fundamental para uma educação alinhada com as demandas do século 21. No entanto, a proposta não diz o que deve ser mudado nos cursos de licenciatura para avaliar se isso dialoga com as principais tendências educacionais.
(veja o plano de governo aqui)
Proposta para inovar:
– Não apresenta.
O que pode apoiar a inovação, mas não fica claro no plano:
– Implantar a educação integral em tempo integral em todas as escolas, nos moldes dos CIEPS do Rio de Janeiro.
Comentário: O candidato não deixa claro se está se referindo apenas a uma ampliação de carga horária ou se considera o desenvolvimento dos estudantes em todas as suas dimensões (intelectual, emocional, cultural, física e social).
(veja o plano de governo aqui)
Proposta para inovar:
Promover atividades nas escolas que estimulem o interesse dos jovens e o seu desenvolvimento integral, incluindo novas tecnologias, linguagens artísticas, como teatro, música, dança e audiovisual.
O que pode apoiar a inovação, mas não fica claro no plano:
– Garantir políticas para a valorização dos professores e aprimoramento pedagógico.
Comentário: Valorizar professores e garantir o aprimoramento pedagógico é importante para promover uma educação conectada com as demandas do século 21. No entanto, a proposta não diz como deve ser esse aprimoramento.
– Dar continuidade às políticas de implementação da Base Nacional Comum Curricular.
Comentário: A melhoria e implementação da BNCC pode impulsionar inovações na educação, mas o item não cita o que será considerado nessa discussão. Se houver uma preocupação com o desenvolvimento das competências gerais e com processos interdisciplinares, pode gerar transformações na escola.
– Avaliar criticamente o novo ensino médio.
Comentário: A reformulação do ensino médio pode impulsionar inovações na educação, além de conectar essa etapa com os interesses da juventude, mas isso depende de como o processo será conduzido e e qual será o objetivo da mudança na etapa de ensino.
– Promover educação científica de qualidade e aproximar política de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) do ensino superior.
Comentário: Estimular o interesse dos estudantes pela ciência pode apoiar na construção de uma cultura de inovação, além de estimular que eles aprendam por meio de projetos. No entanto, o plano não traz mais detalhes sobre a proposta e nem cita como a política de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) irá se aproximar do ensino superior.
(veja o plano de governo aqui)
Proposta para inovar:
– Não apresenta.
O que pode apoiar a inovação, mas não fica claro no plano:
– Não apresenta.