5 maneiras criativas para trabalhar os ODS nas suas aulas
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas servem de base para projetos educacionais em todas as etapas da educação básica. Inspire-se em atividades realizadas em diferentes escolas da América Latina
por Alice Martins Morais 28 de março de 2025
A escola é um espaço fundamental para sensibilizar crianças e adolescentes para os desafios sociais que impactam suas realidades. E uma das formas de fazer essa conexão é aproveitar eventos e temas que estão em alta, como foi o caso das reuniões do G20 em Fortaleza no ano passado ou como será a COP 30, em novembro deste ano, em Belém do Pará.
Enquanto lideranças globais e ativistas se preparam para tomar decisões cruciais para o futuro do planeta, que tal envolver a comunidade escolar nessa discussão? Uma abordagem é discutir os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) das Nações Unidas. Essas são as metas estipuladas pela ONU para enfrentar desafios em conjunto, como a pobreza e as ameaças à saúde. No total, são 17 ODS que o mundo deve atingir, em uma ação conjunta, para ter um mundo melhor até 2030.
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De acordo com Maria Guillermina Garcia, gerente de Projetos e Pesquisas do Cenpec, os ODS oferecem uma base rica para projetos educacionais no ensino médio. O Cenpec é uma organização sem fins lucrativos que atua como parceira técnica do Solve for Tomorrow no Brasil.
O programa atua em vários países para fortalecer o interesse de jovens na área STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Ao participar, estudantes e professores são convidados a identificar um problema, pensar cientificamente sobre suas causas e possíveis respostas e elaborar um protótipo para uma solução.
Histórias inspiradoras sobre a iniciativa em toda a América Latina estão disponíveis na plataforma Samsung Solve for Tomorrow Latam, da qual o Porvir é parceiro, coordenando a produção e a disseminação de conteúdo em português, espanhol e inglês (confira os detalhes ao final do texto).
Os ODS estão presentes em todos os projetos finalistas do programa, inspirando ideias como a do projeto “Filtropinha” vencedor no Brasil em 2024, no qual o grupo construiu filtros com casca de pinha para tratar a manipueira, líquido tóxico descartado da produção de farinha de mandioca.
Para Maria, os exemplos do Solve for Tomorrow mostram como os ODS estimulam o pensamento crítico e promovem o engajamento dos estudantes. Se você está na dúvida de como integrar o assunto na sala de aula, confira algumas dicas que sugeridas pela especialista:
1. Trabalhe com projetos
Com a metodologia de Aprendizagem Baseada em Projetos, os estudantes são instigados a investigar desafios reais e propor soluções viáveis. Esse método favorece a interdisciplinaridade e permite que jovens compreendam a relação entre o global e o local, o que dialoga com os ODS.
Refletindo sobre o ODS 13, por exemplo, sobre Ação Contra a Mudança Global do Clima, a turma pode conversar sobre como as mudanças climáticas já estão impactando suas vidas e, a partir daí, desenvolver respostas ao problema.
Foi pensando em como as salas de aula estavam ficando muito quentes que estudantes colombianos, no município de Bosconia, desenvolveram uma metodologia e equipamentos acessíveis para instalação de tetos verdes no prédio da instituição. O projeto “CoolRoof” foi vencedor do Solve for Tomorrow no país, em 2022.
2. Incentive o protagonismo dos estudantes
Maria enfatiza que projetos inspirados nos ODS estimulam o engajamento dos estudantes ao conectá-los com desafios do mundo real.
É interessante que os professores promovam os debates, mas que estimulem os jovens a pesquisar por conta própria e os deixem jovens livres para propor soluções e atividades de intervenção. A ideia é que a turma consiga exercitar sua independência e senso crítico a partir da observação de sua própria realidade e seja capaz de estabelecer as conexões com o tema trazido à sala de aula.
“Não se espera que os estudantes resolvam a questão da Água Potável e Saneamento (ODS 6), por exemplo, mas que sejam capazes de avaliar que a redução da poluição nos rios, presente na sua comunidade, está relacionada a esse objetivo global”, complementa.
O projeto “Hidrosung”, de Santiago, na República Dominicana, gera energia elétrica e funciona como filtro para remoção de resíduos orgânicos, trazendo uma solução sustentável múltipla para sua comunidade. Esse foi um dos finalistas do Solve for Tomorrow América Central e região do Caribe em 2023.
3. Aproveite os eventos escolares e proponha campanhas
Campanhas educativas e projetos em feiras escolares, como usualmente é feito em datas como o Dia do Meio Ambiente, também são oportunidades de trabalhar os ODS em sala de aula.
Um exemplo é a criação de um projeto de coleta de resíduos recicláveis dentro da escola para trabalhar o ODS 12 (Consumo e Produção Responsáveis), incentivando a conscientização sobre resíduos sólidos e sustentabilidade. A partir dessa iniciativa, podem vir outras que tenham interconexão, como a vida na água.
Mostrar para os alunos como um ODS está relacionado com todos os demais pode abrir novas perspectivas para suas visões de mundo e contribuir para que enxerguem os temas de forma mais multidisciplinar. Por meio da educação ambiental, jovens do Rio Grande do Norte desenvolveram uma mini usina de reciclagem de resíduos da construção civil. O projeto “SPP Sustentável: Reciclando no Potengi” foi vencedor do voto popular no país, em 2023.
4. Proponha interações com toda a comunidade escolar
O engajamento dos estudantes é potencializado quando todos estão envolvidos, desde o corpo administrativo, a diretoria e outros professores, além de copeiras, inspetores e outros profissionais envolvidos no dia a dia escolar. Busque aliados para promover projetos interdisciplinares para que os alunos desenvolvam soluções inovadoras para problemas ambientais e sociais.
“Por exemplo, um projeto sobre o ODS 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis) pode envolver a construção de blocos sustentáveis para a pavimentação de calçadas, usando princípios de engenharia, biologia e matemática”, ilustra Garcia.
Estudantes da região de La Mojana, no Caribe colombiano, observaram que a produção local de arroz gera cerca de 17 mil toneladas de casca como resíduo. Por isso, encontraram um jeito de transformar esse material para construção artesanal sustentável.
5. Não esqueça de medir o impacto dos projetos
Avaliar os resultados dos projetos baseados nos ODS ajuda a compreender seu impacto e aperfeiçoar futuras iniciativas.
Você pode desenvolver indicadores para medir tanto o aprendizado acadêmico quanto o engajamento dos estudantes.
Questionários antes e depois do projeto, observação da participação dos jovens e análise das mudanças na comunidade são algumas das formas de avaliação. “Observar o quanto evoluíram em relação à cooperação, pensamento crítico, proposição de soluções e envolvimento no projeto podem ser habilidades interessantes de serem avaliadas”, conclui a gerente de Projetos e Pesquisas do Cenpec.
Confira aqui mais dicas para avaliar projetos STEM.
Saiba mais sobre a plataforma Solve for Tomorrow Latam
O conteúdo da plataforma Samsung Solve for Tomorrow Latam é coordenado e produzido pela Agência de Soluções do Instituto Porvir e voltado à rede de educadores de todos os países da América Latina. Disponível em português, inglês e espanhol, a plataforma oferece uma coleção abrangente de referências e práticas pedagógicas inspiradoras em educação STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática). O material é fruto das experiências de educadores que participaram do Samsung Solve for Tomorrow nos últimos 10 anos, compartilhando projetos inovadores realizados em escolas públicas da América Latina.