6 estratégias para falar sobre as Olimpíadas em sala de aula - PORVIR
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Inovações em Educação

6 estratégias para falar sobre as Olimpíadas em sala de aula

É legal contabilizar medalhas, mas o evento é grande o suficiente para integrar diversos outros temas. Confira mais a seguir

por Ruam Oliveira ilustração relógio 24 de julho de 2024

As Olimpíadas são jogos tradicionais que remontam à Grécia antiga. Da forma como as conhecemos, surgiram em 1896 e contou apenas com 14 países participantes. De lá para cá muita coisa mudou e em 2024 mais de duzentas nações chegam a Paris, capital francesa, para integrar os jogos. 

Em momentos de grandes eventos, a escola tem a possibilidade de abordar temáticas que circulam essas atividades e explorá-las cada vez com mais criatividade. Ou seja, não são apenas os educadores de educação física que podem se interessar pelo tema. Pelas dimensões e impactos que representam, as Olimpíadas podem aparecer nos mais diversos componentes curriculares. 

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Se você pudesse introduzir a temática em sua aula, por onde começaria? Para te ajudar com algumas ideias, o Porvir elencou algumas dimensões em que o assunto pode ficar ainda mais quente e interessante para a turma, que deve acompanhar bastante o tema por meio das redes sociais. 

Cultura

O que se aprende sobre a cultura de um outro país quando esses eventos acontecem?

Ao apresentar o país para tantas outras nações, cada local que sedia os jogos tem a chance de mostrar não só a própria infraestrutura e os esportes, como também revelar os costumes locais, a culinária e diferentes aspectos culturais.  

Com os holofotes fixos em um mesmo local, educadores têm a chance de expandir o repertório cultural da turma ao trazer elementos que podem não ser do conhecimento ou do cotidiano de todos. 

No caso da Olimpíada de Paris, que começa neste mês de julho, costumes parisienses podem ser apresentados e também contextualizados, pensando no desenvolvimento de uma leitura mais global de mundo. Quais semelhanças e diferenças existem entre o país natal e aquele que sedia os jogos olímpicos? 

Além da Revolução Francesa, que é sempre um tema recorrente nos vestibulares, a França oferece diversas outras perspectivas interessantes. Paris, uma das capitais mundiais da moda, também é famosa por sua culinária única. Da França vem um dos pães mais conhecidos do mundo, além de ser o berço de grandes nomes da literatura e do cinema. O que mais seus alunos sabem sobre esse fascinante país? Pode ser interessante explorar isso com eles.

Sustentabilidade

Paris tenta limpar o Rio Sena, o que podemos aprender com isso? 

A “cidade da luz”, como é conhecida Paris, tem convivido com um rio que não estava apto para o nado. Devido à qualidade das águas, nadar no Rio Sena tem sido uma prática proibida há mais de cem anos. Contudo, o governo local têm se esforçado para garantir que algumas provas – como o triatlo e natação, por exemplo – ocorram lá. Para isso, investiu mais de 1 bilhão de euros (uma quantia pouco maior que R$ 7 bilhões) na tentativa de limpar o rio. 

Como acontece em outras cidades antigas, os canos que levam o esgoto são também por onde passam as águas da chuva. Por vezes, essas águas se encontram, principalmente em períodos de chuva intensa. 

Vista aérea do Rio Sena em Paris, com barcos turísticos navegando e ancorados ao longo da margem arborizada. Edifícios históricos estão ao fundo, e pessoas caminham na calçada ao lado do rio.
SiempreVerde / Depositphotos Vista aérea do Rio Sena em Paris, com barcos turísticos navegando e ancorados ao longo da margem arborizada. Edifícios históricos estão ao fundo, e pessoas caminham na calçada ao lado do rio.

Chuva, poluição dos rios, limpeza das águas e saneamento básico são temas que podem ser iniciados a partir dos jogos de Paris. A prefeita da cidade, Anne Hidalgo, fez um nado-teste há poucos dias da abertura da Olimpíada e, enquanto isso, ativistas protestavam contra o uso excessivo de água pelo agronegócio.  

Para além do Rio Sena, a cidade também está pensando a reestruturação física de seus prédios de olho nas questões climáticas. A intenção é alcançar a neutralidade de carbono até 2050.

Quanto tempo leva para despoluir um rio? E qual seria o investimento empregado para isso? Essas podem ser algumas das perguntas disparadoras para reflexão junto com a turma. 

Saúde mental

Esportistas estão expostos a quadros complexos que colocam em risco a saúde mental. É possível iniciar conversas sobre o tema pegando o gancho das Olimpíadas 

A atleta norte-americana Simone Biles chamou a atenção de muita gente ao decidir desistir de cinco finais durante os jogos olímpicos de Tóquio, em 2021. O motivo: saúde mental. 

A decisão da ginasta lançou luz sobre um problema que acomete muitos outros esportistas, principalmente quando lidam com esportes de alto nível, que demandam um esforço grande e dedicação intensa para obter bons resultados. 

Quando expostas a níveis elevados de estresse, como isso impacta a saúde das pessoas? Seja no esporte ou diante de uma prova desafiadora, como estudantes podem reconhecer a importância de observar a saúde mental. 

Além de Simone Biles, a tenista japonesa Naomi Osaka também se dedica a abordar o assunto. 

Saúde mental é assunto somente de quem pratica esportes? O que faz com que as pessoas vivenciem situações de estresse e ansiedade? Refletir junto com os alunos, em rodas de conversa ou atividades programadas, é sempre um caminho oportuno.

História

Quão antigos são os jogos? O que eles refletem na atualidade?

A primeira Olimpíada da Era Moderna aconteceu em 1896, também na Grécia, onde os jogos se originaram. Após isso, o evento já atravessou duas guerras mundiais e é considerado um dos maiores acontecimentos do mundo. 

O potencial de abordar a história da humanidade e dos países que integram os jogos é muito grande neste caso. Partindo da noção de aproximar conteúdos do contexto de cada estudante, abordar não apenas a história dos jogos, como também eventos que aconteceram nesse período é um bom ponto de partida. 

O que esses jogos representam socialmente hoje em dia? Encarar a história à luz da atualidade é uma maneira de pensar o mundo e isso partindo de um caso atual, como a Olimpíada de Paris. Inclusive, a cidade foi sede da segunda edição dos jogos, em 1900. À época, 1226 atletas de 26 equipes participaram do evento. 

Vista de uma ponte em Paris com postes de iluminação ornamentados, mostrando edifícios históricos e o rio Sena ao fundo. O céu está parcialmente nublado e há árvores verdes ao redor.
rglinsky / Depositphotos Vista de uma ponte em Paris com postes de iluminação ornamentados, mostrando edifícios históricos e o rio Sena ao fundo. O céu está parcialmente nublado e há árvores verdes ao redor.

A capital francesa também foi sede dos jogos em 1924 e, cem anos depois, se prepara para mais uma bateria de atividades. Como o mundo de hoje se parece ou se distancia cada vez mais daquela realidade? Vale ouvir a opinião da turma.

Economia

Promover um evento dessa magnitude tem ônus e bônus financeiros para os países, como tratar sobre isso?

Eventos culturais, de maneira geral, são fontes de movimentação financeira. Quando se recebe um evento como a Olimpíada, por exemplo, o número de turistas cresce muito e, com isso, a quantia de dinheiro que circula internamente. 

São mais pessoas precisando se alimentar, dormir, transitar pelas ruas e conhecer as diferentes atrações locais – além de comprar ingressos para conferir ao vivo as competições. 

Ao mesmo tempo, um país que vai sediar eventos dessa proporção precisa se preparar para tal. A França realizou mais de 70 obras, incluindo alojamentos, equipamentos esportivos, escolas, creches.

O que eventos assim podem mobilizar economicamente uma cidade e um país? É possível fazer comparações com gastos de outros locais – até mesmo do Brasil – e ensinar matemática financeira levando em consideração o que está sendo apresentado nos jogos. 

Diversidade

Uma ótima oportunidade para abordar gênero nos esportes

As mulheres enfrentam muitas dificuldades para ingressar em competições desse porte. A primeira vez que puderam participar de uma olimpíada foi em 1900 e em modalidades específicas. 

Aproveitar o tema das olimpíadas para tratar sobre gênero é uma maneira de ver a presença feminina, por exemplo, ao longo do tempo. O que mudou e o que continua igual? Como é a distribuição de homens e mulheres na delegação brasileira? Quando se olha para o histórico do quadro de medalhas, como está essa divisão?

Existem atualmente políticas internas estabelecidas pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) voltadas para a inclusão, para garantir que independentemente do gênero, atletas possam competir de forma justa e digna. Esse também é um espaço para debater a inclusão de atletas trans e também abordar a paralimpíadas, evento voltado para atletas com deficiência. 

E mais: 

O COB (Comitê Olímpico Brasileiro), oferece o documento “Ensinando Valores Olímpicos – Conceitos e atividades para a educação olímpica” com sugestões de atividades para todas as áreas do conhecimento. 

Além desse, outros sites estrangeiros também apresentam dicas interessantes para educadores. O Teaching Ideas, por exemplo, indica o uso de  estatísticas de eventos anteriores nas aulas de matemática, bem como a construção de um diagrama comparando os jogos antigos e os atuais e usar a capacidade dos estádios e preços dos ingressos para realizar atividades que envolvem números.


TAGS

ensino fundamental, ensino médio, metodologias ativas, olimpíadas

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