Projeto capacita gestor para formar jovens de futuro
Por 3 anos, diretores recebem instrução e acompanhamento; a meta é melhorar a gestão e o desempenho no Ideb
por Vagner de Alencar 30 de outubro de 2012
Normalmente, quem assume o papel de gestor de uma escola passou sua vida profissional sendo professor. Por isso, é comum que essas pessoas, em algum momento de suas carreiras, tenham dificuldades de gestão – lidar com orçamentos, planilhas, inventários não é nada trivial. Preocupados em trabalhar de forma completa a questão de evasão escolar no ensino médio, o projeto Jovem de Futuro, do Instituto Unibanco, uniu metodologias para empoderamento de jovens ao preparo intenso de cada gestor. Desde o início do ano, o projeto se tornou política pública e passou a atuar em sete estados e pretende alcançar 3 milhões de estudantes, de 4 mil escolas até 2017.
“Gestão de qualidade implica em educação de qualidade. Um dos grandes desafios da escola é qualificar o gestor para enfrentar um espectro grande de problemas e implementar um programa político pedagógico sedutor”, afirma Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco e professor do departamento de Economia da Universidade Federal Fluminense.
Segundo Henriques, o papel de gestor escolar, na maioria dos casos, acaba sendo assumido por algum professor que, independentemente de sua atuação em sala de aula, não está apto para administrar. “A estrutura do dia a dia da gestão costuma ser pesada e, no geral, os responsáveis não têm ferramentas instrumentais adequadas para isso”, diz.
Durante os três anos do Jovem de Futuro, gestores e professores passam por capacitações e direcionamentos específicos. O primeiro deles é voltado para a chamada GEpR (Gestão Escolar para Resultados). Nele, esses profissionais participam de um ciclo composto por dez módulos com encontros presenciais e on-line e lidam com temas como planejamento e execução, conflito e negociação. Além disso, discutem sobre processos de gestão escolar voltada para resultados, metodologias pedagógicas e metodologias de mobilização.
Protagonismo
Já os professores participam de formações e recebem apoio pedagógico para trabalhar diferentes conteúdos, principalmente aqueles que estimulam a autonomia e o protagonismo dos jovens. Para essa prática, eles têm à disposição um elenco de doze metodologias das quais precisam eleger ao menos seis para incluírem no currículo. Os educadores também recebem materiais dirigidos como vídeos, livros, cartazes e jogos.
Uma das metodologias é a SuperAção na Escola, uma competição solidária que motiva os estudantes a realizar mutirões, ao menos uma vez por ano, para melhorar as condições físicas da escola. Há também metodologias para auxiliar no conteúdo curricular, como a Entre Jovens e Jovem Cientista, e para mobilizar os alunos e a comunidade, como a Estudar Vale a Pena.
“Os cursos mostram como, efetivamente, levar ações mais práticas e menos filosóficas para sala de aula”, afirma a professora de ensino médio e coordenadora do Projeto Jovem do Futuro na escola estadual Coluna Azul, em Goiânia.
Quem concorda com este princípio é Letícia Catellan, estudante do 2o ano do ensino médio na escola estadual Amélio de Carvalho Bais, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. “O mais interessante dessas oficinas que passaram a ter na escola é que elas nos dão a possibilidade de tomar decisões. Eu mesma participo do colegiado aqui da escola e ajudo a organizar reuniões com os pais e discutir problemas e soluções para a escola”, afirma.
Política pública
O Jovem de Futuro, desde o início do ano, vem sendo adotado no Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí, Rondônia e São Paulo. A validação e ampliação do projeto se deu devido à sua integração ao ProEMI, (Programa Ensino Médio Inovador), que, desde 2009, inclui disciplinas alternativas no currículo e o aumenta a carga horária para um mínimo de cinco horas diárias.