Contação de histórias potencializa o ensino de língua inglesa para crianças

Imagine a cena: uma professora entra em sala de aula fantasiada, investindo na dramaturgia e na linguagem corporal para envolver seus alunos enquanto conta uma história em inglês. Tudo isso com o apoio de um painel interativo, para tornar esse momento ainda mais lúdico.

É dessa forma que muitos docentes aplicam uma metodologia conhecida como storytelling em suas aulas. Define-se o conceito pela habilidade de contar histórias, criando uma narrativa envolvente para estimular o aprendizado de maneira atrativa e eficaz. Essa prática pode ser uma aliada poderosa no processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa.

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Autora da tese de mestrado “Contação de histórias infantis na aula de inglês para crianças da escola pública: desvendando possibilidades e criando caminhos” pela Unesp (Universidade Estadual de São Paulo), a educadora Luciana Ciniciato reforça a importância do storytelling.

“As histórias divertem e inspiram, são significativas e contextualizadas e na maioria das vezes já fazem parte do universo infantil na língua materna”, afirma. “Além disso, elas trazem repetições que ajudam a construir vocabulário, rimas que podem ser ponte para uma consciência fonológica e trazem mensagens que contribuem para o desenvolvimento das competências socioemocionais.”

Professora de língua inglesa da Escola Estadual Antonio Guedes de Azevedo, em Bauru (SP), Luciana investigou, em sua pesquisa, de que forma as crianças compreendem e participam de uma atividade de contação de histórias e o que os professores precisam levar em consideração ao planejá-la e desenvolvê-la. O levantamento aconteceu no final do ano letivo, quando a escola estava enfeitada para as festas de fim de ano, e a história escolhida foi a do surgimento da árvore de natal. 

“As crianças participaram efetivamente da contação e das atividades e puderam compreender a história pelo contexto”, relata. “Percebemos a aquisição de vocabulário quando elas estavam fazendo a atividade e entre elas, quando se ajudavam a resolver a questão, utilizavam as palavras aprendidas na história. Além do mais, percebemos um nível de atenção maior à história contada em inglês, pois se esforçaram ao máximo para não perder nada da narrativa.”

As crianças participaram efetivamente da contação e das atividades e puderam compreender a história pelo contexto

Luciana Ciniciato, educadora

Essa prática pedagógica, contudo, requer um conjunto de habilidades que os docentes precisam desenvolver. “Apesar de parecer simples, a contação de histórias requer preparo para que os alunos realmente aprendam a língua. O professor, algumas vezes, precisa fazer adaptações nas histórias e ser coerente em sua linguagem corporal e expressões faciais durante a contação, pois esses recursos vão contribuir bastante com o entendimento da história”, completa Luciana.

Histórias que conectam

As orientações para trabalhar com contação de histórias fazem parte da formação inicial da Wings, solução educacional para o ensino de língua inglesa, pensada para os anos iniciais do ensino fundamental na rede pública de ensino. A professora Maria José Monteiro, que dá aulas de inglês para turmas do fundamental 1 na rede pública de Ibiapina (CE), aposta na metodologia em suas aulas.

“Ao entrar em sala, já chego com uma caracterização. Os alunos percebem que terá contação de histórias e ficam querendo descobrir o tema, me observando”, conta. “Isso ativa a imaginação e a concentração, além de aguçar a curiosidade das crianças de forma intuitiva e natural”, comenta a professora, reforçando que se tratam de elementos fundamentais para fortalecer um ambiente de ensino. Foi assim que Maria José já trabalhou clássicos como “Three little pigs” (Os três porquinhos) e “The wizard of Oz” (O Mágico de Oz) com as turmas. 

Isso ativa a imaginação e a concentração, além de aguçar a curiosidade das crianças de forma intuitiva e natural

Maria José Monteiro, professora de inglês

Kelly Caixeta, assessora pedagógica da Wings, reforça que é por meio das histórias que, desde o início dos tempos, a humanidade se comunica. “Ao contar ou ouvir histórias, nós nos conectamos com o passado e passamos conhecimento de geração em geração. Contar histórias é uma maneira muito poderosa de ensino”, acredita.

Na Wings, o storytelling é usado para abrir as unidades de ensino, dando o pontapé inicial dos conteúdos que serão trabalhados naquele módulo, tanto em termos de vocabulário como em função comunicativa. Os professores da plataforma dispõem também de um material de apoio visual que auxilia na compreensão dos alunos, para que a história seja contada somente em inglês, dispensando a necessidade de tradução.

“O storytelling permite que os professores criem uma conexão com os alunos e que os alunos criem uma conexão com a história e os personagens envolvidos. Essa facilidade de criar conexões e tornar o item linguístico a ser trabalhado significativo para a criança é justamente o que faz do storytelling uma ótima ferramenta de ensino”, observa a assessora pedagógica.

André Castelo Branco, assessor pedagógico da Wings e mestrando em educação, é responsável pelo curso de storytellying da plataforma. Ele também acredita que a contação de histórias faz com que as crianças se conectem com a língua de forma intuitiva e natural, gerando ainda mais curiosidade e vontade de aprender.

“O impacto no aprendizado das crianças por meio dessa ferramenta se apresenta exatamente quando elas se motivam a querer aprender mais o idioma inglês por meio das histórias, quando elas se interessam pelas palavras que vão surgindo durante a contação, e quando demonstram aprendizado pela fala e escrita. É neste momento que o aprendizado se mostra evoluindo passo a passo, unidade a unidade”, observa.

Dicas literárias – e gratuitas – para a sua aula de inglês

Novidade no blog da Wings, a seção “Clube do Livro” reúne dicas de livros infantis e infantojuvenis em inglês, “buscando fomentar o hábito de leitura dentro e fora da sala de aula nos estudantes e sugerir uma atividade de leitura diferente para que os professores possam se inspirar e utilizar em sala”, afirma Kelly. O acesso é gratuito para qualquer interessado no tema. Neste bimestre, a indicação é “The Jungle Book” (O livro da selva), do autor britânico Rudyard Kipling (1865-1936). Além do link para baixar a versão digital da obra, o blog reúne sugestões de temas para debater com os alunos.

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Livros para trabalhar com storytelling

Com a ajuda de André Castelo Branco e Luciana Ciniciato, o Porvir selecionou algumas dicas de livros que os professores podem utilizar tanto para se aprofundar na metodologia do storytelling como para contar histórias na língua inglesa em sala de aula. Confira!

• Heckedy Peg, de Audrey Wood
• The very hungry caterpillar, de Eric Carle
• Brown bear, brown bear, what do you see?, de Bill Martin Jr.
• My cat likes to hide in boxes, de Eve Sutton
• Técnicas de contar histórias, de Vania Dohme
• Storytelling: histórias que deixam marcas, de Adilson Xavier
• Storytelling na prática: 10 regras simples para se contar uma boa história, de Dana Norris

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