Alunos aprovados ou material quase de graça
Parceria entre universidade e empresa determina o pagamento do material didático de acordo com a performance dos alunos
por Mariana Fonseca 26 de junho de 2012
Imagine começar uma aula de inglês e só pagar se realmente aprender a falar a língua. Ou ainda adquirir um livro de receitas e só pagar à livraria se conseguir fazer os pratos sugeridos. Agora leve isso para o nível universitário, em que o material didático e outras ferramentas educacionais só serão pagas se os alunos forem aprovados no curso. Essa é a lógica de pagamento por performance que a universidade WGU (Western Governors University) e a empresa MHE (McGraw-Hill Education) vão passar a adotar nos Estados Unidos.
Ambas anunciaram este mês um acordo ousado, no qual a WGU – universidade que oferece cursos on-line nas áreas de administração, tecnologia, enfermagem e educação – compra o material didático a um custo bem abaixo do valor de mercado e se compromete a pagar um bônus extra por cada aluno que for aprovado, o que, no caso da universidade, equivale a, no mínimo, uma média B.
Pela parceria, a MHE oferece e-books e acesso a ferramentas de ensino adaptativo, em que cada aluno aprende de acordo com as suas necessidades e recebe um feedback imediato sobre quais pontos precisa melhorar (entenda melhor essas ferramentas de ensino adaptativo). A ideia do modelo, segundo divulgado pelos parceiros, é levar a um maior número de estudantes um material educacional moderno e de alta qualidade, mas mantendo os custos baixos.
“Com o número de empréstimos estudantis concedidos maior que o de cartões de débito emitidos, nos Estados Unidos, a McGraw-Hill Education tem a oportunidade de ser parte da solução. Esse acordo ajuda a atingir dois objetivos importantes do ensino superior: melhorar a performance dos estudantes e diminuir os custos”, disse Brian Kibby, presidente da MHE.
A WGU
Esse novo modelo de negócios está de acordo com a filosofia da universidade, que se propõe a ensinar de uma forma diferente, baseada nas competências individuais. Nos cursos oferecidos pela WGU, cada estudante pode avançar nas matérias na medida em que domina cada conteúdo.
Por lá, as competências necessárias para cada programa de graduação são definidas em parceria por educadores e profissionais da área. A universidade ficou famosa por oferecer cursos a preços acessíveis para os padrões americanos – um ano de curso custa cerca de US$ 6 mil. Só para se ter uma base de comparação, a Minerva, universidade on-line de elite que será lançada pelo ex-presidente de Harvard quer baixar a taxa anual para menos da metade dos US$ 50 mil cobrados pelas universidades top norte-americanas.
Esse modelo só é possível porque a universidade é privada e sem fins lucrativos, contando com o apoio de órgãos estaduais, federais, empresas e fundações. Entre elas estão AT&T, Dell, Fundação Bill & Melinda Gates, HP, Microsoft e American Express. A universidade foi fundada em 1997 por 19 governadores americanos preocupados em otimizar o ensino à distância e reduzir os custos com a educação superior.
Hoje, a WGU conta com 33 mil alunos no país e em bases militares no exterior e só aceita estudantes americanos ou que vivem nos Estados Unidos.