Professora usa ‘emocionômetro’ para trabalhar socioemocionais
Projeto ajuda alunos da educação infantil a trabalharem competências socioemocionais com filmes, rodas de conversa, desenhos e cartazes
por Regiane Aparecida Pexe 25 de novembro de 2015
Na primeira reunião do ano, as famílias dos alunos queixaram-se muito de ansiedade, medo e insegurança das crianças. Em todos os anos que eu dou aula pra educação infantil, nunca tinha ouvido esse tipo de reclamação. Juntando isso e a vontade que eu já tinha de trabalhar o tema, dei início a um projeto de consciência emocional com meus alunos.
Por meio de histórias, vídeos e até filmes, nós vamos falando sobre as emoções. A cada história eu escolho um sentimento para ser trabalhado. Depois de uma leitura, nós fazemos rodas de conversa para debate. Então, os alunos fazem os rostinhos com círculos de cartolina para cada expressão facial. Na sala, nós temos um varal onde esses desenhos são pendurados.
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Para ilustrar um pouco mais o tema, as crianças também tiveram a oportunidade de assistir ao filme Divertida Mente, que retrata muito bem essa questão dos diferentes sentimentos que permeiam nossa personalidade e como reagimos diante de cada um deles.
Nós também fizemos o cartaz das emoções, que chamamos de Emocionômetro. Cada criança escolhe a expressão facial que melhor a representa naquele dia e coloca no espaço pertencente a ela. A intenção é que elas reconheçam o que estão sentindo e expressem isso. Outro dia, por exemplo, um aluno quis mudar do feliz para o triste. Quando eu perguntei o motivo, ele disse que sua mãe estava no hospital. Com essas atividades, não só eles aprendem a reconhecer seus sentimentos, como eu consigo conhecê-los melhor.
Na segunda reunião, eu expliquei para as famílias o que estávamos fazendo, como que estávamos trabalhando, e eles disseram que as crianças estavam comentando em casa sobre o projeto, as atividades e perguntando se os pais estavam alegres ou tristes. O retorno foi através do relato dos alunos.
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No começo do ano, quando eu dizia que era hora da atividade, uma aluna sempre pedia para ir ao banheiro. Era a junção de ansiedade e insegurança. Com esse trabalho, os alunos ficaram mais seguros. No decorrer do projeto, eu percebi o entendimento das crianças com relação aos seus sentimentos, de modo que foram capazes de expor as suas ideias e justificativas para cada um deles.
A convivência entre elas também melhorou muito. Agora, no final do ano, todos falam com todos. Há mais cooperação, mais diálogo, uma maior aproximação e uma maior iniciativa em resolver problemas, com o objetivo de ajudar o colega. Além disso, eles já conseguem resolver pequenos conflitos que surgem entre eles.
Regiane Aparecida Pexe
Regiane Aparecida Pexe é pedagoga e psicóloga com pós graduação em psicopedagogia. Atualmente, atua na Rede Municipal de Ensino de Diadema na educação básica e em consultório particular de psicologia.