Projeto com materiais baratos leva interatividade à aula de ciências
Baú de Ciências realiza mostras e exposições para estimular estudantes a refletir sobre o mundo. Equipe também atua no treinamento de professores, ajudando-os a usar a investigação científica em sala de aula
por Marina Morena Costa 8 de janeiro de 2016
Foi lançando foguetes e realizando experimentos científicos que os sócios do Baú de Ciências se conheceram na Faculdade de Licenciatura em Física, na Universidade Federal de Santa Catarina (USFC). Os jovens trabalhavam em um parque de ensino não-formal dentro da universidade, o Parque Viva a Ciência, e realizavam oficinas em escolas públicas da grande Florianópolis, levando um bauzinho cheio de materiais de baixo custo e fácil acesso para os alunos experimentarem e explorarem fenômenos científicos.
“Tomamos gosto pela coisa e começamos a fazer mostras e exposições interativas que abordavam as ciências”, conta Thiago Farias, um dos fundadores do Baú de Ciências, professor de física e mestre em educação científica. A empresa foi fundada em 2013, cinco anos depois das primeiras experiências na faculdade, e nasceu com foco nas exposições interativas de ciências, que exploravam diferentes fenômenos, não apenas físicos.
As atividades experimentais nas escolas, outro pilar do Baú, evoluíram para cursos extracurriculares, treinamentos e formações de professores, nos quais a equipe apresenta formas de usar as ciências como uma ferramenta para investigar e abordar diversos conteúdos, inclusive de outras disciplinas, despertando um olhar investigativo nos estudantes.
Atualmente, três exposições concebidas e produzidas pelo Baú de Ciências rodam o estado de Santa Catarina: “Exploração espacial em busca de vida”, sobre as possíveis formas de vida que podem existir fora da Terra, como elas seriam e em quais locais seriam mais prováveis de existir; “Viagem à Lua”, exposição na qual o visitante passa pelos processos de uma viagem ao satélite natural, desde a preparação do foguete, até como aterrissar um módulo na Lua e caminhar por lá, explorando fenômenos; e “O futuro e as profissões”, mostra que estimula as habilidades do visitante e faz com que ele visualize as atividades profissionais que vão existir em um futuro próximo.
“Provocamos os visitantes a pensar no trabalho virtual, nas barreiras físicas que estão sumindo para várias áreas, nas profissões que deixaram de existir e nas novas que estão surgindo”, explica Thiago. A equipe do Baú concebe e produz a montagem de todo o ambiente da exposição, desde o caminho do visitante, o plano educativo, os jogos de interação com o ambiente, até o treinamento dos monitores que conduzem os visitantes.
“Nosso objetivo é fazer com que as pessoas utilizem as ciências como uma ferramenta para entender e modificar o mundo delas”, resume Thiago.
Em 2015, o Baú de Ciências foi umas das 50 iniciativas selecionadas em todo o país para participar do Social Good Brasil, um laboratório que ajuda a viabilizar projetos que usam as tecnologias e novas mídias para melhorar o mundo. Lá eles desenvolveram um projeto de tutoria online e personalizada para professores de todas as disciplinas. O projeto, batizado de Professor Assistente, ainda está em fase de testes e pode ser conferido no site professorassistent.wix.com.
“Notamos que os professores sentem falta de atividades que despertem o brilho no olhar dos alunos. Vários professores e coordenadores comentam que não conseguem essa empolgação durante as atividades. Os educadores querem fazer atividades diferentes, mas não sabem como, justamente pelo fato de ter uma formação deficitária”, avalia João Paulo Mannrich, assim como Thiago, co-fundador e professor de física com mestrado em educação científica.
As reclamações dos docentes recebidas pelo Baú apontam que eles têm dificuldades em encontrar atividades e materiais extras, adequados ao conteúdo e ao nível dos alunos. “Falta tempo para o momento de criação dos professores, por isso achamos que podemos atuar nessa área, dar um apoio na formação de ideias”, completa João Paulo.