Udacity cresce com cursos online que garantem emprego
Plataforma que criou o Nanodegree, formação desenhada por empresas de tecnologia, lança modalidade de curso que promete devolver dinheiro se estudante não conquistar vaga após seis meses
por Marina Morena Costa 19 de janeiro de 2016
Em apenas quatro anos, a Udacity, startup norte-americana de educação online, atingiu a marca de 4 milhões de estudantes em todo o mundo e viu seu valor de mercado chegar US$ 1 bilhão de dólares. Com o objetivo de preparar profissionais para o mercado de trabalho, a empresa trabalha em parceria com grandes companhias, desenhando programas para formar futuros colaboradores ou aperfeiçoar os atuais, buscando “fazer a ponte entre a academia e as necessidades da força de trabalho do século 21”.
Há pouco mais de um ano, a Udacity decidiu investir em cursos pagos e lançou o programa Nanodegree, uma formação compacta, criada junto com grandes empresas do Vale do Silício, nos EUA, como Google, Facebook e AT&T, para formar profissionais de tecnologia com as habilidades que o mercado necessita e exige. O certificado do curso é reconhecido por essas empresas como uma espécie de diploma e um importante diferencial em um processo seletivo.
Neste mês, a Udacity inovou novamente ao lançar uma nova modalidade do programa, o Nanodegree Plus, que garante ao estudante um emprego em até seis meses após sua formação, ou o dinheiro das mensalidades de volta. A empresa garante que o aluno será contrato por uma das empresas parcerias, terá um estágio remunerado, ou um trabalho na organização (que pode ser freelancer). A garantia é válida somente para estudantes que vivem nos EUA.
“Nós temos visto um enorme crescimento no número de inscrições no Nanodegree desde o lançamento, cerca de 15 meses atrás. Nós também crescemos o número de cursos disponíveis para doze e planejamos quadruplicar em 2016”, conta em entrevista ao Porvir a vice-presidente da área Internacional da Udacity, Clarissa Shen. Atualmente, 11 mil alunos estão inscritos em cursos Nanodegree.
Para o aluno, o Nanodegree significa uma especialização em tecnologia mais rápida e acessível. Os cursos são desenhados para serem concluídos entre seis meses e um ano, e custam US$ 200. Atualmente, há 12 programas disponíveis, que vão de desenvolvedor de programas para Android, iOS, aplicações para internet e games para celular, a cursos de programação sênior, engenharia de máquinas e empreendedorismo tecnológico (como fazer do seu app um negócio).
Já na versão Plus, a mensalidade custa US$ 99 a mais, e no momento, apenas quatro cursos Nanodegree estão disponíveis, mas o objetivo é que todos tenham uma versão Plus futuramente. https://www.udacity.com/nanodegree/plus
Aprendizagem mão na massa
A aprendizagem é focada na prática, os alunos aprendem fazendo. Em geral, são desenvolvidos entre cinco a oito projetos durante o curso. Os alunos recebem também uma consultoria para sua carreira, com treinamento para entrevistas, coaching, e dicas sobre como usar o LinkedIn. Tudo para ajudar na colocação no mercado de trabalho.
Para participar de um curso Nanodegree, os pré-requisitos básicos são: ter inglês fluente e profissional (falado e escrito), ser independente nos estudos e motivado a aprender, ter acesso a um computador com uma conexão de banda larga, no qual você vai instalar um editor de código/texto profissional, resolver problemas de forma estratégica e comunicar claramente suas estratégias, estar disposto a colaborar com os colegas, ter acesso a um ambiente onde possa participar de conferências de vídeo e se comunicar com um mentor (coach, para avaliação de projetos e verificações, por exemplo). Não há processo seletivo, basta se inscrever no curso de sua escolha.
“A experiência exigida para cada programa Nanodegree varia. Há Nanodegrees para pessoas com absolutamente nenhuma experiência prévia, que estão se iniciando em tecnologia, e para os desenvolvedores seniores, com uma década ou mais de experiência, que querem elevar suas habilidades”, explica Clarissa.
Há dezenas de milhares de estudantes da América do Sul utilizando o Udacity, segundo Clarissa. O Brasil está entre os 10 países com maior número de matrículas nos cursos livres da empresa e representa um “riquíssimo banco de talentos com milhões de pessoas que podem transformar suas carreiras e alcançar seu pleno potencial econômico com a educação online”, na avaliação da executiva da Udacity.
Segundo Clarissa, a Udacity está em expansão internacional. “Abrimos operações na Índia e firmamos mais parcerias com empregadores de todo o mundo, como a Tata Trusts, AT&T e GitHub”, destaca.
Para investir no formato pago de cursos, em 2014 a empresa captou US$ 35 milhões de investidores. O fundador da Udacity, Sebastian Thrun, especialista em inteligência artificial pela Universidade de Stanford, ex-chefe da Google X, área de projetos avançados da empresa de pesquisa, disse à época do lançamento para o Wall Street Journal, que a principal questão para o Nanodegree seria a confiança. “Com Harvard e MIT a confiança já existe, mas [com startups de aprendizagem] é uma relação de confiança que precisa ser conquistada.” Em novembro de 2015, a empresa recebeu um novo aporte de investimento, de US$ 105 milhões, e aposta no mercado de trabalho para atrair tal confiança.