Plataforma Faz Sentido conecta a educação aos interesses dos adolescentes - PORVIR
Crédito: fazsentido.org.br

Inovações em Educação

Plataforma Faz Sentido conecta a educação aos interesses dos adolescentes

Iniciativa traz recomendações e práticas que apoiam redes, escolas e professores na construção de um percurso para transformar o ensino fundamental 2

por Marina Lopes ilustração relógio 12 de agosto de 2016

Há uma enorme distância entre a escola e o universo dos adolescentes. Enquanto as instituições de ensino não conseguem enxergar a fase que vai, em média, dos 12 aos 16 anos como uma oportunidade para o desenvolvimento, os alunos sentem que o dia a dia escolar é pouco prazeroso. Mas como conectar essa etapa aos interesses e necessidades dos adolescentes? Para apresentar um caminho, a plataforma Faz Sentido traz uma série de recomendações e práticas que ajudam redes, escolas e professores a transformarem os anos finais do ensino fundamental.

Lançada nesta sexta-feira (12), a plataforma foi construída a partir de uma parceria entre o Instituto Inspirare, o Instituto Unibanco, a Agência Tellus, o Laboratório de Mídia e Educação (MEL) e o Laboratório de Inovação Educacional (LABi). Por meio de soluções, orientações e ferramentas, ela funciona como um guia prático para orientar a construção de uma nova proposta de ensino fundamental, que busca dar sentido à educação para adolescentes do século 21.

Tido por muitos como etapa esquecida da educação básica, o ensino fundamental 2 muitas vezes não consegue se conectar com as transformações físicas, psíquicas, emocionais e sociais que os adolescentes passam nessa fase. No entanto, muitos estudos demonstram que a plasticidade do cérebro nessa fase é muito similar a da primeira infância, quando surge uma série de oportunidades para descobertas e aprendizagens.

Ao mesmo tempo, os dados educacionais também revelam a importância e a urgência de um investimento nessa etapa. Em 2013, o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) ficou abaixo do esperado, com nota 4,0.

Conheça alguns destaques do estudo sobre adolescência disponível na plataforma:

“A plataforma nada mais é do que um hub [núcleo] para tentar conectar todas as experiências, estudos, pessoas e organizações que estão trabalhando com essa etapa de ensino e com essa etapa da vida”, afirmou Anna Penido, diretora do Instituto Inspirare, durante o evento de lançamento da iniciativa, que aconteceu no Instituto Unibanco, em São Paulo.

Como parte de um projeto mais amplo, denominado Ensino Fundamental 2.0, a plataforma foi elaborada em um processo que envolveu ações de campo que já foram experimentadas nas secretarias municipais de educação de Salvador (BA) e São Miguel dos Campos (AL). Com ações conduzidas localmente pelas organizações LABi e MEL, respectivamente, essas redes começaram a fazer o redesenho do seu ensino fundamental 2 por meio de escutas inspiracionais, oficinas de cocriação e grupos de trabalho.

“A possibilidade de fazer política pública com capacidade transformadora implica, não só em reconhecer e respeitar a potência e a força dos gestores públicos que estão espalhados pelo país todo, mas também em criar condições para que boas ideias sejam instituídas e implementadas de forma realmente participativas”, destaca Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco.

Como um instrumento para apoiar as redes de ensino que desejam transformar os anos finais do seu ensino fundamental, a Faz Sentido apresenta uma trilha composta por sete etapas (confira aqui). Elas envolvem: mobilização para adesão da rede, organização do processo, realização de escutas inspiracionais, criação de soluções, definição de diretrizes, implementação e monitoramento e avaliação.

Ao criar um cadastro na plataforma, as redes podem construir o seu caminho e navegar pelas trilhas. Em cada parte, elas encontram orientações e ferramentas para elaborar planos de trabalho, realizar e sistematizar escutas, organizar oficinas de criação, experimentar soluções e estruturar avaliações, entre outros recursos.

Faz-Sentido-Educacao-Fund-2_trilhaCrédito: fazsentido.org.br

Experiências de campo
Na secretaria de Salvador, Daniela Correia, que é coordenadora dos anos finais, conta que o redesenho do ensino fundamental começou com a mobilização da rede e a firmação de um termo de compromisso. Em um processo que envolveu toda a rede, os alunos também tiveram oportunidade de se expressar. “Algo que foi bem diferenciado nesse trabalho foi a questão da escuta do aluno. A gente sempre ouvia o aluno pela boca do professor”, afirma.

Com base nos desafios identificados pela rede durante as escutas, a professora de português Anna Frascolla, da Escola Municipal Luiza Mahim, participou de uma oficina de criação sobre o tema avaliação. “Eu gostei da oficina porque ela nos permitiu sonhar. Não adianta só a gente ter um diagnóstico dos problemas que nós enfrentamos no nosso dia a dia”, avalia. Ela conta que se inspirou em algumas propostas que surgiram durante o encontro para aplicar novos formatos de avaliação na sala de aula.

Em São Miguel dos Campos (AL), a diretora Sônia Falcão, da Escola Estadual Rui Palmeira, diz que a escuta dos funcionários, professores, famílias e alunos do sexto ao nono ano, sugerida em uma das etapas da trilha, já permitiu começar a fazer pequenas transformações na escola, como alterar o horário do intervalo para atender a uma demanda dos adolescentes, repensar a merenda e experimentar a produção de curtas de audiovisual. “Quando nos sugeriram fazer essa escuta, ficamos com medo. Eu pensei que iria receber muitas críticas, mas tive muitos elogios por esse processo democrático. A gente tem que tentar fazer. A melhor maneira é ouvir e dar voz a quem tem o direito de falar.”

Recomendações e Práticas
Na plataforma também são encontrados estudos, recomendações e práticas que foram elaborados a partir de ações de design, conduzidas pela Agência Tellus. Enquanto as recomendações trazem dicas relevantes sobre diversos temas, como adolescência, currículo, formação de educadores e gestão, os cartões de práticas trazem ideias e experiências que podem ser aplicadas na escola ou na rede. Todos podem ser compartilhados, marcados como favoritos e impressos.

Ao buscar sobre o tema Família e Comunidade, por exemplo, o professor, coordenador, diretor ou gestor têm acesso a um cardápio variado de dicas para ampliar a participação da comunidade na escola. Além disso, também pode se inspirar com experiências práticas que já foram testadas, como os encontros do Café Terapêutico (confira aqui) que são realizados no CIEJA (Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos) Campo Limpo, em São Paulo (SP), para fortalecer o envolvimento dos familiares na aprendizagem e desenvolvimento dos alunos.

Conheça a plataforma: http://fazsentido.org.br/


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