Professora cria museu temporário para celebrar histórias pessoais dos alunos
Para chamar atenção dos estudantes sobre importância e capacidade de cada pessoa na construção da história, professora organiza análise e exposição de objetos pessoais
por Adriana Negreiros Campos
9 de novembro de 2016
O projeto “Museu temporário de lembranças” foi desenvolvido com duas turmas do 5º ano do ensino fundamental, em uma escola municipal de Santos (SP). Como responsável pela área de história, comecei a perceber a dificuldade dos alunos associarem a disciplina com a história de vida deles e da família.
Eu tinha terminado um mestrado no Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE-USP), que era justamente sobre educação patrimonial e o objetivo do arqueólogo. Então, resolvi fazer uma atividade, a princípio, com documentos e objetos. A proposta era construir um museu que abarcasse as memórias por meio de objetos significativos trazidos pelos próprios alunos, pelos professores, pela equipe técnica e também por mim.
Comecei a levar meus objetos para que servissem como meio para eu trabalhar história e história textual com alunos. Levei um baú, uma máscara antiga, réplicas de objetos arqueológicos, objetos indígenas e até um disquete. Nós fizemos todo um trabalho de interpretação dos materiais.
Os alunos se dividiram em grupos e eu passei um roteiro de perguntas para eles. Segundo pesquisei no meu mestrado em arqueologia, nós devemos fazer perguntas para o objeto. Primeiro, são questionamentos sobre o aspecto físico: como é o objeto, qual é a sua estrutura e se ele está inteiro ou em pedaços. Depois, vinham perguntas sobre a tecnologia: qual é o material do objeto, como foi produzido, se foi produzido por uma pessoa só ou várias, se foi produzido em uma fábrica ou feito à mão, quem usou aquele objeto, entre outras questões. Tudo isso para que depois eles tivessem o mesmo olhar com os objetos que trariam de casa para a escola.
Quando os alunos começaram a trazer seus pertences, nós não sabíamos muita coisa sobre aqueles materiais. Então foi preciso fazer outro movimento: eu incentivei que eles pesquisassem com as famílias sobre o que tinham trazido, como: que foto era aquela, quando tinham usado a roupinha que levaram, qual era a história por trás daquele brinquedo. Aí sim, voltaram para a sala de aula com essas informações.
Nesse momento, contei com a parceria da professora de língua portuguesa, que ajudou na redação das legendas de cada material e na elaboração do catálogo do nosso museu. Trata-se de um processo longo: a criança vem, escreve, revisa, depois escreve mais. E a gente foi juntando essa produção. Cada objeto tinha um texto próprio que contava sua história.
Nós também realizamos atividades fora da escola. Visitamos uma aldeia indígena chamada Rio Silveira, que fica em Bertioga. Um dos assuntos previstos no plano do curso era o surgimento do homem. Então, eu abordei a questão da chegada do homem branco na América e seu encontro com os povos indígenas. Para mostrar aos alunos que os indígenas não são aqueles que “vivem no passado”, nós também visitamos a aldeia. Nessa ocasião, os estudantes perceberam que existem, sim, índios na atualidade.
O produto final foi a montagem de um museu temporário com todos os materiais trazidos para a escola. Mas o objetivo do projeto foi trabalhar história e mostrar para os alunos que ela não se faz só com escrita, mas também com documentos e com os próprios objetos. A história pessoal é tão importante quanto a história que está no livro. Eu queria que eles soubessem que a história é construída por pessoas como nós e que a gente também pode produzir conhecimento.
Na grande maioria das escolas públicas, o professor só tem o livro didático como fonte de conteúdo. Eu queria mostrar para os alunos que o livro serve como orientador, mas que nós podemos ir além, transformando a escola num local de produção do conhecimento, não em um local de mera reprodução.
Os estudantes foram muito receptivos ao projeto como um todo. Eu acho que, quando eles sentem que a atividade tem uma razão e existe uma função no que estão fazendo, fica muito mais fácil, é mais tranquilo desenvolver a proposta. Eles ficam motivados porque percebem que aquilo é importante, e que o aprendizado vai valer pro resto da vida.
Adriana Negreiros Campos
Formada em História pela Universidade Federal Fluminense e mestre em Arqueologia pelo Museu de Arquelogia e Etnologia (USP) . Atualmente, coordena na Secretaria de Educação de Santos, projetos referentes à História e Arqueologia da cidade e formação de professores nas seguintes áreas: Educação Patrimonial, História local, Arqueologia e História da África e questão racial no Brasil.








Que rica iniciativa Adriana, parabéns! Estou concluindo minha dissertação na FAU sobre transformações da paisagem na região noroeste de SP, justamente a partir de uma cartografia afetiva realizada em colaboração com moradores, com os seus documentos e registros. Com uma abordagem geográfica e histórica, sabe? Estou aguardando ser chamada no concurso para o EJA em Santos e espero ter a oportunidade de nos conhecermos. Fiquei mais entusiasmada ainda…. que experiência linda!
Parabéns pelo lindo trabalho, precisamos deste tipo de visão!!!
Incrível!
Adriana, parabéns! Também acredito em aprendizagem colaborativa.
Eu fiz essa experiência na E. M. E. F. (Escola Municipal do ensino fundamental) Em 2011.Nos também reunimos objetos pessoais das famílias do bairro e em uma sala organizamos a exposição durante uma semana. E quem ajudou a garimpar a história pessoal das pessoas do bairro foram as crianças do grêmio estudantil. No final fizemos um dia de escola aberta para visita da comunidade. Foi muito legal.Depois sai dessa escola e não tive mais oportunidades pra realizar esse projeto. Antes disso qdo fui coordenadora de EMEI tb fizemos essa pesquisa de objetos pessoais significativos e fizemos um dia de exposição com escola aberta pra família. Tem coisas q fazemos e depois abandonamos . Precisamos começar a dar continuidade a trabalhos desse tipo. Parabéns! Seu trabalho e muito bom! Continue.
Que trabalho lindo, Adriana!!! Compartilhei com meus alunos de Pedagogia! Parabéns pela iniciativa!
Parabéns, professora pela sensibilidade na seleção das atividades e pela fundamentação teórica que subsidiou o trabalho com tanta clareza nos objetivos.
Orgulhosa por ser companheira de ofício de Adriana Negreiros Campos. Vivi na década de 1970 em Santos e sei que há ali muita história pra ser contada, individual e coletivamente. Parabéns, professora e alunos
Parabéns, uma bela e importante iniciativa. Como terapeuta de família, conhecedora da importância das histórias pessoais e familiares, fiquei emocionada com seu museu temporário.
Adriana e equipe da escola… Sou museóloga em um Museu em Salvador – Bahia e amei essa ideia. Parabéns pela iniciativa e sensibilidade em perceber o quanto esse aprendizado irá permanecer na memória dos alunos. Parabéns mesmo.
Parabéns! Amei seu trabalho.
Parabéns, Adriana !!!
Você, sempre entusiasmada e sempre criando coisas novas!!!
Parabéns pelo belo trabalho professora e alunos!
Parabéns Adriana, muito bom trabalho. Sentindo-me estimulada a difundir sua ideia.
Parabéns ! Adriana essa é a direção , as coisas precisam fazer sentido…nem todas professoras têm um “olhar cuidadoso” para perceber se está no caminho mais adequado para
seu grupo.
Muito bacana!
Essa experiência e riquíssima.
Parabéns pela proposta de ensino.
Parabéns ao grupo, pela iniciativa.Gratidão por compartilhar.
Que iniciativa louvável, professora Adriana!?
Muito legal. Tenho um projeto parecido, infinitamente mais simples, claro, com as turmas do 3o ano do ensino médio. É emocionante ver os jovens construindo o processo.
O projeto descrito no texto é, sem dúvida, integrador e emocionante. Parabéns!
Parabéns amei a idéia! Como professora de História, achei muito criativo e dinâmica esta atividade! Muito rica e interessante!
Parabéns! Trabalho de excelência.
Acredito nessa proposta de ensino, pois o que aprendemos será de fato conhecido quando aplicamos no cotidiano , ou partimos dela.
Sandra Santos Francisco.
Município de Pedro Canário / Espírito Santo.
Parabéns, Adriana! Amei seu lindo trabalho e já te amo desde o título dessa reportagem…kkkk Incrível!
Amei!!!!!Parabéns,lindo trabalho!!!bjs
Lindo trabalho, inovador, significativo. Parabéns educadora. Quanto prazer em sentir o resultado deste trabalho.
a iniciativa chama os jovens para o conhecimento. Parabeés Professora