Cursos de formação de professores mudam currículo e usam novas metodologias - PORVIR
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Inovações em Educação

Cursos de formação de professores mudam currículo e usam novas metodologias

Planejamento de carreira, disciplinas fora do comum e projetos reais são apostas de instituições brasileiras para inovar na graduação e especialização

por Marina Lopes / Vinícius de Oliveira ilustração relógio 17 de março de 2017

Diante de um novo cenário educacional, cercado pelo excesso de informações e alunos conectados, a formação acadêmica tradicional fica cada vez mais distante da realidade da sala de aula de cursos de formação de professores. Para responder a esses desafios, instituições brasileiras de ensino superior começam a investir em novas metodologias e repensam a matrizes curriculares.

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Na Uniamérica, em Foz do Iguaçu (PR), o modelo tradicional de formação acadêmica deu lugar às metodologias ativas. Seguindo uma mudança que teve início há três anos na instituição, as licenciaturas modificaram sua estrutura e aboliram as disciplinas em prol de projetos. Ao ingressar nos cursos de pedagogia, ciências biológicas, história ou educação física, os futuros profissionais da educação adquirem conhecimentos e desenvolvem competências a partir de atividades pautadas em desafios reais.

Com uma matriz curricular baseada em competências, os cursos organizam seus módulos semestrais em torno de projetos integradores. Dentro dessa proposta, os estudantes devem propor soluções para os problemas observados na sua área de atuação. “Antes os alunos saiam formados para criticar modelos educacionais com base em teorias ensinadas. Hoje eles conseguem propor uma solução para essas questões”, avalia Thuinie Daros, coordenadora do curso de pedagogia.

Os exemplos de projetos desenvolvidos pelos estudantes são inúmeros: da criação de um aplicativo para facilitar a gestão escolar ao acompanhamento do processo de alfabetização de crianças. Como estratégia para garantir que os universitários tenham contato com a prática profissional, no curso de pedagogia, por exemplo, esses trabalhos também simulam a construção de uma startup educacional. “Nós chamamos gestores e mantenedores de escolas do setor público e privado para avaliarem os nossos produtos e o resultado de cada projeto integrador”, conta Thuinie.

Entre outras mudanças realizadas na pedagogia, ela também menciona a adoção de novas metodologias, que incluem o ensino híbrido, a gamificação e o uso tecnologia. Junto com tudo isso, os estudantes também são incentivados a refletir sobre projeto de vida para fazer gestão de carreira e compreender a profissão de maneira ampla. “Nós fizemos um exercício conjunto de perceber quais eram as competências necessárias para atuar dentro dos problemas educacionais atuais”, diz.

Na mesma perspectiva, de preparar os alunos para enfrentar os desafios da sala de aula, o Centro de Estudos em Educação da Unità Faculdade, em Campinas (SP), fugiu do modelo convencional para elaborar a matriz do seu curso de pedagogia. Com previsão de início para o próximo, a licenciatura está organizada em quatro pilares fundamentais: “escolarização e docência”, “política e gestão”, “educação e cultura” e “teoria e prática”.

No eixo de escolarização e docência, os estudantes terão contato com estratégias de alfabetização e o uso social dessas habilidades. “O professor terá que receber uma formação para resolver problemas imediatos da sala de aula”, aponta Cristina Tempesta, docente do curso de pedagogia. Ao mesmo tempo, ela também destaca que, com as disciplinas associadas ao pilar de política e gestão, os alunos serão preparados para terem melhor noção sobre planejamento profissional, pedagógico e financeiro de uma instituição. “Percebemos que muitos gestores de escolas da educação básica têm formação em pedagogia, mas não desenvolvem essa visão administrativa”, ressalta.

Outra preocupação do curso é formar profissionas para desenvolver empatia e respeito às individualidades. “Nós acreditamos que ao se aproximar da literatura e do cinema, o aluno de pedagogia será formado para trabalhar com respeito e tolerância”, menciona Cristina. Para isso, a matriz curricular inclui disciplinas que passam pelo eixo de educação e cultura,

Na hora de responder ao desafio da integração entre teoria e prática, a Unità Faculdade apostou no modelo de residência pedagógica para garantir que os alunos tenham contato com a escola desde o início do curso. Inserida dentro de um grupo educacional que conta com mais de vinte escolas de educação básica, a ideia é que o envolvimento com a realidade da escola tenha na grade curricular o mesmo peso que o de uma disciplina. “A ideia é fazer o professor vivenciar situações que ele vai poder replicar com os alunos na sala de aula”, explica.

Considerando que a educação está em constante transformação, a nova licenciatura também irá trabalhar com disciplinas de planejamento pessoal, financeiro e profissional, tendências educacionais, criatividade e neurociência aplicada à educação. “Queremos trabalhar com esse professor para ele aprender a fazer previsão de futuro. Quando ele tem uma aluno de 7 ou 8 anos, não basta trabalhar com o presente. Ele precisa pensar em como formar essa criança para viver em uma vida adulta”, projeta Cristina.

Inovação também chega na formação continuada

Em um novo curso de pós-graduação lato sensu sobre gestão da aprendizagem exclusivo para quem está atuando em sala de aula, a Universidade Braz Cubas, de São Paulo, pretende enfatizar a educação personalizada, o empreendedorismo, as experiências práticas e a aprendizagem horizontal (entre pares).

A mudança é sentida desde o processo de seleção, iniciado com o envio de um vídeo de dois minutos em que o candidato a uma das 96 vagas apresenta um problema que vivencia em sala de aula e uma proposta de intervenção. “O objetivo é que esses professores conduzam dois processos para eles mesmos ao longo do curso. Um deles é colocar em prática em sua sala de aula a ideia apresentada no vídeo, com todo o subsídio e supervisão do curso, como se fosse uma consultoria. Em outra frente, também será trabalhado o desenvolvimento das competências pessoais do professor”, diz Adriana Martinelli, coordenadora do curso

Com carga de 400 horas, o curso se divide em encontros mensais de seis horas (aos sábados), atividades à distância, aplicação do projeto em sala de aula (horas em campo) e observação de projeto de um par. “Não gosto nem de dizer que é presencial com EAD. É o jeito que a gente vive, online e off-line. Entre um encontro e outro, várias coisas podem acontecer”, diz Adriana

Para fazer com que o “professor aprenda a aprender”, um tutor vai acompanhá-lo na plataforma a distância e um coach vai cuidará dos projetos e do desenvolvimento baseado no perfil comportamental, que será traçado logo no início das aulas, em maio. Essa será uma oportunidade para que o pós-graduando se conheça e perceba como suas atitudes estão alinhadas com o projeto. Em razão da proposta de personalização, o curso não larga com uma ementa fixa. “Com os 96 vídeos das inscrições, teremos o panorama e o mapa conceitual do tipo de projeto que pode acontecer, e aí serão definidos os conteúdos que os professores vão precisar. O conteúdo existe em função da demanda deles”, explica.


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aprendizagem baseada em projetos, carreira, formação continuada, formação inicial, projeto de vida, tecnologia

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