Professor cria paródias musicais para dar aulas em curso de direito - PORVIR
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Diário de Inovações

Professor cria paródias musicais para dar aulas em curso de direito

Em duas faculdades da Paraíba, a estratégia é usada pelo docente para ensinar linguagem e argumentação jurídica, conceitos introdutórios e direito da infância e da juventude

por Francisco Nailson dos Santos Pinto Junior ilustração relógio 4 de outubro de 2017

Na época em que eu comecei a trabalhar como professor do ensino fundamental e médio, eu era músico profissional e tocava em uma banda. Para não deixar essa experiência de fora, pensei em uma forma de inserir a música dentro do contexto da sala de aula. Hoje, como docente nos cursos de direito da Faculdade Integradas de Patos e Devry João Pessoa, na Paraíba, também levo composições e instrumentos musicais para as minhas aulas.

Como eu já tinha trabalhado com a música nas aulas de filosofia e sociologia, comecei a usar a mesma estratégia nas aulas de linguagem e argumentação jurídica, introdução ao direito e direito da infância e juventude.

Para abordar conteúdos dessas disciplinas, criei paródias de algumas composições minhas sobre as cidades de João Pessoa e Campina Grande. A minha inspiração vinha sempre depois de surfar. Eu pegava o violão e fazia adaptações das músicas para a sala de aula.

Se você faz um negócio bem feito, a música atrai a atenção da turma. Eu costumo entrar na sala com um violão e uma gaita. Também levo alguns instrumentos para os alunos interagirem e cantarem junto comigo. Eles tocam clarinete, sanfona, violão, atabaque e outros instrumentos de percussão.

Quando trabalhei com os meus alunos o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), por exemplo, fiz uma música chamada “Garoto”, que dizia o seguinte: “Quero Educação. Não me deixe sem escola, não. Eu quero brincar, sem ter que trabalhar. Garoto, eu sou um garoto.”

A ideia dessa música era mostrar para os alunos que a linguagem do direito da infância e da juventude é muito comprometida por outras áreas, como o jornalismo. Se você liga a televisão ou o rádio, ouve alguém chamando a criança de menor. Já no jornal, escrevem que o adolescente foi preso. Eu sempre tento explicar para os alunos sobre as leis e como o direito da criança e do adolescente é visto dentro da sociedade.

Tenho uma outra música que faz uma paródia do Luiz Gonzaga para contar a história da adoção. Sempre que eu posso, tento conectar as músicas com o conteúdo. Às vezes não é possível, tenho que trabalhar com algumas aulas tradicionais também.

Comecei a perceber que, com o uso das músicas, os alunos fixam melhor o conteúdo e acabam tendo resultados melhores. Eu sempre falo para eles que a minha intenção não é ser um músico de sucesso, mas apresentar o conteúdo de uma maneira didática.

Dessa prática, também surgiu um projeto de gravar as músicas em estúdio e produzir textos para explicar o conteúdo abordado nelas. Com isso, espero que o material posso ajudar outros professores da mesma área.

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Francisco Nailson dos Santos Pinto Junior

Professor vocacionado, lecionou no ensino fundamental e médio. Hoje atua no superior e desenvolve didática voltada para uso da música dentro da sala de aula. É professor de direito da infância e juventude, filosofia do direito, sociologia e mediação.

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ensino superior, música

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Solange Valera Freitas

excelente sua didática!

Jacqueline Gonçalo

Muito legal a matéria e que iniciativa bacana desse professor!! Os cursos de graduação já são massantes por tradição, e eu acho que os professores devem se esforçar para tornar a experiência em sala de aula, além de educativa, divertida e prazerosa. Tinha um professor de física do ensino médio que sempre passava filmes relacionados a matéria para que a gente entendesse melhor, acho que pode ser uma saída também. Tem um post bem legal sobre isso aqui http://administracaoesucesso.com/2017/10/03/e-administrador-de-empresas-veja-os-filmes-que-todo-profissional-deve-assistir/, apesar não se tratar do curso de direito são dicas legais.

Professor João Marcelo Silva

Parabéns, Meu Caro!
Seria interessante trocarmos informações, uma vez que também atuo no Curso de Direito.
Abraço.

Vanessa Mata

Adorei sua discussão e reflexão em torno da utilização de paródias, sei que a discussão aqui é em torno do curso de direito, mas gostaria de compartilhar com vocês minha experiência. Me recordo de uma turma do ensino médio, eram alunos com problemas disciplinares e a escola os mantinha isolados, mas decidi propor a eles a produção de uma paródia (musical) sobre alguns livros literários que estávamos lendo, já que a leitura não estava indo muito bem. Durante a apresentação, nunca vi eles tão tranquilos e dispostos, me sentei em uma das cadeiras no fundo da sala e pude observar como eles assumiram uma ótima postura em frente a turma, depois daquilo a sala passou a me receber sempre com muito amor e acabei sendo homenageada por eles no final da formação, mesmo não sendo mais professora deles.

Rose Palmeira

Excelente estratégia! As Múltiplas Inteligências em Prática! Parabéns!!!!!

Marcela

Parabéns pela forma que utiliza para ensinar, professor! Eu também amo fazer paródias musicais com matérias/assuntos escolares ou de ensino superior. Penso que através da música, as pessoas gravam muito mais rápido o conteúdo, além de assimilar também! Caso queira trocar informações meu email é marfigcar@hotmail.com.

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