Aplicativo funciona como ‘Pokémon Go da cultura’ para jogador explorar a cidade de São Paulo
Desenvolvido pelo Instituto PROA, o game usa realidade aumentada e traz missões para alunos conhecerem pontos de cultura espalhados pela cidade
por Marina Lopes 2 de agosto de 2018
Pokébolas, pokéstops e ginásios saem de cena para dar espaço a monumentos, teatros, museus e outros quase 3.500 mil pontos de cultura da cidade de São Paulo (SP). Com tecnologia de realidade aumentada e missões espalhadas por toda a capital, o jogo Proacoins quer se tornar uma ferramenta para ampliar a visita de alunos a equipamentos culturais.
Criado pelo Instituto PROA, que apoia jovens no início de carreira ou em busca do primeiro emprego, o jogo foi desenvolvido em parceria com a Prefeitura de São Paulo, a Secretaria de Cultura e a empresa de tecnologia Oracle. Em um aplicativo gratuito, disponível desde junho para IOS e Android, os alunos podem acessar mais de 10 mil tarefas nas diferentes regiões da cidade. No game, conforme eles caminham com o GPS do celular habilitado, são desafiados a conhecer a história de um monumento ou fazer uma pausa para visitar uma exposição próxima.
Depois de conhecer os espaços sugeridos pelo aplicativo, o jogador deve participar de um quiz para ganhar pontos. As moedas virtuais funcionam como uma espécie de programa de milhagens, que permite a troca de “proacoins” por ingressos e bolsas de estudos. Apesar do game estar disponível para qualquer pessoa interessada, as recompensas são habilitadas apenas para alunos de escolas públicas. Com pouco mais de 3 mil pontos, por exemplo, que podem ser facilmente computados durante um passeio por diferentes pontos da Avenida Paulista (cada missão soma em média de 100 a 200 pontos), o jovem consegue ganhar um ingresso de cinema. Se conseguir juntar 120 mil pontos, ele tem a chance de fazer um intercâmbio de um mês na Oceania.
“Apesar de São Paulo ser um cidade com uma super oferta de cultura, as pessoas não têm o costume de visitar museus, teatros e outros equipamentos. Com o aplicativo, queremos quebrar esse ciclo”, diz Lucas Salgado, coordenador do projeto, ao mencionar dados de estudos recentes que apontam o baixo consumo de cultura nesses espaços entre entre a população. Segundo a pesquisa Hábitos culturais dos paulistas, idealizada pela consultoria JLeiva Cultura & Esporte e levada a campo pelo Instituto Datafolha, apenas 26% das pessoas visitaram um museu no último ano e 40% delas nunca foram a uma exposição de arte.
Além de despertar o olhar para equipamentos culturais da cidade, o aplicativo tem a proposta de ampliar o repertório dos jovens. “O projeto teve origem em atividades do PROA. Nós percebemos que os alunos que visitavam museus, teatros e exposições tinham um ganho muito rápido de repertório.”
Ex-aluna do Instituto PROA, Isabele Prieto, 19, foi uma das voluntárias que ajudou a testar o aplicativo. “Na época do lançamento, eu trabalhava perto da Faria Lima [na zona oeste]. Andar com o aplicativo aberto foi uma experiência muito legal porque eu pude ver a quantidade de pontos de cultura que estavam perto de mim e eu não sabia”, conta.
Para a ex-aluna Maria Luiza Soares, 17, o aplicativo também ajudou a chamar atenção para pontos da cidade que muitas vezes passam despercebidos. Para exemplificar, ela cita uma missão na Praça da Sé, um dos principais cartões-postais da cidade. “Ela perguntava o que representavam as estátuas na frente da igreja e o que significam as imagens do Marco Zero da cidade. Foi sensacional conhecer essas histórias.”
Até o momento, o aplicativo já conta com mais de 10 mil tarefas disponíveis em diferentes pontos culturais mapeados pela cidade. De acordo com o coordenador do projeto, Lucas Salgado, a ideia é que futuramente os usuários também possam contribuir enviando sugestões de lugares e desafios.