O que acontece quando o professor dá chance às metodologias ativas - PORVIR
Crédito: pict rider/Fotolia.com

Inovações em Educação

O que acontece quando o professor dá chance às metodologias ativas

Livro "Metodologias ativas para uma educação inovadora" combina teoria com experiências em escolas e sala de aula para convencer educadores que uma outra educação é possível

por Vinícius de Oliveira ilustração relógio 24 de novembro de 2017

Para mostrar como é possível deslocar o ensino baseado na fala do professor e na leitura de textos para uma estratégia centrada no interesse do aluno, o livro Metodologias ativas para uma educação inovadora” (Editora Penso, 238 págs.) apresenta experiências de educadores que hoje conectam conteúdos, espaços e tempos da escola ao século 21, seja na educação básica ou no ensino ensino superior.

Organizada por Lilian Bacich, co-organizadora do livro “Ensino híbrido: personalização e tecnologia na educação” e coordenadora do Instituto Singularidades, e José Moran, professor aposentado de novas tecnologias e cofundador da Escola do Futuro da USP, a obra é dividida em 10 capítulos, que discutem temas como sala de aula invertida, compartilhamento de aula entre professores, formação de professores, dentre outros.

Leia mais
Estudo de caso leva prática para formação continuada
Como aplicar a aprendizagem ativa na educação a distância

No evento realizado na última quarta-feira (22), na sede do Instituto Singularidades, em São Paulo (SP), Lilian lembrou que mais do que adotar tecnologia, o que se espera é que a escola consiga trabalhar o pensamento crítico, a criatividade e a colaboração entre os alunos. Neste aspecto, professor assume um papel primordial. Segundo a especialista, um dos objetivos do livro é mostrar que “o professor precisa ser flexível dentro dessa realidade e ser compromissado com a mudança de cultura”.

Moran explica que o livro tem a missão de ir além da discussão sobre ensino híbrido para abordar as metodologias ativas de forma mais ampla e apoiar quem planeja trabalhar de forma mais integrada ao currículo, envolvendo o aluno, a escola e a cidade dentro do contexto de inovação. “Atualmente o aluno aprende sozinho, por meio da personalização, entre pares ou em grupos, em contextos reais ou por simulação, e com apoio de alguém mais experiente. Se trabalharmos isso com as tecnologias presentes no cotidiano, teremos infinitas possibilidades de aprender”.

Para introduzir algumas das experiências retratadas na obra, alguns dos professores-autores levaram ao encontro no Instituto Singularidades o que têm desenvolvido em sala de aula. Marcelo Ganzela, coordenador do Instituto Singularidades, explicou como a personalização é importante no ensino de linguagem. Julciane Rocha, especialista em educação inovadora e autora do capítulo sobre design thinking na formação de professores, ressaltou como trabalhar a empatia e envolver o público-alvo é eficiente na hora de resolver um problema em sala de aula. Tiago Eugênio, professor do Colégio Bandeirantes (SP), retomou os conceitos apresentados pelo professor José Moran para detalhar como trabalha elementos de jogos, ciências e tecnologia conectados ao mundo real em um projeto extracurricular baseado em trilhas de aprendizagem.

Marta Gonçalves, psicopedagoga, trouxe o relato do impacto da inovação no ensino superior, com uma experiência que aproximou dois professores na licenciatura de matemática que resolveram compartilhar suas aulas. “Graças às metodologias ativas, três turmas de semestres diferentes puderam participar de atividades em conjunto, com nuances diferentes, descentralização do papel do professor e aprendizado entre pares”. Também foi pelo respeito ao contexto de cada aluno que Julia Andrade, do Projeto Aprendiz, relatou que as atividades mão na massa puderam ser bem-sucedidas em um projeto na Bahia para o ensino de pensamento científico. Foi necessário entender o que cada aluno do sertão ou do litoral se interessava e, a partir disso, desenvolver um trabalho investigativo com o apoio dos professores.

Helena Mendonça, coordenadora de tecnologia da Escola da Vila (SP), que no livro analisa a construção de jogos digitais pelos próprios alunos, comentou que a introdução de metodologias ativas demanda também uma atenção diferente para os pais, que buscam associar o que acontece na escola de hoje à sua experiência de aprendizagem. “A forma que a minha filha aprende matemática é completamente diferente daquela da que eu tive e a  conta de divisão é muito mais longa para que ela entenda todo o processo”, disse. Em outra iniciativa para conscientizar a família sobre como seria a política de um computador por aluno na escola, Helena afirma que tiveram que foi necessário criar oficinas para que os pais soubessem como poderiam ajudar os filhos nos estudos.

Para fechar o encontro, Moran lembrou que o principal desafio, mesmo entre professores que já adotam metodologias ativas, está no desenvolvimento da convivência. “Conviver, aprender junto e colaborar não é simples. O grande problema da escola é que gestores, professores e alunos não conversam profundamente (entre si). Não há uma interlocução. As técnicas são encantadoras, mas o mais difícil é o que está no entorno das metodologias ativas. O aprender a ser, o aprender a aprender uma vida que valha a pena e o aprender a conviver com as diferenças”.

***

“Metodologias ativas para uma educação inovadora” também é nome de um curso oferecido pelo Instituto Singularidades. Para maiores informações, visite o site da instituição.


TAGS

aprendizagem baseada em projetos, educação mão na massa, ensino fundamental, ensino médio, ensino superior, personalização

Cadastre-se para receber notificações
Tipo de notificação
guest

1 Comentário
Mais antigos
Mais recentes Mais votados
Comentários dentro do conteúdo
Ver todos comentários
Canal do Porvir no WhatsApp: notícias sobre educação e inovação sempre ao seu alcanceInscreva-se
1
0
É a sua vez de comentar!x