Alunos de letras aprendem neologismos em shopping center - PORVIR
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Diário de Inovações

Alunos de letras aprendem neologismos em shopping center

Com intenção de mostrar que a língua pode ser estudada em qualquer lugar, professor promoveu atividade com futuros educadores fora da sala de aula

por Marcelo Ganzela Martins de Castro ilustração relógio 16 de junho de 2016

O grupo de educadores do Instituto Singularidades tenta buscar um outro perfil de formação de professores no curso de licenciatura em Letras. Um dos eixos que a gente tenta consolidar é a exploração de diversos espaços de aprendizagem. A gente tenta fazer com que os alunos percebam que a aprendizagem também pode e deve acontecer fora das quatro paredes da sala de aula.

Se a gente pensa no nosso caso, que estamos formando professores de português, que trabalham com a língua, nós podemos trabalhar em qualquer espaço, porque a língua está em todo lugar. Então ir para uma feira pode ser um espaço pra dar uma aula, o shopping também pode ter potencial para dar uma aula. Qualquer espaço pode ter esse potencial.

A partir disso, comecei a pensar onde poderia ir com os alunos para trabalhar a formação de novas palavras.  A ideia era que, além de fazerem um estudo teórico, que eles também fizessem uma investigação de neologismos reais. Foi aí que pensamos no shopping.

A aprendizagem também pode e deve acontecer fora das quatro paredes da sala de aula

Os alunos super compraram a ideia da pesquisa de campo, e nós fomos andando até lá. Eu dei o comando a eles e, em duplas, saíram tirando fotos com seus celulares e fazendo registros. Eles fotografaram vitrines, nomes de lojas e cardápios de restaurantes. Uma hora depois, nos encontramos na praça de alimentação para compartilhar as primeiras impressões da coleta de dados.

Um dos objetivos dessa atividade era que os alunos entendessem como as palavras se formam e qual é a estrutura delas, já que estão lidando com a língua e vão trabalhar com ela, em uma concepção de que ela é viva e se transforma. É muito importante eles notarem essa transformação viva da língua para que tenham uma perspectiva do novo, da diversidade e de maior tolerância, para que não tenham um perfil muito rígido e segregador na sala de aula.

Depois, em sala de aula, os alunos verificaram se as palavras estavam presentes no dicionário ou não, e as que não estavam, foram inseridas em um glossário criado com uma ferramenta do Moodle. Cada um acrescentava um termo que encontrou nesse glossário coletivo.

Com a parte mais prática da atividade, eles perceberam que os neologismos estão vivos não só nos espaços onde normalmente as pessoas os estudam, como nos jornais e revistas. A gente foi pra outro espaço pra ver isso acontecendo.

A gente tem essa ideia de formar professores fora da caixa para que, quando forem pra educação básica, eles tenham outros referenciais

Normalmente, na maioria das instituições, o curso de letras é muito tradicional, é ler o texto em casa e chegar na aula para o professor explicar a leitura. A gente está buscando maneiras diferentes para eles perceberem os caminhos infinitos de como educar.

Os alunos ficaram encantados e muito motivados com a possibilidade de ter uma aula no shopping. A pesquisa poderia ter sido feita em revistas e jornais, como normalmente acontece. Mas eles iriam continuar ali dentro da sala de aula. Ir para um outro espaço acabou sendo mais motivante pra eles, porque havia essa intenção de mostrar que a gente pode aprender e estudar a língua em qualquer lugar.

A ideia surgiu, na verdade, de uma tentativa do curso de tentar sair da caixinha. A gente tem essa ideia de formar professores fora da caixa para que, quando forem pra educação básica, eles tenham outros referenciais.


Marcelo Ganzela Martins de Castro

Marcelo Ganzela Martins de Castro é licenciado em Letras e especialista e mestre também em Letras pela UNESP. Atuou na educação básica pública de 2002 a 2015. Atualmente, é coordenador e docente do curso de Letras do Instituto Singularidades e compõe o grupo de estudos de Educação Híbrida e Inovadora, conduzido pelo prof. Dr. José Moran.

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dispositivos móveis, ensino superior, formação inicial, uso do território

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