Alunos do RS transformam sucata em tecnologia - PORVIR
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Inovações em Educação

Alunos do RS transformam sucata em tecnologia

Na cidade de Santa Maria, projeto de inclusão digital aproveita lixo eletrônico para criar novos computadores e robôs

por Vinícius Bopprê ilustração relógio 22 de novembro de 2012

Os alquimistas chegaram, diria Jorge Ben se entrasse na sala de produção. Quem passa os olhos enxerga computadores velhos, muitos fios de cobre e vários componentes de informática: mouses, teclados, disquetes. Num primeiro momento não é possível compreender o trabalho, mas basta olhar ao redor para ver a pedra transformada em ouro, ou melhor, sucata transformada em tecnologia. Na cidade de Santa Maria (RS), localizada a cerca de 300 km da capital, alunos e professores do Cmid (Centro Marista de Inclusão Digital) se dedicam em construir computadores, robôs e até peças de arte com as doações da comunidade, com a reciclagem do lixo eletrônico e o uso de softwares livres. “A ideia surgiu da necessidade de se construir um espaço para garantir a inclusão digital na comunidade da nova Santa Marta, que é uma ocupação urbana em Santa Maria”, diz Algir Facco, coordenador do projeto.

Mas não pense que é assim tão simples. Antes de colocar a mão na massa, os alunos precisam estudar. Para isso, o centro disponibiliza cursos gratuitos para moradores da comunidade que tenham mais de dez anos. São eles: informática básica, informática avançada, robótica básica, robótica avançada, meta arte, curso de metareciclagem. Ludieli Fagundes da Silva, 15 , está matriculada em informática avançada, mas espera conseguir tempo para fazer um outro curso no ano que vem. Para ela, o apoio de seus pais foi fundamental: “Meu pai, desde o começo que eu falei que gostaria de fazer o curso, tratou de fazer minha inscrição. Com certeza devemos também aos nossos pais o sucesso de hoje em dia”, diz. Apesar de não saber exatamente qual carreira seguir, a aluna conta que deseja se aprimorar ao máximo “para estar preparada para trabalhar dentro do próprio Centro”.

crédito Divulgação / Cmid

 

Segundo Algir, apesar da eventual necessidade de comprar placas-mãe e memória para recondicionar alguns computadores, uma parceria com o Ministério Público Estadual ajuda muito na captação de material. Através dela, todos os computadores de máquinas caça-níquel que são apreendidos vão para o centro para serem aproveitados. Algir acredita que, com o uso dessas novas peças, será possível produzir até 100 computadores por ano. Mas não para por aí. O Cmid já desenvolveu até um carro, que segundo Algir, é uma das principais criações do projeto. Seus motores foram feitos com um limpador de para-brisas de um carro e uma máquina antiga de xerox, e ele pode ser controlado por notebook, controle de videogame e aparelho celular. Neste ano, alguns projetos de robótica do Cmid já participaram, por exemplo, da Campus Party, da Feira Internacional de Software Livre, do Rio+20 e do Latinoware.

Leonardo Jardim da Costa, 14, atua na área de robótica. Apesar de não receber notas adicionais na escola para fazer parte do projeto, o mais importante, para ele, é o “aprendizado e as viagens para belos lugares.” E mesmo com pouca idade, já planeja seu futuro: “Meus objetivos dentro do projeto é ir em vários eventos, aprender mais, conviver com culturas diferentes. Isso me dará uma ótima carreira na área da robótica”.


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educação mão na massa, robótica, tecnologia

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