Projeto francês revê espaços para melhorar educação
Escolas de Saint-Étienne usam soluções democráticas para desenvolver novas práticas em ambientes como biblioteca, pátio e refeitório
por Redação na Rua 28 de maio de 2015
Qual o papel dos espaços escolares nas práticas educativas? Como eles podem dialogar melhor com as propostas pedagógicas? Essas reflexões ganharam força na Prefeitura de Saint-Étienne, na França, em 2009, dando início ao Projeto Participo da Remodelação da Minha Escola (Je participe à la rénovation de mon école).
A iniciativa nasceu com a proposta de repensar os ambientes das escolas, a partir de suas estruturas e funções que cumprem, prevendo a oferta de uma educação integral, mais qualitativa e significativa para os diversos atores envolvidos. Por essa razão, professores e alunos foram convocados para, em conjunto e em diálogo, contribuir na formatação de espaços em que se sentissem contemplados.
(Re) criar
Ainda em caráter piloto, o projeto envolve cinco escolas da região – de um total de 90 existentes no território – e arquitetos que pudessem apoiar na sensibilização e reflexão da comunidade escolar sobre as melhorias possíveis em seus ambientes, como bibliotecas, áreas de circulação, pátios, refeitórios e outras dependências.
O trabalho coletivo ficaria ancorado, por um lado, nos conhecimentos técnicos dos especialistas e, por outro, na necessidade de professores e alunos de criarem com esses espaços uma relação de pertencimento, o que explica a participação deles na estruturação.
Diagnóstico espacial
O desenvolvimento do projeto aconteceu em duas fases. A inicial, de 2009 a 2010, foi realizada com três escolas de educação primária; a segunda, de 2011 a 2012, envolveu uma escola primária e uma creche. A escolha das unidades foi feita a partir de um diagnóstico estrutural que procurou evidenciar as necessidades mais urgentes. Os arquitetos, por sua vez, foram escolhidos por um júri – que contemplou também as escolas já selecionadas – de acordo com as propostas apresentadas e habilidade para lidar com crianças.
Inicialmente, a prática envolveu visitas dos grupos de arquitetos, estudantes e professores à Cidade do Design (Cité du Design), organização responsável pela gestão local do projeto, em parceria com o Espacio Sócio-cultural Boris Vian.
A metodologia também seguiu para as escolas por um período de cinco meses. Nesse tempo, os alunos puderam vivenciar oficinas ministradas pelos arquitetos e os professores, por sua vez, puderam construir propostas pedagógicas em diálogo com o conteúdo trazido por esses profissionais, de forma que o tema dialogasse também com as demandas de sala de aula. A ideia principal era que os estudantes fossem capazes de pensar a sua relação com cada espaço, dando significados a cada um deles. O projeto incentiva os estudantes a ampliar o horizonte e ir do micro ao macro, projetando essas reflexões sobre a escola para a cidade também.
Essas vivências possibilitaram diagnósticos como: “as bibliotecas e os corredores são subutilizadas”, “o pátio não acolhe as brincadeiras ofertadas”, “o refeitório é muito barulhento”. As soluções foram sendo encontradas de maneira democrática em reuniões mensais com todos os envolvidos, sempre partindo do diálogo entre a questão espacial e o design, entendido como importante ferramenta pedagógica.
Projet DESIGN – “Je participe à la rénovation… por carbone42
Local: Saint Étienne, na França
Duração: de 2009 até os dias atuais
Responsáveis: Prefeitura de Saint Étienne
Parceiros: Cidade do Design (Cité du Design), organização responsável pela gestão local do projeto, em parceria com o Espacio Sócio-cultural Boris Vian.
Principais resultados
O projeto possibilitou maior envolvimento da comunidade escolar com as instituições, a partir da percepção de que os espaços podem ser mais ou menos contributivos para o desenvolvimento de uma prática pedagógica. Nesse sentido, professores e estudantes puderam entender a importância de se estabelecer com os espaços escolares uma relação de pertencimento e identidade, sendo isso também uma experiência educacional importante.
Para além disso, o grupo pôde conhecer mais sobre as habilidades de um arquiteto e transpor essas aprendizagens para o currículo, estabelecendo uma relação mais aproximada com a vida na cidade.
Outro ganho foi a incorporação dessas experiências nas Bienais de Design que aconteceram de 2010 a 2013 na cidade de Saint Étienne.
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