Como o ensino híbrido pode apoiar o protagonismo dos estudantes? - PORVIR
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Inovações em Educação

Como o ensino híbrido pode apoiar o protagonismo dos estudantes?

A tecnologia contribui com a construção de jornadas personalizadas, mas deve levar em consideração a realidade de cada aluno – e de seus professores

Parceria com Conexia

por Ana Luísa D'Maschio ilustração relógio 28 de outubro de 2021

“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.” Nos anos 1960, o educador Paulo Freire (1921-1997) já adiantava o que hoje é chamado de personalização do ensino: não há uma única forma de aprender, tampouco um espaço fixo para isso; o processo é contínuo e pode acontecer dentro e fora da sala de aula.

“Para que haja uma jornada personalizada, é preciso que estudantes e professores estejam aptos a utilizar, de forma pedagógica, as tecnologias digitais”, explica o professor Alberto Cunha, do CLIC (Centro de Línguas, Linguagens, Inovação e Criatividade da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte). E esse caminho se cruza com o ensino híbrido. De acordo com Clayton Christensen (1952-2020), criador do conceito de inovação disruptiva, os diferenciais desse modelo educacional são justamente a personalização e o uso integrado de recursos digitais.

A expressão vem do inglês “blended learning” e traz a ideia de mistura, de uma aprendizagem que acontece em espaços alternativos, não necessariamente com a presença do professor o tempo todo, respeitando os diferentes ritmos e maneiras de aprender de cada estudante, diz Alberto. “Em virtude das nossas individualidades, precisamos desenvolver uma jornada que seja diferente dessa ideia do ensino padrão, de todos aprendendo juntos a mesma coisa ao mesmo tempo. Isso funciona cada vez menos. É preciso que se invista no aprendizado em diferentes espaços, de uma forma que cada aluno possa libertar sua personalidade, seus talentos, com criatividade”, afirma Alberto.

Personalização em todas as etapas

Localizada no Rio de Janeiro, a escola AZ Méier, parceira da Plataforma AZ de Aprendizagem, leva jornadas personalizadas aos estudantes do ensino fundamental 2 ao ensino médio. “A personalização nos ajuda muito a monitorar demandas e desenvolver nos alunos o hábito de estudo diário. No ensino médio, por exemplo, direcionamos o tempo de estudo às áreas mais importantes que fazem parte de suas escolhas, tanto no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) quanto nos principais vestibulares”, diz o diretor da unidade, Alexandre Godinho.

De acordo com a gerente de produto da Plataforma AZ, Natália Messina, contar com o apoio da tecnologia nessa fase intensa de preparação para o ingresso na faculdade é uma maneira de facilitar a organização do tempo e do aprendizado. “Quando o estudante recebe um conteúdo com curadoria, selecionado para os seus objetivos, não perde o tempo de preparação, que é precioso. Não se sente sufocado com o volume de informações”, exemplifica. A empresa conta com um aplicativo exclusivo para as escolas que integram a AZ, chamado MAPA, que oferece direcionamento para a rotina de estudos dos estudantes.

Alexandre ressalta o papel da parceria tecnológica para implementar o ensino remoto na escola. “Conseguimos nos reinventar em tempo recorde. As aulas online da plataforma foram nossas aliadas, nossos alunos conseguiram se desenvolver mesmo a distância.” Os estudantes da rede AZ também contam com itinerários formativos digitais, recebendo retornos e orientações online, além de apoio para a gestão de rotina.

Desafios e oportunidades

O modelo de aulas online durante a pandemia da Covid-19 trouxe à tona a necessidade de recorrer à tecnologia para garantir o direito à educação. Alberto Cunha, que também é apresentador do canal “Aprendiz 21 – Educação Fora da Caixa” no YouTube, acredita que o ensino híbrido é uma tendência na volta das aulas presenciais.

“Esse chacoalhar de estratégias de trabalho durante a pandemia abalou todas as estruturas da educação, fez com que todos nós tivéssemos de parar e pensar. Precisamos perceber com clareza que os estudantes aprendem muito além daquilo que é colocado dentro da sala de aula e eles buscam por esse aprendizado. Creio que o ensino híbrido veio para ficar”, afirma.

Isso significa levar para o dia a dia atividades como leituras, vídeos e criações autorais para um trabalho com as competências socioemocionais, como colaboração, criatividade e comunicação. Ou ainda, entender que a abordagem híbrida envolve muito mais que o uso do computador, abrindo espaço para que o estudante possa aprender também fora da sala, no tempo dele, sendo protagonista, buscando seu processo de aprendizado.

As competências gerais da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) também falam de trabalho e projeto de vida. “Como é que nós podemos trabalhar um projeto de vida de forma massiva, em que todos desenvolvem a mesma perspectiva? Não há como”, reforça Alberto. “Crianças e adolescentes precisam dessa personalização. Devemos oferecer a oportunidade aos nossos alunos e alunas para que, de forma mais espontânea, porém orientada, possam desenvolver tais competências tão importantes para todos nós. A aprendizagem híbrida oferece essa oportunidade”, finaliza.

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