Confira a escola vencedora do Solve for Tomorrow 2023
Crédito: Vinícius de Oliveira / Porvir

Inovações em Educação

Escola que desenvolveu creme a base de planta medicinal vence Solve for Tomorrow

Equipe de Porto Velho (RO) produziu um creme para a pele com variadas funções, entre elas a de repelir insetos vetores de doenças tropicais

por Ruam Oliveira / Vinícius de Oliveira ilustração relógio 28 de novembro de 2023

“Nanofotocream”. Este é o nome do creme feito à base de crajiru (planta medicinal brasileira encontrada na floresta amazônica e na mata atlântica) e óleo de breu. O projeto vencedor da 10ª edição do Solve for Tomorrow, desenvolvido no Instituto Federal de Rondônia – Campus Porto Velho Calama, em Rondônia, tem entre sua lista de funções proteger a pele dos raios solares, prevenir o câncer de pele e o envelhecimento precoce causado por radicais livres, além de repelir contra insetos.

O Solve for Tomorrow, programa desenvolvido pela Samsung e já na 10ª edição no Brasil, é uma iniciativa global voltada para as juventudes pensarem soluções para problemas atuais. Usando a abordagem STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), a premiação incentiva projetos de investigação científica ou tecnológica de estudantes do ensino médio de escolas públicas. 

➡️ Confira como foi a cerimônia de premiação

Impacto do programa Solve for Tomorrow

“Quanto mais a gente consegue divulgar e mostrar as oportunidades que estão aí à frente, mais a gente chama a atenção para as oportunidades e chances que os estudantes têm ao irem para a escola”, afirma Anna Karina Pinto, diretora de Marketing Corporativo da Samsung. Com isso, ela também aponta que a divulgação de projetos no ensino médio é uma maneira de combater a evasão escolar, pois possibilita apresentar a escola de um jeito melhor e mais interessante para o aluno.

Letícia Araújo, coordenadora de programas do Cenpec, também ressalta que o protagonismo jovem é outro elemento importante para a iniciativa e que participar de ações desse tipo impacta na maneira como as juventudes olham para a escola. “Um fator bem relevante é desmistificar essa ideia de que a juventude não está interessada com a escola. Quando a escola se torna um espaço atrativo e dialoga com os interesses dos estudantes, ela proporciona uma troca e uma aprendizagem significativa”, diz.

Quando a escola se torna um espaço atrativo e dialoga com os interesses dos estudantes, ela proporciona uma troca e uma aprendizagem significativa

A professora Márcia Bay, responsável pela equipe vencedora, apontou que a escola sempre trabalha com produtos naturais que, segundo ela, são negligenciados pela região. “É muita ideia que a gente troca”, conta. A docente afirma que o projeto foi inteiramente tocado pelas estudantes e elas apenas auxiliam com incentivo e orientação. 

“Nós não estamos preocupados apenas em colocar mais pessoas no mercado, mas sim em colocar pessoas pensantes que querem fazer a diferença e vão contribuir muito para o nosso país”, afirmou Minelly Azevedo, docente que também atuou na orientação da equipe. As professoras destacaram que o projeto apresentado no Solve for Tomorrow continuará em evolução e servirá como trabalho de conclusão de curso das estudantes.

“Quando a gente chega aqui e vê todo o nosso potencial e do que a gente é capaz, é realmente muito incrível”, relata a estudante Débora Ripardo, estudante do 1º ano. 

No ano passado, a escola também esteve entre as finalistas, com um projeto de biopomada para tratar leishmaniose cutânea. A equipe levou o segundo lugar na premiação.

Outros finalistas da edição 2023 do Solve for Tomorrow

O segundo lugar foi do Centro de Ensino Sabino Barros, de Penalva (MA). A escola projetou uma alternativa sustentável investigando a biomassa de aguapé, planta aquática nativa da Bacia Amazônica. Por meio desta investigação, a equipe desenvolveu um sistema de produção de biogás e biofertilizante. 

Com o projeto, eles esperam que o biogás produzido possa ser usado por pessoas da comunidade local, formada por muitos membros que ainda fazem uso de fogões a lenha para cozinhar. O professor de biologia Geovanne Muniz destaca justamente essa oportunidade valiosa que os estudantes têm para aplicar o conhecimento que adquirem em sala de aula em um contexto do mundo real.

Quando os alunos participam de atividades práticas, como investigações de campo, eles aprendem mais e se preparam para o futuro

“O projeto é de grande importância e relevância, pois trata da preocupação com a sustentabilidade e o meio ambiente”, diz Geovanne, que declara ter a preocupação constante de preparar os jovens para o protagonismo. “É importante hoje em dia, além do ensino em sala de aula, envolver o aluno ainda mais, incentivando a pesquisa e a prática. Quando os alunos participam de atividades práticas, como investigações de campo, eles aprendem mais e se preparam para o futuro”, afirma. 

Mas nem todos os professores têm essa abertura, por isso, para aqueles que ainda reclamam que os alunos não estão interessados ou não querem aprender, o professor precisa refletir sobre sua própria abordagem. “É chamar a atenção, estimular e envolver os alunos na prática, pois é fazendo que eles realmente aprendem. Essa é minha estratégia e aqui estamos com essas ideias maravilhosas. O professor precisa sair da zona e fazer, porque existe solução para tudo.”

Os estudantes do Centro de Ensino Casimiro de Abreu levaram o terceiro lugar para Tutóia, outra cidade maranhense, com o projeto “Produção de Combustível Sólido de Alto Rendimento com Cascas de Coco e Serragem”. Liderados pelo professor Lute Rafael de Souza – que também é finalista do Prêmio Professor Porvir com a elaboração de um forno solar – a equipe buscava uma alternativa ao gás de cozinha e utilizou resíduos de produtos locais, como é o caso do coco, para facilitar o acesso à energia sustentável. 

“As pessoas consomem muita água de coco, mas isso está se tornando um problema com o lixo. Daí surgiu a inquietação sobre que uso nós poderíamos dar para esse material, tanto que esse não é o único projeto desenvolvido na escola com aproveitamento da casca de coco”, descreve o professor Lute.

Os trabalhos foram desenvolvidos dentro da disciplina “Tutóia” – ao lado dos professores Naisa Mourão e André Leite –, que valoriza e usa como base pedagógica elementos tradicionais da cidade, como coco, camarão e mandioca para falar de gastronomia, empreendedorismo e pesquisa científica. Foi a partir dessa estratégia que surgiu o projeto de biocombustível sólido feito com cascas de coco e serragem.

Emocionado na conversa logo após receber o prêmio, o estudante Gustavo da Silva Araújo, integrante da equipe que produziu o biocombustível, disse que participar das atividades foi uma experiência incrível. “Nossa escola é muito boa, apoiou o projeto de forma excepcional, até parando as provas para assistir às apresentações e nos apoiando”, conta.

Atualmente no primeiro ano do ensino médio, Gustavo prontamente se interessou pelos projetos desenvolvidos na escola e se juntou ao grupo formado por estudantes de diferentes turmas. “No início do ano, criamos o projeto e, quando descobrimos que éramos finalistas, já ficamos felizes. Para mim, particularmente, já era uma grande conquista, pois viajei para São Paulo, nunca tinha andado de avião e estou feliz por estar aqui.”

SPP Sustentável: reciclando no Potengi

A equipe desenvolveu uma miniusina para reciclagem de resíduos da construção civil, com o objetivo de reutilizá-los na produção de materiais de construção sustentáveis ou direcioná-los para áreas de aterro.

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RN – IFRN – Campus São Paulo do Potengi – São Paulo do Potengi – RN

Biofábrica sustentável: produção de bioinsumos agrícolas 

Em busca de uma alternativa aos agrotóxicos e pesticidas comuns, a equipe desenvolveu uma biofábrica portátil de baixo custo, semelhante a uma caixa, para a multiplicação de micro-organismos que podem servir de bioinsumo para o combate a pragas no cultivo agrícola.

IFES – Campus Vila Velha – Vila Velha – ES

PectiVitalis: Revestimento Sustentável Anti-Desperdício para Frutos

Com o objetivo de reduzir o desperdício, a equipe desenvolveu um produto comestível e biodegradável, à base de pectina e outras fibras extraídas do maracujá, que pode ser aplicado em frutas, legumes e verduras para aumentar a vida útil desses alimentos.

Marconi Coelho Reis EEMTI – Cascavel – CE

Menção Honrosa: Silêncio consciente: alunos autistas e os ruídos em sala de aula

Com o objetivo de contribuir para um ambiente de aprendizagem benéfico para jovens autistas e conscientizar os demais estudantes sobre a importância de reduzir o volume sonoro, a equipe desenvolveu um dispositivo de monitoramento de ruídos em sala de aula.


TAGS

aprendizagem baseada em projetos, competências para o século 21, ensino médio, prêmios, protagonismo jovem, stem, tecnologia

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