Crianças com noção de espaço aprendem melhor matemática
Pesquisadores da Universidade de Chicago mostraram que brincar com quebra-cabeças pode melhorar desempenho em cálculo
por Patrícia Gomes 15 de junho de 2012
Sabe aqueles brinquedos coloridos e com diferentes formas que costuma se dar às crianças? Pois bem, que eles podem ajudar no futuro com desenvolvendo uma maior habilidade com geometria todo mundo sempre desconfiou. Mas pesquisadores da Universidade de Chicago foram além e provaram que atividades que ajudam a criar noção espacial têm estreita ligação com melhores desempenhos em aritmética e cálculo e, mais adiante, essa habilidade pode se mostrar uma ferramenta importante para quem se interessar pelas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
No estudo A Relação entre Noção Espacial e Aprendizado Numérico Precoce, publicado no periódico Development Psychology, a pesquisadora Elizabeth Gunderson testou crianças nos primeiros anos da escola e avaliou sua relação com o espaço. “Nós descobrimos que crianças com habilidades espaciais nas primeiras séries eram aquelas que apresentavam melhores desenvolvimentos no conhecimento matemático ao longo do ano letivo”, afirmou Gunderson.
A especialista e sua equipe concluíram que é importante dar oportunidade aos pequenos, o quanto antes, de entender relações espaciais e de manipular mentalmente objetos, habilidades que serão fundamentais para a leitura e compreensão de mapas e gráficos no futuro. “Esses resultados sugerem que investir na melhora do pensamento espacial da criança logo cedo pode não só ajudar a fomentar habilidades específicas para o raciocínio espacial, mas também melhorar representações simbólicas numéricas”, disse Susan Levine, especialista em aprendizagem espacial e matemática e coautora do estudo.
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores da Universidade de Chicago fizeram dois experimentos. Em ambos, usaram o teste de linha, uma atividade em que pediam para as crianças localizarem em uma reta, marcada no início com o zero e no fim com o 1.000, os números desse intervalo.
No primeiro experimento, o time aplicou o teste de linha no início e no fim do ano escolar em 152 meninos e meninas do primeiro e do segundo ano de cinco escolas urbanas diferentes. Além desse teste, os pesquisadores também propuseram uma atividade em que pediam que as crianças escolhessem a peça certa, entre quatro alternativas, que encaixaria corretamente para formar um quadrado. Os alunos com mais habilidade espacial foram os que mais evoluíram no teste de linha no ano letivo.
No segundo experimento, a equipe testou 42 crianças ao longo de três anos enquanto interagiam com os pais e familiares. Aos cinco anos e meio, fizeram um teste espacial; quando tinham um pouco mais de seis, fizeram o teste de linha; aos oito, um de cálculo. Como esperavam, as crianças com melhores noções espaciais foram melhor no teste da linha e continuaram com resultados mais expressivos no teste de cálculo. “Melhorar a noção espacial das crianças pode ter impacto positivo no futuro em disciplinas relacionadas a ciência, tecnologia, engenharia e matemática”, disse Gunderson.
Com UChicago News