Educação 2025: pesquisas revelam desafios, tendências e a realidade das salas de aula
O que as novas pesquisas revelam sobre o cotidiano escolar em 2025? Descubra os dados reais sobre IA, inclusão e bem-estar para orientar sua gestão
por Redação
23 de dezembro de 2025
Montar um raio-X da Educação em 2025 não é uma tarefa simples, mas definitiva ajuda para quem não quer navegar no escuro. Esta curadoria, baseada em uma seleção de estudos feita pelo Porvir, olha para o que está acontecendo agora dentro das nossas salas de aula.
É importante dizer: você não vai encontrar aqui apenas as tabelas do Censo Escolar ou as notas diretas do Ideb. O objetivo é outro. Tentamos olhar para o que esses índices nem sempre mostram, ou seja, o clima, as angústias, os desafios da tecnologia e a saúde mental de quem faz a escola acontecer.
Se você está planejando suas aulas, organizando o ano da sua escola ou pensando em novas políticas públicas, esses dados são o seu ponto de partida. Eles trazem o “chão da escola” e mostram “onde o calo aperta”, convidando a uma leitura sem julgamentos ou busca por culpados. Afinal, transformar a educação exige, antes de tudo, coragem para encarar a realidade de frente.
A ideia aqui é pragmática: não adianta ficar brigando com os dados ou com a realidade. O cenário está posto e ele é complexo. O convite é para usarmos essas informações como ferramentas de trabalho. Em vez de gastarmos energia negando os desafios, da IA à falta de profissionais, vamos usar esse panorama para construir caminhos que façam sentido para os estudantes e para a comunidade escolar neste ano de 2026 que começa.
Clima Escolar, violência e inclusão
Grupo reúne estudos sobre segurança física e emocional, convivência, diversidade e o sentimento de desamparo no ambiente escolar.
Nas escolas, violência de gênero segue presente e pouco discutida
Como espaço fundamental para a valorização da mulher, a escola precisa, primeiramente, identificar a ocorrência da violência de gênero em seu cotidiano. Nesse sentido, uma pesquisa recente traça um panorama nacional sobre como a comunidade escolar percebe esse fenômeno dentro e ao redor das instituições. Os resultados, porém, evidenciam a carência de protocolos e de formação adequada, o que reforça a urgência de políticas integradas que promovam segurança, acolhimento e uma cultura de equidade
Violência, exclusão, desesperança e solidão crescem nas escolas
A pesquisa revela um cenário alarmante de violência, solidão e desamparo nas escolas brasileiras. Entre o isolamento dos alunos e o esgotamento dos educadores, o estudo expõe a falta de mecanismos de acolhimento e a urgência de políticas que reconstruam vínculos, transformando o ambiente escolar em um espaço de segurança e convivência afetiva.
Escola não é segura para nove em cada dez estudantes LGBTQIAPN+
Quase 90% dos estudantes LGBTQIAPN+ não se sentem seguros nas escolas brasileiras. A pesquisa mostra que, entre agressões e falta de apoio, o bem-estar e os estudos desses jovens acabam ficando em segundo plano. O recado do estudo é claro: sem políticas de acolhimento e professores bem preparados, a escola deixa de ser um lugar de aprendizado para virar um espaço de exclusão. Precisamos urgente tirar o respeito do papel e levá-lo para dentro das salas.
Com mais alunos autistas, escolas seguem sem resposta à diversidade
O número de estudantes autistas nas escolas nunca foi tão alto, mas será que elas estão prontas para recebê-los? Dados do Censo Escolar 2024 destacaram que as matrículas dispararam, mas a estrutura não acompanhou esse ritmo. Na prática, o que vemos é um abismo: faltam profissionais de apoio, os professores não recebem treinamento adequado e as adaptações curriculares ainda são raras. O estudo deixa claro que ter a vaga garantida por lei é importante, mas para a inclusão ser real, precisamos tirar o suporte do papel e colocar investimentos de verdade no chão da escola.
‘É um equívoco não falar de racismo com crianças brancas’, diz pesquisador
Muita gente acha que não falar sobre raça com crianças brancas é uma forma de protegê-las, mas a pesquisa mostra que esse silêncio só ajuda a repetir preconceitos. O estudo deixa claro que a educação antirracista não é só para quem sofre o racismo: ela deve envolver todo mundo. Para mudar esse jogo, famílias e escolas precisam de conversas abertas e referências positivas, ajudando as crianças a entenderem, desde cedo, a diversidade e os seus próprios privilégios.
Tecnologia
Pesquisas focadas nos impactos das telas, o uso de IA e os novos desafios da alfabetização no mundo digital
Relatório analisa riscos e traz recomendações para adoção de IA na educação
Com base na visão de 100 especialistas, o Relatório HP Futures 2025 propõe que a IA na educação seja uma ferramenta complementar e ética, e não um substituto pedagógico. O documento prioriza a proteção do desenvolvimento cognitivo e a redução de desigualdades, sugerindo que a implementação nas escolas seja acompanhada de formação docente, revisão curricular e políticas de governança inclusivas.
Muita IA, pouca mediação: o novo cenário das escolas revelado pela TIC Educação 2024
Os alunos já estão usando Inteligência Artificial para estudar, mas o problema é que quase ninguém ensinou como. A pesquisa TIC Educação 2024 mostra que 70% dos estudantes do ensino médio usam ferramentas como o ChatGPT, mas só 32% receberam alguma orientação sobre isso. Sem esse apoio, o risco é que eles virem dependentes de respostas prontas, deixando de lado o pensamento crítico e a capacidade de pesquisar de verdade. O desafio agora não é proibir a tecnologia, mas aprender a usá-la de um jeito ético e seguro.
Uso excessivo de telas segue preocupando educadores em todo o país
Será que a sociedade está mais consciente a respeito do impacto das telas no desenvolvimento de crianças e adolescentes? Este questionamento motivou um dos grandes debates educacionais do ano. Segundo a pesquisa “Percepções sobre Tecnologias Digitais” (Fundação Itaú/Equidade.info), embora existam usos positivos, os estudantes têm dificuldade em se desconectar. Esse cenário reflete-se no aumento da irritabilidade, distração e conflitos em sala de aula, evidenciando o desafio de equilibrar o tempo de conexão no cotidiano escolar.
Saber ler e escrever não garante autonomia no uso do mundo digital
Saber ler e escrever já não é mais garantia de autonomia no Brasil. A nova edição do Inaf, o Indicador de Alfabetismo Funcional, mostrou que, mesmo alfabetizados, muitos brasileiros ainda têm muita dificuldade na hora de resolver a vida no digital: seja para identificar uma notícia falsa, proteger seus dados ou usar um aplicativo de serviços.
Desempenho acadêmico e qualidade do ensino
Estudos sobre avaliação (Ideb e PIRLS) e os desafios estruturais da alfabetização e responsabilidade escolar.
Quatro em cada dez alunos brasileiros do 4º ano não dominam a leitura
O Brasil participou pela primeira vez de uma das maiores avaliações de leitura do mundo e o resultado foi um choque de realidade. O PIRLS 2021 mostrou que nossa “régua” nacional pode estar baixa demais: enquanto nossas avaliações internas pintam um quadro razoável, o olhar internacional coloca o Brasil nas últimas posições. O estudo aponta que o problema vai além da pandemia; ele nasce de desigualdades sociais e da falta de um sistema que apoie o aluno de perto. O desafio agora é ampliar o rigor e transformar a leitura em um hábito real, e não apenas em uma tarefa escolar.
Mau desempenho no Ideb tem apenas um culpado?
De quem é a culpa pelo baixo desempenho no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) ? Esta pesquisa investiga o dia a dia das escolas para entender quem a comunidade aponta como responsável. O que os dados mostram é um jogo de empurra: enquanto todos reconhecem que falta infraestrutura e apoio familiar, a conta da responsabilidade nunca fecha. O estudo joga luz sobre essa tensão e defende que, para o Ideb melhorar, precisamos parar de buscar culpados e começar a construir uma responsabilidade que seja realmente compartilhada.
Saúde mental e valorização docente
Pesquisas sobre o bem-estar dos professores (censura e falta de profissionais) e a promoção da saúde mental dos alunos.
Medo e censura nas escolas adoecem professores, revela estudo nacional
A insegurança e a censura estão sufocando o trabalho dos professores no Brasil. Segundo o levantamento, o medo de represálias tem gerado um silêncio forçado em sala de aula, afetando a saúde emocional dos docentes e a qualidade do que é ensinado. A pesquisa alerta que precisamos urgente de políticas que protejam a liberdade de cátedra, garantindo que o professor tenha segurança para exercer sua profissão sem sofrer intimidações.
Unesco alerta: faltam 44 milhões de professores para meta global de educação
O mundo corre o risco de um verdadeiro ‘apagão’ na educação: faltam 44 milhões de professores para dar conta das metas globais até 2030. Segundo a Unesco (que é o braço da ONU focado em educação e cultura no mundo), os países mais pobres são os que mais sofrem com salas lotadas e carreiras desvalorizadas. O recado é urgente: sem investir em formação e salários dignos, não há como garantir que as crianças realmente aprendam.
D3E – Promoção de Saúde Mental no Contexto Escolar
Cuidar da saúde mental de crianças e adolescentes não pode mais ser uma tarefa adiada. O novo estudo da professora Vládia Jucá (UFC) mostra que a escola é o lugar ideal para esse acolhimento, mas que os professores não podem carregar esse peso sozinhos. A ideia não é apenas identificar doenças, mas criar ambientes onde o jovem se sinta seguro e ouvido. O recado é claro: promover saúde mental é fortalecer os laços entre educação, saúde e assistência social para garantir que nenhum estudante se sinta desamparado.
Sociedade, trabalho e meio ambiente
Estudos que conectam a escola a desafios externos, como a crise climática e a transição para o mercado de trabalho
Mudanças climáticas estão longe do debate escolar, aponta pesquisa
Outro assunto recorrente em 2025 foram as mudanças climáticas. Apesar de os efeitos das mudanças climáticas já afetarem diretamente a vida de crianças e adolescentes, o tema ainda está distante do cotidiano das escolas brasileiras. É o que mostrou uma pesquisa nacional realizada pela Nova Escola, em parceria com o OCE (Office for Climate Education). O levantamento revelou que estudantes, educadores e famílias reconhecem a gravidade da crise climática, mas apontam que o assunto aparece pouco nas aulas, muitas vezes de forma pontual, desconectada da realidade local e sem apoio formativo para que professores abordem o tema com segurança.
Convergências e divergências entre juventude e empregadores
Por que é tão difícil conectar jovens talentos e boas empresas? A pesquisa do PROA revela que o problema não é a falta de vontade, mas um ‘desencontro de mundos’. Enquanto jovens periféricos enfrentam uma sobrecarga invisível de falta de renda e privacidade , as empresas esperam uma maturidade pronta, sem oferecer o suporte ou a escuta necessários para construí-la. O estudo mostra que, para a conta fechar, o mercado precisa aprender a acolher a diversidade real, transformando o local de trabalho em um espaço de aprendizado, e não apenas de cobrança.





