Ensinar brincadeiras de antigamente virou trabalho - PORVIR
crédito Michel Swan/ Flickr

Inovações em Educação

Ensinar brincadeiras de antigamente virou trabalho

No dia Internacional do Brincar, conheça a história da startup que tem como missão levar cultura de raiz para crianças, em São Paulo

por Tatiana Klix ilustração relógio 28 de maio de 2013

Hoje é o dia Internacional do Brincar, mas quem ainda brinca de roda, bumba meu boi e pião nas grandes cidades brasileiras? O resgate dessas e outras brincadeiras de antigamente, repassadas naturalmente às crianças pelas famílias durante gerações, é o trabalho de uma startup preocupada em disseminá-las na cidade de São Paulo. O objetivo, segundo os criadores da Festa de Rei – Brincadeiras Culturais, é preservar a cultura tradicional brasileira a partir de atividades livres, em contato com a natureza e que estimulam a descoberta de novas experiências.

A iniciativa foi idealizada por uma dupla apaixonada por cultura popular, a administradora Beatriz Zulueta, 29, e o professor de capoeira Juarez Ferreira, 33. Eles começaram, um ano e meio atrás, promovendo oficinas gratuitas de contação de histórias, projetos musicais e atividades lúdicas. “Queríamos ver qual era a aceitação desse tipo de atividade e descobrimos que havia muito interesse de adultos e crianças”, conta Beatriz, que há um mês deixou o emprego em uma editora para se dedicar exclusivamente à Festa de Rei.

O negócio da Festa de Rei, segundo os fundadores, atende a uma demanda moderna, principalmente em famílias urbanas, em seus apartamentos. “Os pais não estão mais conseguindo estimular essas brincadeiras e resolvemos fazer isso para as crianças”, explica o professor Juarez que também atua como educador no colégio Invenções e no projeto social Sambaqui – Chão do Meu Terreiro.

A necessidade de buscar a essência do brincar na sociedade contemporânea tem sido o cerne de diversas discussões, principalmente quando se trata de atividades externas e que envolvem desenvolvimento motor e muita criatividade. O Porvir já ouviu de especialistas que estimular essas atividades é parte importante do aprendizado infantil. Leia entrevistas com Marcos Ferreira Santos, professor de Educação da USP e com a educadora Renata Meirelles.

Preocupada em promover o livre brincar, a empresa promove apresentações e oficinas de dança, teatro, leituras de poesia, brincadeiras de roda, números de circo realizados em praças, parques, livrarias, editoras e festas. Um de seus principais apoiadores, a Casa do Brincar, localizada no bairro Pinheiros, é um dos locais onde os serviços de brincadeiras também são pagos.

Empresas ou famílias podem contratar a Festa de Rei para promover atividades no local ou em outros buffets, mas mesmo nessas ocasiões Beatriz e Juarez consideram que o trabalho tem um papel social. “Não somos recreadores, mas facilitadores de uma vivência. Procuramos envolver a família e difundir valores dos quais as crianças estão muito afastadas”, explica Beatriz.

Encontro
Para julho, os profissionais da brincadeira preparam o que consideram o evento mais importante que já fizeram, o 1o Encontro Criança e Cultura, Todo Menino é um Rei, no Parque Novo Mundo, na zona Norte da capital paulista. Uma equipe de cerca de 15 profissionais promoverá números musicais (coco, forró, cavalo marinho, ciranda), de circo (equilibrismo, perna de pau, malabarismo, brincadeira em tecido e palhaço), lenda e história (conto tradicional com utilização de bonecos de manipulação), além de atividades com instrumentos percussivos, brincadeiras tradicionais (pula saco, corrida do limão, chinelão, amarelinha, pega-pega),  oficinas de brinquedos artesanais e grafite.

Para viabilizar esse encontro, para o qual a Festa de Rei espera reunir 200 pessoas, foram arrecadados R$ 5.000 via financiamento coletivo e outras doações. A ideia é que seja o primeiro de outros que percorrerão a periferia de São Paulo, mas para isso a empresa ainda busca outras parcerias e verbas públicas. “Queremos levar a cultura de raiz para o maior número de crianças”, diz Beatriz.


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brincadeiras, jogos, negócios de impacto social, uso do território

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