Ensino híbrido permite interações mais significativas - PORVIR
Crédito: André Luiz Mello

Como Inovar

Ensino híbrido permite interações mais significativas

Professor conta como a metodologia o ajuda em sala de aula e mudou sua relação com os estudantes

por Clayton Christensen Institute ilustração relógio 4 de abril de 2016

As conversas sobre ensino híbrido frequentemente se concentram em dispositivos, softwares e esquemas de disposição da classe, mas alguns dos maiores benefícios dessa metodologia são as maneiras com que ela permite aos professores terem uma interação mais rica e significativa com estudantes, pais e colegas. Muitas tecnologias de ensino híbrido e suas respectivas plataformas fornecem aos professores novas funcionalidades de comunicação para relatar melhora no aprendizado aos responsáveis pelo aluno e também para comentar redações em tempo real. Os dados guardados no software também podem ajudar professores a ter conversas mais objetivas e construtivas a respeito da curva de desempenho com estudantes e demais envolvidos.

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Neste post, eu compartilho alguns trechos da minha mais recente entrevista com um educador que usa ensino híbrido. Sean Griffin é professor de biologia de 9ª série na Summit Rainenier, uma escola de ensino médio que faz parte da rede de escolas charter Summit Public Schools (públicas com administração privada), localizada na área da baía de São Francisco, nos Estados Unidos. Ele explica como o ensino híbrido tem permitido um contato mais frequente com seus estudantes e a colaboração com seus colegas. Ele também diz como a tecnologia poderia ajudar a fortalecer o envolvimento dos pais.

Thomas Arnett: Como o ensino híbrido mudou suas práticas?
Sean Griffin: Em primeiro lugar, a tecnologia tornou mais fácil e rápido não apenas o acesso aos dados quantitativos sobre os alunos, mas também aos qualitativos, como artigos escritos por eles. Eu posso acessar uma tarefa que meus alunos estão fazendo e ver como eles usam suas habilidades cognitivas e se estão enfrentando alguma dificuldade. Anteriormente, era difícil para eu avaliar como meus estudantes estavam durante um exercício, porque eu apostava muito em pistas socioemocionais para determinar se estavam avançando ou não. Agora, eu tenho dados para apoiar minhas percepções e me mostrar como estudantes estão se saindo a qualquer momento.

Além disso, como o conteúdo é online, existem muito menos lições do tipo “pare e entregue tudo”. Nós realmente vamos mais a fundo nos temas porque nosso tempo de aula agora é direcionado para os projetos. E muitos deles possuem um lado de justiça social que os torna mais relevantes para a vida dos estudantes. Por exemplo, os alunos vão ter que responder a perguntas do tipo “Como isso o afeta? Como isso afeta o lugar onde você mora? Sua família? Sua comunidade?”. Isso faz os projetos se tornarem mais acessíveis e dá subsídios para explicar por que os assuntos que estudamos são importantes.

Para concluir, eu me sinto em contato com meus estudantes e com maior possibilidade interagir com eles. À medida em que eles trabalham em um texto, eu posso enviar mensagens com conselhos. Isso deixou meus alunos mais conscientes sobre o que devem fazer e torna mais fácil perceber queda no aprendizado. Eu posso agora ter certeza que meus estudantes estão progredindo constantemente, em lugar de apenas torcer para que eles entendam os objetivos de aprendizagem ao final do projeto ou da prova.

Thomas: Como o ensino híbrido mudou seu relacionamento com os estudantes?
Sean: O ensino híbrido permite que meus estudantes fiquem mais presentes durante a aula e facilita meu entendimento do que eles precisam para se tornar mais focados. Com alguns, tudo o que eu preciso fazer é dar instruções e informações que precisam para que trabalhem sozinhos. Outros precisam ser desafiados porque não querem fazer isso por iniciativa própria. Ao olhar para a atividade online desses alunos, eu posso notar quando eles precisam ser desafiados. E como eu não tenho que gastar tempo de aula com exposição, sobram mais oportunidades para trabalhar junto a eles e propor desafios. Porém, outros podem precisar de ajuda porque não compreenderam algo da tarefa. Com o software, eu posso ver que partes estão causando maior dificuldade antes mesmo de oferecer ajuda. A abordagem de ensino híbrido também deixa mais confortável para eles pedirem ajuda porque não se sentem pressionados a fazer perguntas diante dos colegas, como aconteceria em uma aula expositiva. Isso meio que torna o ambiente mais equilibrado e tem deixado meus estudantes mais confortáveis em participar da aula.

Thomas: O que você gostaria que a tecnologia fizesse, mas que ainda não faz?
Sean: Uma coisa que eu gostaria de ver é uma maior capacidade de falar com os pais. Da mesma maneira que eles entram no Facebook para ver como está a vida de parentes e amigos, eu quero que eles vejam o que o filho deles está fazendo, o que está acontecendo na escola e se perguntem “Como posso fazer parte disso? Como posso ter voz?”. Eu quero que eles sejam empoderados a ter um papel mais ativo no aprendizado de seus filhos, ao invés de apenas darem apoio em casa.

Thomas: Qual o maior benefício do ensino híbrido?
Sean: Eu acho que, acima de tudo, o ensino híbrido me abriu novas maneiras de me conectar com as pessoas na minha escola. Por exemplo, eu e meus colegas temos reuniões regulares em que conseguimos voltar e olhar os dados de deficiência de aprendizado e descobrir o que tem funcionado ou não para nossos estudantes. No que se refere à comunicação com meus alunos, o ensino híbrido faz com que eu me sinta empoderado e me tornou um professor mais forte. A possibilidade de interagir com os alunos é verdadeiramente a parte mais gratificante do meu trabalho.

* Texto publicado originalmente no blog do Clayton Christensen Institute por Thomas Arnett e reproduzido mediante autorização


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ensino híbrido, personalização, tecnologia

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