Ensino híbrido e stop motion tornam a aula de matemática divertida
Professora de Curitiba (PR) conta como usou o modelo de rotação por estações para ensinar números positivos e negativos com situações cotidianas
por Ellen Cristina Pereira 5 de julho de 2017
Sou professora do ensino fundamental e noto que a matemática enfrenta uma resistência natural entre os alunos. Eles acham a disciplina muito difícil e não conseguem entender os seus conceitos. Tinha essa percepção na minha turma, mas isso começou a mudar quando apliquei a metodologia do ensino híbrido dentro da sala de aula.
Desde o início do ano, os alunos estão mais empolgados com a matemática. Combinando recursos digitais e analógicos, comecei a desenvolver as aulas dentro um modelo de rotações por estações, em que eles escolhem onde e como querem estudar.
A proposta veio quando a Escola Projeto Lápis de Cor, em Curitiba (PR), começou a investir em estratégias de capacitação dos professores nessa área. Fizemos alguns cursos e percebemos que a aula organizada em estações era a que mais se encaixava na nossa escola.
Pensando na aplicação da metodologia, sempre organizo a sala em três estações de trabalho. Durante duas aulas de cinquenta minutos, a ideia é que os alunos sejam estimulados a exercitar diferentes habilidades. Enquanto uma parte da sala faz uma atividade manual, outro grupo usa tecnologia. Aqueles que estão com dificuldade ainda podem revisar os conteúdos da apostila ou do livro. Depois de quarenta minutos, eles trocam de estação com os colegas.
Para ensinar números positivos e negativos com situações cotidianas, tive a ideia de incluir uma atividade de stop motion em uma das estações de trabalho. Queria encontrar uma forma tecnológica de atrair os alunos, então pensei em estimular a criatividade deles enquanto também aprendiam conceitos matemáticos.
Na primeira estação de trabalho, os alunos tinham que criar um jogo de tabuleiro semelhante ao Banco Imobiliário. A proposta era eles montarem regras e usarem um dinheiro fictício para entenderem como aconteciam as negociações financeiras, envolvendo perdas e ganhos.
Depois de simularem negociações dentro do jogo, na estação da técnica de animação stop motion eles foram incentivados a criar uma história de aplicação da matemática financeira. Eles fizeram bonequinhos de massa de modelar e usaram peças geométricas para elaborar um vídeo que ilustrava situações cotidianas de ganho e perda de dinheiro.
Já na terceira estação, a turma ainda poderia acessar a plataforma Khan Academy para acompanhar alguns vídeos e realizar desafios. Depois de compreender melhor o conceito, eles tinham que apresentar um telejornal fictício com notícias que exemplificavam operações financeiras com números positivos e negativos. Essa atividade foi pensada para trazer um auxílio aos alunos que precisavam de mais embasamento e conteúdo.
Nos últimos minutos da aula, ainda separamos um tempo para compartilhar experiências e os resultados dos trabalhos. Eles testavam os jogos inventados pelos colegas e também apresentavam suas criações dentro de cada estação.
Percebi que essa dinâmica de aula trouxe mais motivação para os alunos. Antes eles ficavam só com apostila e caderno, não tinha um estímulo de novidade. Agora eles se sentem mais empolgados e até gostam mais da matemática.
O interessante é que, depois de começar a trabalhar com a metodologia do ensino híbrido, percebi um aumento no rendimento dos alunos. Comparando as notas com as do ano passado, eles melhoraram muito. Não mudaram apenas no comportamento, mas também em resultado.
Ellen Cristina Pereira
Professora de matemática, atua desde 2014 na educação básica, do sexto ao nono ano, na Escola Projeto Lápis de Cor, em Curitiba (PR). Estuda pedagogia no Centro Universitário Internacional - UNINTER.