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Inovações em Educação

Escola da Troca mostra que todo mundo pode ensinar

Em Nova York, pessoas oferecem aulas sobre qualquer assunto e recebem como pagamentos objetos ou serviços

por Patrícia Gomes ilustração relógio 30 de maio de 2012

Numa sala com móveis feitos artesanalmente, um menino de dez anos ensina um grupo de interessados dos mais diversos perfis a fazer cartoons. Como pagamento pela aula, ele não pede dinheiro, mas um produto feito a mão pelos seus alunos. Serve um desenho, uma comida, alguma manifestação artística, uma música. A aula foi uma das 4.200 já dadas na Escola da Troca, livre tradução de Trade School, que começou há três anos em Nova York com o objetivo de criar um espaço livre para reunir pessoas com algum tipo de talento que queiram ensiná-lo às outras.

“A Trade School é um espaço auto-organizado que funciona na base da troca. Todo mundo pode dar uma aula. Os interessados, ao se inscreverem, concordam em levar os ítens de troca pedidos pelos professores”, diz Caroline Woolard, uma das responsáveis pelo projeto. Não que as aulas sejam gratuitas, frisam os responsáveis pelo projeto, elas apenas não são pagas com dinheiro, mas com objetos ou serviços úteis. Com isso, a intenção é valorizar produtos artesanais e reforçar o princípio de que todos têm algo a oferecer.

crédito Aris Sanjaya / Fotolia.com

 

Até agora, além da aula de cartoon, já foram dadas aulas de como apreciar perfumes, de como fazer seu site aparecer primeiro nas buscas do Google, como fazer sopa e sobre música persa. “A Escola da Troca inova não apenas pelo conteúdo, que incentiva habilidades práticas, mas também pelo formato, baseado na troca e na auto-organização. Ao participar da Escola da Troca, os participantes reproduzem os valores da ajuda mútua e de sistemas alternativos de aprendizado”, afirma Caroline.

A iniciativa começou em 2010, quando Rich Watts prestou um serviço de design, mas seu cliente não tinha como pagar. Em troca, Rich pediu autorização para usar um espaço que ele possuía, sem saber direito para quê. “Nós não sabíamos o que fazer com o espaço, mas depois de um brainstorming, nós decidimos que criar um ambiente para trocar e educar era algo com muito potencial”. A semente estava plantada. No primeiro ano de funcionamento, a escola teve um mês inteiro de programação, com cerca de 30 aulas.

Escola da Troca ganhou representantes em outros estados dos EUA e chegou a países como França, Inglaterra, Alemanha, México e Singapura

A procura pela Escola da Troca foi grande. No ano seguinte, já sem um lugar para abrigar as aulas, os organizadores lançaram uma campanha de financiamento coletivo pelo Kickstarter, para conseguir dinheiro para alugar um espaço e comprar material. Com o valor arrecadado, conseguiram oferecer três meses de aula e fizeram a ideia ganhar mais corpo.

Tão grande foi a repercussão que, neste ano, a Escola da Troca ganhou representantes em outros estados dos EUA e chegou a países como França, Inglaterra, Alemanha, México e Singapura. Em Nova York, foram quatro meses de cursos dados em escolas e galerias de arte, espaços cedidos por pessoas com alguma afinidade com o projeto.

O grupo que iniciou a escola incentiva que a iniciativa seja replicada pelo mundo. Para isso, eles disponibilizam um manual em que sistematizam a missão e os valores da organização e dão orientações que vão desde como convidar professores, organizar a programação de aulas, arrecadar fundos e até como encontrar um espaço para receber alunos e professores.


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aprendizagem colaborativa, financiamento coletivo, sustentabilidade

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