Escola precisa mostrar intenção diária por educação antirracista - PORVIR
Katerina Holmes / Pexels

Inovações em Educação

Escola precisa demonstrar intenção diária de ser antirracista, diz psicopedagoga

O racismo pode acontecer de maneira não intencional, por ser estrutural no país, por isso é importante agir com intencionalidade antirracista.

Parceria com LIV

por Ruam Oliveira ilustração relógio 5 de novembro de 2021

Novembro chegou e com ele as discussões sobre racismo vão começar a aparecer. Se, por um lado, é bom que se discutam questões que envolvem as relações para educação étnico-racial, por outro, é importante que este tema não fique preso ao décimo primeiro mês de cada ano.

“Nós vimos de uma estrutura racista, então o racismo não precisa de uma intenção para acontecer”, disse a psicopedagoga Clarissa Brito no 3º congresso LIV Virtual. Diferentemente do racismo, ser antirracista requer uma intenção diária e contínua. E implementar o assunto nas escolas deve também partir dessa postura ativa.

Leia também


Mais do que o desenvolvimento de projetos, trazer esse tema para dentro do currículo trata-se do cumprimento da lei 10.639, promulgada em 2003, e que torna obrigatório o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas, além de instituir o dia 20 de novembro como Dia da Consciência Negra.

“Ser antirracista é uma escolha. Toda hora você vai [precisar] parar e pensar nas escolhas, não só no ambiente de aprendizagem. Quando a gente fala da mentalidade antirracista na sociedade, a gente está falando de qualquer ambiente que se posicione e que faça escolhas para que esse imaginário social não seja perpetuado”, apontou Clarissa.

Ser antirracista é uma escolha. Toda hora você vai [precisar] parar e pensar nas escolhas, não só no ambiente de aprendizagem.

O imaginário ao qual ela se refere é o que coloca negros e negras em posição de subalternidade e inferioridade e que reforça uma visão negativa do que é ser negro. E a escola tem papel central nesse trabalho por ser um lugar onde as pessoas ficam por tantos anos.

De fato, tirando os casos de dificuldade de acesso e permanência, o ambiente escolar é um local onde a maioria das pessoas vive e convive por muitos anos de suas vidas. Sendo assim, Clarissa aponta que isso deixa uma demanda para as escolas, que é repensar as escolhas curriculares, rever as representações e espaços de poder e quais são as narrativas que circulam por esse ambiente.

“É preciso que a escola esteja sempre buscando representatividade, que esteja ancorada nas narrativas ancestrais da população negra. É necessário que a escola esteja implicada fortemente em ressignificar o olhar que a gente tem sobre esse continente originário que é a África e pensar nossa identidade nacional afro-brasileira”, disse a psicopedagoga.

É preciso que a escola esteja sempre buscando representatividade, que esteja ancorada nas narrativas ancestrais da população negra

Ela aponta que a missão é contar, verdadeiramente, a história do país, levando em consideração a participação ativa da população negra na construção do Brasil. Isso também levando em consideração que a história negra não se trata somente de escravidão.

Incluir a comunidade

A escola é o campo de reconstrução desse movimento”, diz a psicopedagoga. E é tarefa da escola envolver toda a comunidade nesse processo. O fazer pedagógico antirracista, para Clarissa, começa nessa filosofia de que os educadores, educadoras e a comunidade escolar estejam engajados em reconstruir uma narrativa.

“É importante que a gente encontre espaço no currículo para que essa escolha antirracista apareça – deslocada do 20 de novembro. O fazer pedagógico passa pela formação dos professores e pelo letramento racial. Qual a consciência de raça que os corpos dessas escolas possuem? É importante que esse letramento racial aconteça em todos os âmbitos da escola”, diz.

A escola foi, por muito tempo, um espaço que aprofundou o racismo e deve ser, portanto, um local onde ele deve ser desconstruído. Clarissa relembra que foi na escola que o racismo científico foi perpetuado e validado. “É importante que a escola veja o lugar que ela ocupa na sociedade e pense: ‘Estamos aqui, não temos uma receita, mas sabemos que existe uma violência que entendemos que não dá mais para perpetuar'”, aponta.

Entender termos como lugar de fala, branquitude, o que é privilégio e preconceito, o que é discriminação, por exemplo, são elementos que devem ser usados em sala de aula para pensar a educação antirracista.

As discussões existem há bastante tempo, e a psicopedagoga ressalta que agora é o momento de se debruçar sobre elas de maneira mais ativa e contextualizada.

Leia mais:

6 projetos para trabalhar a consciência negra todos os dias na escola

 

 

Quer saber mais sobre educação socioemocional?
Clique e acesse

LIV

TAGS

educação antirracista, socioemocionais

Cadastre-se para receber notificações
Tipo de notificação
guest


1 Comentário
Mais antigos
Mais recentes Mais votados
Comentários dentro do conteúdo
Ver todos comentários
Marcelia leal

Ótima matéria. Precisamos transformar nossas escolas em um ambiente antirracista.

Canal do Porvir no WhatsApp: notícias sobre educação e inovação sempre ao seu alcanceInscreva-se
Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.