Esportes para trabalhar metas do milênio da ONU

Professores do México utilizam jogos, atividades físicas e desportivas como parte do currículo, para trabalhar com seus alunos de 6 a 14 anos conteúdos baseados nos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU. De forma lúdica, crianças de quase 200 instituições de ensino fundamental – principalmente abrigos, centros de desenvolvimento infantil e lares que acolhem crianças em situação de rua – aprendem conteúdos sobre prevenção de doenças, cidadania, igualdade de gênero, meio ambiente e cultura nacional. A iniciativa é realizada pela ONG Deport-es para Compartir (Esportes para Compartilhar, em tradução livre) que tem o apoio da Associação Mexicana para as Nações Unidas.

Até agora, mais de 40 mil crianças, a maioria de regiões rurais, já foram beneficiadas com a iniciativa, que há quatro anos se expande para diversas cidades mexicanas.  A ONG se articula com as escolas pra que os temas e as atividades passem a fazer parte do currículo dos alunos. “O objetivo é desenvolver conceitos que normalmente são abstratos e difíceis de serem aprendidos com métodos de ensino tradicionais. Os jogos vivenciais e suas reflexões permitem transmitir esse tipo de conteúdo”, explica Pablo Rodríguez, um dos membros do Deport-es para Compartir.

Jogando, as crianças adquirem o espírito de equipe, entendem melhor questões de gênero e até mesmo a corrupção. “Todas as atividades enfatizam de forma implícita ou explícita a importância da igualdade de gênero. A partir do ‘jogo limpo’, por exemplo, elas também entendem a importância de combater a corrupção e a necessidade de não serem individualistas.” Paralelamente, as crianças garantem um estilo de vida mais saudável. Segundo dados divulgados neste ano pelo governo do país, o México ocupa o 2^o lugar em obesidade infantil no mundo, com cerca de 60% da população acima do peso.

Na prática, o programa perpassa cinco momentos. O primeiro deles é a  capacitação de professores por meio de um treinamento em que aprendem a trabalhar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio via jogos e atividades esportivas. Na segunda etapa, os educadores vão para a sala de aula com a missão de empoderar as crianças para que repliquem o que aprenderem em suas comunidades.  “O programa forma embaixadores comunitários, crianças que se sentem confiantes para ajudar nas ações em suas regiões”, afirma Rodríguez.

Outro momento inclui os pais no processo educativo. As reuniões de classe se tornam sessões em que eles também passam a participar das atividades e a conhecer melhor o programa. Na etapa seguinte, são os esportistas profissionais –  lutadores de taekwondo, judocas ou atletas –, que visitam as escolas. Dentro da sala de aula, eles contam sobre seu cotidiano e estimulam nos estudantes o espírito de superação e autoestima. Fora da escola, os atletas levam as crianças para praticar diferentes esportes. “Aqui no México, é preciso mudar a percepção de que apenas o futebol pode ser usado como ferramenta de integração”, garante Rodríguez.

O último momento do programa é a troca da “caixa do tesouro”, uma caixa com desenhos, cartas e artesanatos feitos pelos estudantes, que é enviada a escolas de outras comunidades. “Essa experiência de receber e compartilhar gera um sentido de pertencimento entre as crianças que têm basicamente a mesma idade, mas que moram em regiões diferentes”, afirma Rodriguez.

Veja vídeo sobre o programa no estado de Yucatán, no México, em espanhol:

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