Ferramenta do CIEB para diagnóstico de adoção de tecnologia educacional será usada em 38 países - PORVIR
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Inovações em Educação

Ferramenta do CIEB para diagnóstico de adoção de tecnologia educacional será usada em 38 países

Acordos com o programa ProFuturo, da Fundação Telefônica, e com instituição da Costa Rica permitem que governos identifiquem o nível de competências digitais de escolas e educadores para um desenho mais efetivo de políticas públicas

Parceria com CIEB

por Vinícius de Oliveira ilustração relógio 26 de outubro de 2020

Entender a visão de educadores e gestores escolares a respeito da tecnologia e saber como acontece o uso de ferramentas digitais é uma demanda urgente de todos os formuladores de políticas públicas. No mundo pós-pandemia, essa necessidade é ainda maior, porque o ano letivo de 2020 exacerbou as desigualdades educacionais.

Para ajudar nesta tarefa, o Guia EduTec, ferramenta que diagnostica justamente como escolas adotam tecnologias desenvolvida pelo CIEB (Centro de Inovação para Educação Brasileira), será exportado para 38 países por meio de acordos com o programa ProFuturo, da Fundação Telefônica. Na Costa Rica, um outro acordo, com a Fundación Omar Dengo, já permitiu que mais de 19 mil professores tivessem um raio X sobre como podem enriquecer suas aulas a partir da adoção de recursos digitais.

“Os acordos de cooperação estabelecidos com o programa ProFuturo e com a Fundación Omar Dengo nos dão a possibilidade de ampliar a visibilidade e o alcance de nossas iniciativas, fortalecer o ecossistema de inovação educacional do mundo e, finalmente, exercer influência sobre políticas públicas educacionais de dezenas de países”, disse Gabriela Gambi, gerente-executiva do CIEB.

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A sinergia resultante do acordo com o ProFuturo também pode trazer benefícios para as soluções oferecidas atualmente para o ambiente brasileiro. De acordo com Gabriela, a negociação envolve a transferência de tecnologia e, possivelmente, adaptações e desenvolvimento de novas funcionalidades.

Para Lúcia Dellagnelo, diretora-presidente do CIEB, os parceiros internacionais terão à disposição funcionalidades que já foram amplamente testadas, o que permite avançar mais rápido para a fase de implementação dos programas.

“Além da vantagem da segurança, esse histórico permite às organizações acelerar o prazo de implementação de suas ações. A fase de testes, de realização de projetos-piloto, foi eliminada em ambos os projetos”, explica Lúcia. Lançado no ambiente educacional brasileiro há quatro anos, o Guia EduTec recentemente passou por um período de sete meses para adaptação e abertura do código.

O Guia EduTec é baseado no conceito “four in balance” (“quatro fatores em equilíbrio”), no qual o uso eficaz das TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) na educação depende da existência de quatro elementos em equilíbrio: visão estratégica e planejada para a incorporação das TIC no currículo e na prática pedagógica; recursos pedagógicos digitais; infraestrutura adequada (equipamentos e conectividade); e, finalmente, equipe capacitada para fazer uso dessas tecnologias. (Para saber mais, visite o guia Tecnologia na Educação, do Porvir)

Segundo Lúcia, as avaliações podem ser feitas continuamente por educadores e escolas a fim de monitorar a evolução do quadro dentro da rede escolar, entender suas prioridades e, finalmente, traçar um plano de inovação e tecnologia.

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EduTec em 38 países
O acordo entre CIEB e Fundação Telefônica prevê a adoção por 38 países da América Latina, Caribe, África e Ásia, que recebem o Programa ProFuturo. Recentemente a iniciativa que leva educação digital a crianças e jovens, além de formações para educadores, recebeu o Prêmio UNESCO-Hamdan bin Rashid Al-Maktoum.

“Tínhamos como plano ter uma ferramenta que nos permitisse entender melhor o professor para que os nossos programas possam ser mais efetivos”, diz Mila Gonçalves, gerente de programas sociais da Fundação Telefônica Vivo.

Como pano de fundo, está o desejo de levar inovações para os diferentes países de maneira mais rápida. “A gente viu nas últimas décadas como escolas inovadoras começaram como uma única iniciativa e conseguiram ter um efeito polinizador. Uma das maiores riquezas que o ProFuturo tem é essa possibilidade de alcançar um leque de experiências ao mesmo tempo”, afirmou.

Atualmente, o Guia EduTec passa por um trabalho de tradução para quatro idiomas. A expectativa é que no primeiro semestre de 2021 todos os países consigam realizar os diagnósticos, um trabalho que, claro, depende do controle da pandemia.

Autoavaliação na Costa Rica
Na Costa Rica, a Fundação Omar Dengo, que desde 1988 atua ao lado do Ministério da Educação local para desenvolver programas de tecnologia educacional para escolas públicas, firmou acordo com o CIEB que permitiu acesso a 19 mil professores à ferramenta de Autoavaliação de Competências Digitais de Professores(as). No Brasil, mais de 62 mil educadores já fizeram o teste.

Magaly Zúñiga Céspedes, diretora de pesquisa e avaliação da Fundação Omar Dengo, diz que em seu país a conectividade nas escolas ainda é um problema que dificulta a experiência de professores e alunos. “São poucas as escolas com 10 Mbps (Megabits por segundo), a maioria tem 2 Mbps ou menos”, diz.

Outro grande desafio, assim como acontece no Brasil, é a formação de professores para o uso pedagógico de tecnologia. “Temos uma disparidade na formação inicial de professores. A grande maioria dos professores de ensino fundamental ou médio não têm um nível adequado de competências digitais. Ou seja, tem um conhecimento básico que os permite usar Google, PowerPoint ou redes sociais como Facebook ou WhatsApp em nível pessoal.  E quando adotam tais ferramentas durante a aula, o fazem de maneira tradicional, como uma transmissão de conteúdo”.

Assim como no Brasil, Magaly descreve que na Costa Rica as aulas remotas demandaram que professores usassem a tecnologia de maneira mais constante, um movimento que também evidenciou um nível baixo de competências digitais.

Neste sentido, a ferramenta de Autoavaliação de Competências Digitais de Professores(as) acabou sendo um facilitador. “Já estávamos trabalhando na elaboração de um marco de habilidades digitais que fosse útil para guiar os programas de formação profissional da fundação, mas não tínhamos ferramentas digitais”, afirma Magaly. “Conhecíamos os padrões europeus, dos Estados Unidos e da Unesco. E quando vemos o que está inserido na ferramenta do CIEB reconhecemos tudo o que é necessário para desenvolver as competências digitais de professores”.

Para a representante da Fundação Omar Dengo, entre as várias habilidades que os professores locais precisam melhorar está a visão mais clara sobre como a tecnologia pode enriquecer suas aulas, ao mesmo tempo que saibam como fazer um uso crítico e escolher recursos mais apropriados para o contexto de aprendizagem. “Eles precisam conhecer bons exemplos de transformação em todas as matérias, com os mais variados conteúdos. Enquanto não sentem esse vínculo entre seu trabalho e a tecnologia, não veem a necessidade de mudar e experimentar algo diferente”.

Com os resultados a autoavaliação de professores em mãos, a Fundação Omar Dengo e o governo da Costa Rica devem publicar em 2021 um relatório sobre avanços e deficiências sobre as competências digitais de professores que vai nortear a criação de futuras políticas públicas. Também estão previstas reuniões entre as diferentes autoridades educacionais para a discutir os resultados de cada região administrativa e dar início a novos programas de formação baseados em evidências.

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