Fórum Econômico Mundial lança rede de iniciativas educacionais inovadoras - PORVIR
Crédito: Santi Vedri/Unsplash

Inovações em Educação

Fórum Econômico Mundial lança rede de iniciativas educacionais inovadoras

Com presença da RBAC (Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa), Education 4.0 Lighthouse reúne programas e experiências capazes de inspirar e desenvolver transformações nos sistemas educacionais pelo mundo

por Redação ilustração relógio 23 de janeiro de 2023

Durante o Fórum Econômico Mundial, evento realizado em Davos, na Suíça, ao longo da última semana com a presença de líderes empresariais, políticos, acadêmicos e outras personalidades, foi anunciada a criação da Education 4.0 Lighthouses (Faróis da Educação 4.0, em tradução livre), rede de programas e experiências educacionais inovadoras. O grupo de 16 instituições se destaca por promover transformações educacionais necessárias para a chamada 4° Revolução Industrial ao adotar abordagens inovadoras e colocar o aluno no centro do processo de aprendizagem.

Entre as iniciativas selecionadas está a RBAC (Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa), uma organização parceira do Porvir. “Integrar esta comunidade é um grande reconhecimento do trabalho que estamos construindo com a Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa no Brasil e representa a valorização da aprendizagem criativa como saída para as redes públicas de ensino, escolas e professores enfrentarem os desafios da educação do futuro. Esperamos que a nossa rede possa colaborar e aprender com os outros selecionados”, diz Leo Burd, diretor executivo da RBAC e pesquisador no MIT Media Lab, nos Estados Unidos.

As instituições escolhidas pelo Fórum Econômico Mundial vão participar de uma comunidade de práticas, integrar reuniões e eventos com grandes lideranças do setor público e privado, além de ganhar reconhecimento e visibilidade por meio da rede, da mídia e de eventos internacionais. 

A iniciativa parte do pressuposto que, à medida que a globalização e os rápidos avanços tecnológicos transformam o espaço cívico e o mundo do trabalho, os sistemas educacionais se tornam cada vez mais desconectados das realidades e necessidades de economias e sociedades globais. Em diferentes contextos, as 16 iniciativas listadas abaixo realizam esforços para oferecer a crianças, adolescentes e jovens habilidades necessárias para um mundo mais inclusivo. Confira um resumo dessa atuação: 

Aprendizagem personalizada e individualizada

Aprendré Programando, Ministério da Educação de Buenos Aires e AWS, Argentina – 13.000 alunos, com estudantes de 10 a 18 anos

Aprendé Programando é uma iniciativa realizada em Buenos Aires (Argentina) que apresenta a programação e tecnologia a crianças e adolescentes. A Amazon Web Services fornece material didático sobre computação em nuvem por meio do acesso ao programa AWS Educate. Todos os participantes podem acessar os cursos em uma plataforma online sem nenhum custo. Eles têm acesso a mentores, bem como a espaços de conversa com profissionais do setor de TI. Para facilitar o acesso, foram montados laboratórios em toda a cidade. Cada aluno que conclui o Aprendé Programando recebe um diploma de certificação concedido pelo Ministério de Educação da Cidade de Buenos Aires.

Inverse Inclusion, Fundación ICAL, Colômbia – 2.700 alunos, com estudantes de 3 a 17 anos

A Fundación ICAL desenhou um modelo de educação que reúne crianças com deficiência auditiva e cognitivas com alunos sem deficiência por meio da aprendizagem Montessori. As salas de aula são geralmente compostas por 72% de alunos surdos e 28% de ouvintes, todos provenientes de comunidades de baixa renda. Uma combinação de aulas virtuais e presenciais apoia o aprendizado da língua de sinais e do oralismo, com o objetivo de oferecer aprendizado personalizado e de qualidade, promover a inclusão e cultivar o respeito mútuo desde cedo. A escola também se aproxima de famílias por meio de um programa de atendimento individualizado que lhes permite refletir e aprender sobre estratégias ideais para apoiar seus filhos. 

Expedition 21st Century Skills, Menon Skills AG; educadores e Cantão de Zug, Suíça – 11.500 estudantes de 4 a 15 anos

O Expedition 21st Century Skills tem o objetivo de redefinir como as habilidades dos alunos são avaliadas e certificadas. A Menon Skills AG – uma empresa privada que atua no desenvolvimento de competências – colaborou com o Cantão (região administrativa) de Zug e 1.700 professores para, de forma colaborativa, levar uma estrutura e um software que permite aos professores ir além das avaliações escritas e incorporar feedback (retorno avaliativo), autoavaliação e avaliações entre pares para acompanhar o progresso em relação a habilidades, como criatividade, pensamento crítico e empatia.

iamtheCODE 1 Million Women Coders, iamtheCODE e Skillsoft, Quênia, África do Sul, Brasil, Reino Unido e Senegal – 8 escolas, com estudantes de 16 a 18 anos

Esta parceria entre iamtheCODE e Skillsoft planeja atingir 1 milhão de mulheres em comunidades vulneráveis com habilidades digitais até 2030. Na plataforma digital disponível nos maiores campos de refugiados da África, estudantes têm acesso ao aprendizado online e offline. O currículo se concentra no ensino de quatro linguagens de programação básicas (HTML, CSS, JavaScript, Python), bem como no desenvolvimento de habilidades em bem-estar, design, inovação, liderança e empreendedorismo. A carga horária é de 12 semanas, com foco em aumentar a empregabilidade das mulheres jovens.

Entrepreneurial Skills Pass, JA Worldwide e Comissão Europeia, presente em 50 países – 9.026 escolas, com estudantes de 16 a 18 anos

O JA Entrepreneurial Skills Pass é uma certificação internacional desenvolvida com o apoio da Comissão Europeia para estudantes que adquirem conhecimentos para montar uma startup por meio do JA Company Program. O programa abrange todos os componentes do empreendedorismo (conhecimentos, habilidades e atitudes) com uma avaliação baseada em competências para que alunos reflitam sobre seu próprio progresso, e oferece um certificado final que atesta conhecimentos teóricos e práticos sobre conceitos do mundo dos negócios. O programa envolve o setor privado na elaboração de treinamentos e na cessão de profissionais voluntários que atuam como mentores e formuladores de materiais didáticos.

Learning Passport, Microsoft e Unicef, presentes em 27 países – 9.000 escolas e 3 milhões de estudantes de 0 a 18 anos

O Learning Passport é uma plataforma educacional e um ecossistema de suporte que visa apoiar o aprendizado em qualquer lugar, a qualquer hora. Ele pode ser adaptado para atender às necessidades específicas de alunos e educadores e pode ser entregue com ou sem internet. A plataforma trabalha em estreita colaboração com parceiros do setor privado para apoiar a implementação do programa em todo o mundo. O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) trabalha lado a lado com especialistas em tecnologia da Microsoft para adaptar e melhorar a plataforma tecnológica que sustenta o programa, utilizado de diversas formas para apoiar crianças, jovens, professores e pais no acesso a currículos formais de ensino fundamental e médio; desenvolver habilidades de adolescentes; treinar e capacitar professores; apoiar a educação infantil; e oferecer recurso para apoiar a educação de meninas.

Riconnessioni, Fondazione per la Scuola e setor privado, Itália – 300 escolas, com estudantes de 4 a 15 anos

Riconnessioni é um programa de inovação digital para os sistemas educacionais na Itália, conectando escolas à banda larga de fibra ótica, envolvendo professores em trilhas de desenvolvimento profissional e promovendo um uso consciente e crítico da tecnologia da informação no ensino e aprendizagem. Além disso, também atua pela aproximação entre pesquisa, inovação e escolas. O objetivo é inovar na infraestrutura e nas práticas pedagógicas para que todos possam se tornar aprendizes ao longo da vida. Os resultados mostram que as ações da Riconnessioni ampliaram em 10% as competências digitais dos professores. O projeto trouxe ainda efeitos mais visíveis nas competências dos alunos do ensino fundamental do que nas de alunos do ensino médio.

Watch, Play, Learn, Sesame Workshop, BRAC, Save the Children, Universidad de los Andes, CODEC, UNHCR e outros, Bangladesh, Colômbia e Quênia – 3 escolas, com estudantes de 3 a 8 anos

A Sesame Workshop criou o Watch, Play, Learn (Assista, Jogue, Aprenda, em tradução livre) — uma biblioteca de vídeos educacionais testados globalmente, projetados para oferecer oportunidades lúdicas de aprendizagem precoce para crianças em todos os lugares, especialmente aquelas afetadas por conflitos e crises. Os vídeos são projetados para promover habilidades em quatro domínios: matemática, ciências, aprendizado socioemocional e saúde e segurança. O desenvolvimento do currículo Watch, Play, Learn foi fundamentado em rigorosa pesquisa formativa e consulta com um conselho global de especialistas em desenvolvimento na primeira infância, incluindo o Harvard Center on the Developing Child, NYU Global TIES for Children, a Fundação LEGO, Unicef e outros provedores de serviços diretos, para garantir qualidade e relevância aos contextos locais. Os vídeos podem ser combinados com materiais didáticos adicionais disponíveis para ajudar a contextualizar o aprendizado.

Aprendizagem baseada em problemas e colaborativa

Climate Action Project, Take Action Global, National Geographic, Jane Goodall Institute, NASA, WWF e outros, presente em 149 países – 15.718 escolas; 2,7 milhões de estudantes, de 4 a 18 anos

O projeto visa combater as mudanças climáticas por meio da educação, capacitando 1 bilhão de estudantes a agir por um ambiente mais limpo até 2030. Ele oferece um programa gratuito de seis semanas que permite que professores e alunos colaborem em tópicos ambientais. O projeto visa habilidades importantes como criatividade, empatia, resolução de problemas do mundo real, colaboração e pensamento crítico. Além disso, permite que estudantes troquem ideias com salas de aula que trabalham em projetos climáticos de todo o mundo.

Digital Egypt Cubs Initiative, Ministério das Comunicações e Informações de Tecnologia e companhias de tecnologia, Egito – 3.000 estudantes por ano, de 12 a 17 anos

A Digital Egypt Cubs visa desenvolver habilidades de tecnologia da informação e comunicação entre os jovens egípcios. Embora o programa seja totalmente financiado pelo governo, foram assinados 10 memorandos de entendimento com empresas de tecnologia (incluindo Cisco, IBM, VMware, Valeo, AWS, Vodafone for Community Development, Microsoft, Google, Dell Technologies e Huawei) para produzir e entregar um currículo de treinamento abrangendo diferentes ciências tecnológicas. Por meio dessas parcerias, os alunos também podem participar de concursos e visitas de campo a empresas.

Leap Forward, Pratham Education Foundation, Proctor and Gamble, XTX Markets, ITC Limited, HDFC led HT Parekh Foundation, Índia – 45.000 escolas, com crianças de 3 a 8 anos

O Leap Forward (avance, em inglês) visa melhorar os resultados das crianças em alfabetização, letramento numérico, habilidades físicas e sociocomportamentais, fortalecendo a família e a participação da comunidade. O Pratham, fundo de caridade indiano, acredita que criar uma criança é responsabilidade de toda a comunidade e, portanto, envolver todas as partes interessadas no ecossistema dela durante os primeiros anos é fundamental para seu desenvolvimento integral. A iniciativa envolve vários atores responsáveis por crianças, incluindo pais (especialmente mães), voluntários da comunidade, professores e trabalhadores de escolas rurais na Índia por meio de treinamento e recursos gratuitos. A pedagogia enfatiza o uso de material em jogos e impressos para guiar o ensino. A Pratham recebe aporte financeiro do setor privado para conduzir o Leap Forward e alavanca parcerias desse segmento para recursos.

World Series of Innovation, NFTE (Network for Teaching Entrepreneurship) e setor privado, presente em 19 países – 300 escolas por ano, com estudantes de 13 a 24 anos

A World Series of Innovation  é uma competição online de ideias de negócios baseada em projetos que desafia jovens de 13 a 24 anos em todo o mundo a considerar e criar soluções para os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU. A competição conecta equipes de estudantes e treinadores voluntários. Esta experiência global de empreendedorismo convida os jovens a debater ideias para produtos, serviços ou iniciativas que possam promover os ODS e ajudar a resolver alguns dos maiores desafios que a humanidade enfrenta hoje. Como parte de sua apresentação, os alunos devem identificar seu público-alvo, explicar o problema do cliente, qual é sua proposta e o modelo de negócios. O setor privado desenvolve os desafios em colaboração com a equipe do programa, oferece voluntários e para fomentar os projetos dos estudantes.

Aprendizagem ao longo da vida e centrada no estudante

Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa, Brasil – 10.820 escolas, com estudantes de 7 a 18 anos

A RBAC (Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa) é um movimento que implementa práticas educacionais lúdicas, criativas e relevantes em escolas e espaços não formais de aprendizagem em todo o Brasil. É uma pedagogia que estimula um aprendizado mais exploratório, apoiando o desenvolvimento do pensamento criativo, da curiosidade e do espírito inventivo dos alunos. A rede incentiva a aprendizagem criativa por meio de eventos locais, regionais e nacionais, como Festivais de Invenção e Criatividade, Scratch Days e a Conferência Brasileira de Aprendizagem Criativa. O projeto também realiza ações em centros regionais e forças-tarefa, além de criar materiais de apoio. O setor privado é um parceiro de implementação que apoia as iniciativas, especialmente por meio da gestão financeira.

Financial Education Initiative, Teach for All, Credit Suisse, Aflatoun International, Cambodja, Colômbia e Uganda – 50 escolas, com estudantes 13 a 18 anos

A Teach For All e o Credit Suisse se uniram para resolver as lacunas de alfabetização financeira, principalmente entre as populações vulneráveis, e fornecer um currículo de educação financeira de qualidade em escolas públicas com poucos recursos na Colômbia, Uganda e Camboja. A iniciativa forma professores para apoiar os jovens no aprendizado de orçamento doméstico, poupança, avaliação de riscos e recompensas e negociação, com foco exclusivo nas meninas. Os professores de cada um desses países passam por curso intensivo e orientação contínua para implementar um currículo contextualizado de educação financeira que desenvolve nos alunos conhecimento, habilidades e mentalidade para tomar decisões conscientes e capacidade para se envolver nos aspectos sociais e econômicos mais amplos da sociedade.

Play Labs, BRAC e LEGO Foundation, Bangladesh, Uganda e Tanzânia – 400 escolas, com estudantes de 3 a 5 anos

Os BRAC Play Labs são centros de aprendizado infantil de alta qualidade e baixo custo para crianças de três a cinco anos. Criado em parceria com a Fundação LEGO, o modelo baseado na comunidade centra o aprendizado em torno da brincadeira para apoiar o desenvolvimento da linguagem motora, cognitiva e socioemocional das crianças. O currículo incorpora brincadeiras físicas, canções e rimas, histórias, dança e arte como ferramentas de aprendizado e envolve cuidadores e integrantes da comunidade na elaboração de materiais lúdicos de baixo custo, culturalmente relevantes para apoiar o desenvolvimento das crianças. Projetado para ser escalável em contextos de poucos recursos, o BRAC atualmente opera uma rede de Play Labs em Bangladesh, Uganda e Tanzânia.

Al Ghurair Young Thinkers Program, Abdulla Al Ghurair Foundation, Arizona State University, Ministério de Recursos Humanos dos Emirados Árabes Humanos e Emiratisation – 40 escolas, com estudantes de 13 a 18 anos

O Al Ghurair Young Thinkers Program é uma plataforma digital projetada para apoiar jovens árabes na tomada de decisão sobre educação e emprego. No projeto, o setor privado é constantemente consultado para identificar lacunas de habilidades e áreas de desenvolvimento necessárias. A Fundação Abdulla Al Ghurair usa esse retorno para projetar novos cursos de desenvolvimento de habilidades profissionais e socioemocionais, atualizar mentores com as informações mais recentes que podem ser relacionadas aos usuários e gerar conteúdo sobre o mercado de trabalho e habilidades do futuro que os jovens devem conhecer.


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competências para o século 21, empreendedorismo, ensino fundamental, ensino médio, ensino superior, tecnologia

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