Galeria de SP cria atividades educativas a partir de exposições de arte - PORVIR
Divulgação: OMA Galeria

Como Inovar

Galeria de SP cria atividades educativas a partir de exposições de arte

Como uma forma de incentivar o gosto pela arte, OMA Galeria dá dicas de abordagens educativas para exposições

por Maria Victória Oliveira ilustração relógio 6 de setembro de 2016

Não mexa em nada, fale baixo e só olhe. Visitas escolares a museus são cheias de regras, podem durar horas e ser um tédio para estudantes, mas a OMA Galeria, localizada na região do ABC, em São Paulo (SP), busca mudar essa relação impessoal com a arte.

Fundada em 2013, a galeria começou suas atividades em três frentes. Uma que cuidava do comércio de obras, outra, chamada OMA Arquitetura, era voltada aos arquitetos, grandes consumidores de arte para seus clientes, e uma terceira, a OMA Cultural, trabalha com a formação para o público que frequenta o espaço. Mas, logo a galeria começou a receber muitas turmas escolares e a demanda levou à criação de outra iniciativa, a OMA Educação. A ideia desse quarto braço é proporcionar uma experiência personalizada para diferentes públicos. “A cada nova exposição na galeria, nós elaboramos um plano educacional, com metodologias para trabalhar aquele assunto artístico de forma educativa”, detalha o galerista Thomaz Pacheco.

Segundo ele, essa ação possibilita que uma exposição sobre sexualidade seja trabalhada com a exploração da diferença entre o corpo do homem e da mulher para o público infantil, ou com métodos de prevenção para adolescentes. “Normalmente, a gente percebia que o professor queria vir até a galeria e propor releituras das obras. Mas isso acabava não sendo atraente pros alunos”. A saída é, de acordo com Pacheco, dar sugestões de atividades alternativas aos educadores, como trabalhar arte em educação física a partir do movimento.

oma galeria crop 01Divulgação: OMA Galeria

O trabalho de fazer uma ponte entre arte e educação é realizado pela equipe da galeria de forma passiva, sem bater nas portas das escolas para oferecer as soluções. Caso professores e diretores se interessem pela iniciativa, entra outra ação da galeria: elaborar atividades orientadas às necessidades dos colégios. “O que tem acontecido bastante é os professores nos procurarem, aí nós fazemos a orientações deles para replicarem dentro de sala de aula. Se solicitado, a gente também vai até as escolas”.

Uma dessas iniciativas foi realizada com um curso EJA (Educação de Jovens e Adultos) de São Bernardo (SP). Além da educação formal, os alunos receberam também um curso profissionalizante. A diretora do curso procurou a galeria com o objetivo de receber uma ajuda na disciplina “formação integral do ser”. Para contemplar o objetivo de ensinar sobre responsabilidade social, a galeria propôs uma atividade com um fotógrafo.

Segundo Pacheco, a primeira aula da atividade consistia em refinar o olhar. “Nós perguntamos o que era fotografia e qual era sua função. Os alunos citaram que é um retrato, uma imagem congelada. Em seguida, perguntamos da foto na identidade de cada um, então chegaram a conclusão que a sua foto é sua identidade”.

Depois, a turma passou para uma análise das fotos produzidas pelo fotógrafo. Apesar de se dedicar a clicar momentos descritos como “melancólicos”, ele dá um novo significado para a foto ao literalmente costurar a imagem. “Nós entregamos câmeras aos alunos e saímos para fotografar. Depois, falamos para eles interferirem nas fotos com a costura. No último encontro, a gente fez uma leitura dos trabalhos, como se as fotos fossem as obras de arte”. O projeto foi concluído com a organização de uma exposição na própria escola com o trabalho dos mais de 200 alunos que participaram da atividade.

oma galeria crop 02Divulgação OMA Galeria

Nesse contexto, Pacheco defende que, para tocar os alunos, é preciso explorar melhor o conteúdo de artes, usando múltiplas linguagens e uma abordagem mais atrativa. “O que a gente tenta fazer é desconstruir um pouco a forma tradicional de trabalhar a arte e tornar uma experiência agradável”. O galerista afirma ainda que todo o conteúdo educacional é pensando em conjunto com a arte educadora Letícia Barrionuevo, que é pós-graduada em arte-educação em museu e uma das idealizadoras do OMA Educação.

Apesar de fazer parte de uma iniciativa privada, ele acredita que o investimento na cultura deve vir de todos os lados. “As pessoas ainda não entendem a cultura e a arte como algo fundamental. Existe um longo caminho a percorrer para que isso deixe de ser um luxo para poucos e passe a ser encarado como identidade, como algo básico pra todo mundo”.


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educação infantil, educação mão na massa, ensino fundamental, ensino médio

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